6 de outubro de 2017

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

Nossa Senhora Virgem


Parte 2/11

É certo que Maria fez voto de virgindade perpétua, e crê-se que fez esse voto logo que teve o uso da razão.
O motivo que teve para fazê-lo não devemos procurá-lo em nenhuma influência exterior porque o ambiente que a rodeava era pouco favorável à virgindade.
Devemos procurar a razão no interior da sua alma.
Maria conhece as graças extraordinárias que Deus lhe concedeu; sente a sua alma cheia de Deus e procura avidamente o que mais possa agradar a Deus para lho oferecer e corresponder à predileção que teve para com ela.
Deus, com uma luz especial, dá-lhe a conhecer a sua vontade: que se consagre totalmente a Ele e para sempre com o voto de virgindade.
Cumprir essa vontade de Deus obriga Maria a custosos sacrifícios.
Significava abraçar-se com o desprezo e o opróbrio do povo.
Entre os hebreus um matrimônio sem filhos, não só se considerava como um defeito físico, como também defeito religioso.
Era sinal de que Deus excluía tal mulher, tal homem ou tal família dos planos divinos sobre a aparição do Messias na terra.
Considerava-se como um castigo de Deus e por conseguinte um opróbrio e uma desgraça.
Maria sabe que as mulheres sem filhos são desprezadas pelas suas companheiras.
Conhece a tristeza que por esta razão sofrem as mulheres estéreis; e ela, ao fazer o voto, abraça-se com esse desprezo e com esse opróbrio.
O voto de Maria tem um mérito maior.
Estava profetizado que o Messias havia de ser da casa de David, descendente dele.
Tão corrente era essa ideia entre os hebreus que chamava-se ao Messias o Filho de David; e assim chamaram também a Jesus: Hossana ao Filho de David.
As filhas da casa de David sabiam-no e consideravam-se ditosas, porque tinham a maior probabilidade de serem a mãe do Messias ou pelo menos que nascesse da sua descendência.
Maria pertence à casa de David. Consagrar a Deus a sua virgindade, para ela significava renunciar a essa probabilidade que não tinham outras mulheres palestinenses.
Nenhuma mulher, ao fazer voto de virgindade, fez maiores renúncias do que Maria.
Bastaria isto para se lhe poder chamar com toda a razão Rainha das virgens e a Virgem por antonomásia.

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