12. A LITERATURA CRISTÃ DOS SANTOS PADRES
Fixados os livros do Novo Testamento, estava encerrada a Escritura inspirada. Estavam lançadas as bases da literatura cristã e aí encontrariam os homens verdadeira fonte de matéria inesgotável como o cristianismo, donde surgiu o conjunto literário de volumes e mais volumes de obras dos Padres da Igreja.
Num sentido mais estrito este nome designa aqueles que fundaram o pensamento cristão e que são os dois cinco primeiros séculos, até à queda do Império Romano.
Exerceram eles grande influência em todos os tempos, e os escritores eclesiásticos aí bebem os mais preciosos tesouros da teologia e mística da Igreja.
O nome de Padres, que era dado inicialmente aos Chefes de Igreja, como Bispos, estendeu-se a todos aqueles que através de suas obras combatiam as heresias e os erros, defendendo a doutrina íntegra da Igreja.
Para serem considerados Padres da Igreja, os escritores tinham que apresentar certas condições, como antiguidade, ciência ortodoxa, reconhecimento pela Igreja e santidade, pois os seus ensinos deviam primar não só pelas palavras, mas sobretudo pelo exemplo de suas vidas.
Num sentido mais largo são chamados Padres da Igreja os escritores de grande inteligência, que floresceram na Igreja até à Idade Média, como Santo Tomás, S. Bernardo e outros.
Entretanto, a opinião dos grandes historiadores e críticos reserva tal designação apenas para os que se distinguiram nos primeiros séculos, e outros conservam o nome de Padres da Igreja apenas para os que foram discípulos dos apóstolos.
Aqueles que aliam à grande ciência uma santidade eminente e cuja autoridade é reconhecida por todos, são chamados Doutores da Igreja, título este com que se honra um pequeno número de homens
escolhidos.
Citando os Padres Apostólicos, aqueles que foram dos primeiros tempos, contemporâneos dos apóstolos, encontramos os romanos S. Clemente e Hermes, o sírio Santo Inácio, os asiáticos S., Policarpo e Pápias, o autor desconhecido da Epístola de Barnabé. Escreveram em geral cartas que são valiosos documentos históricos, onde encontramos a vida da Igreja primitiva dos Apóstolos e dos Mártires.
São todos preciosos tesouros que nos mostram a vida dos fiéis nos primeiros tempos, os problemas surgidos com o desenvolvimento dos cristãos, os Sacramentos da Igreja e os ritos de sua administração.
Alguns documentos só foram encontrados séculos depois, como o livrinho chamado Didaqué, tão usado pelos primeiros fiéis e que era uma espécie de compêndio de todas as suas obrigações, com noções de doutrina e mesmo liturgia. Não se conhece o autor de Didaqué, e o da Epístola de Barnabé, o que não lhes tira a autoridade.
Muitos outros livros se perderam, e de alguns só nos restam fragmentos, muitos preciosos, como os escritos por Pápias, bispo de Hierópolis.
Papel importante exerceram os Padres Apostólicos, que se constituíram um elo que ligaria para sempre os Apóstolos ás futuras gerações, iniciando a valiosa tradição, cujos argumentos seriam sempre de poderosa fôrça na exposição do dogma cristão.
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