31 de outubro de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

O Corpo da Virgem Santíssima Livre de Concupiscência


Parte 4/4

Quantos jovens e quantas jovens sentem esta mesma luta de Agostinho. Cinema, leituras, conversas, despertaram muito depressa a concupiscência; e foi-se muito longe, mais longe do que a própria jovem podia suspeitar. Esta jovem por acaso envergonha-se de si mesma. Queria voltar para trás. O vício é tão degradante! A pureza é tão formosa!
À vista de sua alma apresenta-se a Virgem Imaculada e com ela sob o seu manto, tantas jovens inocentes, puras, alegres, e a Virgem Santíssima estende os braços para aquela filha extraviada para a atrair ao seu regaço e diz-lhe: "o que fazem estas tuas irmãs não o podes tu fazer?"
Que coisa impedia Agostinho de dar o último passo?
A fera da concupiscência que estava muito agarrada à presa. Da carne do corpo - dizia ele - saíam como uns angustiosos chamamentos. Eram as paixões que lhe diziam: Deixas-nos? E desde este momento para sempre não te será lícito isto ou aquilo?!
E que coisas, meu Deus, que coisas me vinham à mente no que eu digo: isto e aquilo!
Que era isto e aquilo que as vozes da sua carne sugeriam a Agostinho? Era o isto e o aquilo do seu desejo.
As leviandades, as diversões ilícitas, as comodidades, as desonestidades. O que custa tanto a deixar a tantas jovens mundanas e a tantos jovens. Eu seria pura, eu comungaria, eu seria filha da Virgem Maria. Mas as paixões clamam: terás que deixar isto ou aquilo?
Sabeis muito bem o que significa isto e aquilo: as leituras, as imodéstias, as estroinices, as companhias, os bailes, os costumes viciosos. Pobres jovens, que dominadas estão por estas ferinhas!
Deus queria fazer de Agostinho um luminar da Igreja. Para acabar de o converter, um dia que estava no horto de Milão, sentado debaixo duma figueira, Deus pôs ao alcance de sua mão um livro. Viu-o Agostinho e ao mesmo tempo ouviu uma voz que lhe dizia: Toma, lê; toma, lê. Aquele livro era o Novo Testamento, as cartas de São Paulo. Abriu o livro ao acaso e leu aquelas palavras: "Não em banquetes, nem embriaguezes, não em vícios nem desonestidades, não em contendas nem emulações, mas revesti-vos de Jesus Cristo e não empregareis o vosso cuidado em satisfazer os apetites do corpo". Agostinho lia aquelas palavras e meditava. E entretanto sua santa mãe chorava e orava por ele. Quanto tinha chorado e orado aquela mãe por seu filho extraviado! Aquelas lágrimas e aquelas orações, moveram o coração de Jesus Cristo e enviou à alma de Agostinho uma graça poderosíssima para que pudesse romper as cadeias que o aprisionavam. O jovem extraviado rompeu a chorar e caiu rendido aos pés de Jesus Cristo.
Jovens metidas no mundo, vós não tendes uma mãe santa como a mãe de Agostinho que chore e peça por vós; tendes uma mãe néscia,  uma mãe criminosa que vos empurra para a vida do mundo e do pecado, que faz coro com as vossas paixões e vos repete também; "e vais deixar isto e aquilo?!"
Não tendes na terra uma mãe como Santa Mônica; mas tendes no céu uma mãe que pede por vós. Quanto sofre, quanto pede pelas jovens mundanas e pelos jovens extraviados também. 
À intercessão da Virgem Santíssima devem as almas extraviadas esses chamamentos, esses desejos de sair do pecado, que umas ouvem como Santo Agostinho, e que outras, a maioria, desprezam.
Que fez Agostinho depois de tomar a última resolução? O filho pródigo exclamou: "Levantar-me-ei e irei ter com meu pai".
Agostinho exclamou; "Levantar-me-ei e irei ter com minha mãe". Tinha pensado em sua mãe durante a luta e queria que sua mãe fosse a primeira a ter a notícia da vitória.
Ele sabia a consolação que lhe iria proporcionar. Com que emoção, com que ternura fala Santo Agostinho de sua santa mãe quando narra a história da sua conversão! Estava sua mãe nos seus aposentos e Agostinho com os olhos rasos de lágrimas apresentou-se diante dela. Referiu-se à sua conversão com todas as circunstâncias e pormenores. Ela - disse o Santo - não cabia em si de contentamento, nem sabia que fazer de alegria, nem sabia como bendizer e dar graças a Deus, pois lhe havia concedido muito mais do que costumava suplicar para mim, por meio dos seus lamentos e lágrimas afetuosas.
Tu que sentes a luta cruel da carne contra o espírito; que queres ser bom e não acabas de sê-lo, porque a concupiscência que vive em ti se alimentou muito dos prazeres do mundo, - porque ouve a voz das paixões, e a voz de teus pais que te dizem: vais deixar isto ou naquilo? Enquanto lutas, a Virgem Santíssima pede por ti e envia-te inspirações interiores: é a graça de Deus para a tua conversão.
Se tomares uma resolução enérgica como a de Agostinho, se disseres: adeus frivolidades, adeus pecados, adeus ocasiões de pecado, adeus jogo, adeus bebidas, adeus tertúlias pecaminosas, se tomares esta resolução generosa, corre aos pés de tua Mãe e conta a tua luta e a tua vitória e pede-lhe que te recolha sob o seu manto e que te conserve sob ele todos os dias da tua vida.

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