15 de outubro de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

O Pudor, Esplendor da Beleza Corporal.


Parte 4/8

E o que é o pudor?
O pudor sente-se, conhecem-se os seus efeitos; mas dificilmente se define. O pudor é um freio que Deus pôs na natureza humana para que contenha a vontade quando as paixões a queiram arrastar até um objeto pecaminoso.
Imaginai uma máquina de comboio perfeitamente adaptada para que a sua velocidade nunca exceda os cinquenta km por hora.
A pressão do vapor que cresce e a descida pela encosta de uma montanha aumentariam a sua velocidade a sessenta, oitenta, cem km à hora, com perigo de descarrilhamento. Mas imaginai que está máquina está provida de um freio automático que gradua continuamente a marcha e em virtude desse freio a velocidade não excede nunca os cinquenta km.
O pudor dos homens é uma coisa assim como o freio dessa máquina.
As paixões, como o vapor na máquina, empurram a vontade para o prazer; os incentivos exteriores, como a encosta da montanha, favorecem o impulso das paixões e a vontade ver-se-ia arrastada ao pecado se não tivesse um freio que funcionasse instintivamente no momento em que se apresenta ao alcance do homem o objeto pecaminoso; esse freio é o pudor.
O pudor que em presença do perigo faz com que o homem recolha os seus sentidos e cubra o seu corpo e modere os seus gestos e seja recatado nas palavras e cubra o rosto com o carmim do rubor.
Dar-vos-ei outra comparação para explicar a natureza do pudor.
Conheceis certamente essas plantas que se chamam sensitivas. Ao mais leve contato fecham as folhas e as pétalas, como se quisessem defender-se do que se chega para lhes tocar.
Assim é a alma pudica. Logo que aparece o perigo que pode manchar a sua pureza, recolhe os sentidos, compõe o seu exterior e põe-se em vela para se defender da tentação.
Pio XII descreve primorosamente a natureza do pudor:  "A  natureza pôs nos seres criados um instinto que os impele a defender a própria vida e a integridade dos seus membros; e a natureza e a graça, que longe de se destruírem se aperfeiçoam, puseram na alma como que um sentido que a põe em guarda contra os perigos e os assaltos que espreitam a pureza e que é especialmente característico da rapariga cristã". Como vedes, o pudor não é a própria pureza, mas a sua defesa.
O pudor defende a castidade como as folhas das árvores defendem os frutos, disse São Gregório Nazianzeno. E podíamos acrescentar que a defendem como a casca protege a medula da fruta.

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