11 de outubro de 2017

As Mais Belas Histórias do Cristianismo - Parte 8

8. MARIA SANTÍSSIMA NOS PRIMÓRDIOS DO CRISTIANISMO

É nos Atos dos Apóstolos que encontramos a última menção de Maria Santíssima na Sagrada Escritura, quando reunida se achava com os apóstolos e outras piedosas mulheres no Cenáculo: "Todos estes perseveravam unânimes na oração, juntamente com as mulheres e Maria, Mãe de Jesus, e com seus irmãos" (Atos I, 14).
Depois, nada mais se encontra que se refira diretamente a Maria. Na Igreja nascente, a vida de Maria se confundia com as próprias obras de Jesus, e certamente, de modo muito íntimo, Maria participou de todas as atividades dos apóstolos, tomando parte em suas reuniões e confortando-os com sua presença. E Nosso Senhor conservou ainda sua Mãe Divina na terra por algum tempo, para que ela fosse a força e o conforto da Igreja nascente.
Assim, foi a vida de Maria, círculo luminoso de irradiação que se desenvolveu sempre. Mãe de Jesus, o Filho do carpinteiro, acompanhou-O em sua infância e adolescência, comprazendo-se do convívio de seu amado Jesus. Mãe do Messias, nos dias de sua vida pública, seus olhos O seguiam em suas caminhadas, entre a incredulidade de muitos e a fé de outros, até que ao pé da Cruz tornou-se a Mãe do Redentor. Ei-la, agora, como centro espiritual da Igreja fundada por seu Divino Jesus, que a confiou à sua materna proteção, pelas palavras d a Cruz: "Mulher, eis aí teu filho". A Igreja nascente dava ela a sua vida consagrada a Jesus e à sua obra, o interesse pelas atividades e sofrimentos dos apóstolos por amor de Jesus, e sobretudo as suas orações elevadas a Deus a cada instante. Estava sempre ao lado dos apóstolos e dos fiéis, em suas reuniões, na comum fração do pão e na oração. "E perseveravam na doutrina dos Apóstolos e na comum fração do pão e nas orações" (Atos II, 42).
E que alegria para os apóstolos, consolo em suas lutas, a companhia de Maria, entusiasmando-os na missão que Jesus lhes confiara.
Da Mãe carinhosa recebera a Igreja os primeiros cuidados. Foi ela quem a embalou no seu berço glorioso de seus primeiros tempos. Maria ainda vivera algum tempo, amparada por especial auxílio divino, pois a separação do Filho minava-lhe as fôrças e a intensidade de suas dores nela refletia com singular violência. Por amor de Jesus, suportara em seu coração as maiores dores possíveis a uma criatura e os sofrimentos se renovaram ao ver as perseguições movidas contra os apóstolos, os fiéis e a Igreja. O amor que Maria consagrava a seu Filho a inflamava na ânsia de O ver, e suspirava por encontrar-se com ele no céu. Mãe e Filho deviam unir-se na glória, do mesmo modo que nos sofrimentos, como verdadeiros membros da humanidade. A morte de Maria não foi conseqüência do pecado, como nas demais criaturas, pois jamais existiu em sua alma a menor mancha da culpa. Foi antes o seu desejo ardente de ser em tudo conforme a seu Jesus. Foi, na afirmação piedosa, um doce sono. Maria fechou seus olhos na terra, para os abrir no céu, no encontro com o seu Divino Jesus. Do alto do céu, após a sua Assunção gloriosa, Maria mergulha o seu olhar no mistério do reino, na vida da Igreja. "Associada como Mãe e Ministra ao Rei dos Mártires, na obra inefável da Redenção, quando 0 oferecera no Calvário ao Eterno Pai, fazendo o holocausto de todo o seu direito materno e de seu maternal amor, estaria assim, como escreve Pio XII na Encíclica Mystici Corporis Christi, associada para sempre a Cristo, com um poder, por assim dizer, infinito, na distribuição das graças decorrentes da Redenção".
A maternidade que Jesus lhe confiara do alta da Cruz, tinha agora, com a Assunção aos céus, o seu complemento e coroação. Medianeira de todas as graças, Maria começou a ser desde os tempos primitivos invocada pelos fiéis, que reconheciam seu poder de intercessão. Embora não tenhamos dados para provar que Ela tenha sido objeto de honras nos três primeiros séculos, afirmações inumeráveis se encontram de sua maternidade divina e demais prerrogativas, e da veneração que lhe tinham os fiéis. As palavras e testemunhos do discípulo a quem Jesus amou com predileção em sua vida na terra, e que foram louvores tecidos a Maria, como Mãe de Jesus, ouvidas elas pelos fiéis, se espalharam por toda parte como precioso tesouro, e jamais deixaram de se ouvir.
As vozes que se ergueram pela terra, na Ásia, África e na Europa, são unânimes em glorificar a mulher que pelo "fiat" da Anunciação se tornara a Mãe de Deus. Os discípulos de S. João receberam dele estes ensinamentos e os transmitiram íntegros às futuras gerações. A história nos demonstra a antiguidade do culto de Maria. Sua devoção foi recomendada pelo próprio Cristo, quando no-la deu por Mãe na pessoa de João. Cresceu esta devoção através dos séculos, especialmente após o Concílio de Éfeso,em 431, quando Nestório foi condenado, e proclamada a Maternidade Divina de Maria. A raiz desta devoção a encontramos nos primeiros tempos. Maria Santíssima fora sempre entre os fiéis motivo de amor e de confiança. Vozes de protestos se levantaram por toda parte, quando Nestório atacou o fundamento de suas prerrogativas, a Maternidade Divina. E Nestório foi condenado.
Os cristãos, solícitos em glorificar os mártires, como nos demonstra a infinidade de testemunhos, jamais descuidariam do culto à sua Rainha e Mãe. O culto a Maria, que se revelou no mundo com tanto esplendor e refulgência a partir do século V, seria impossível, se fosse desconhecido no início da Igreja. Nos monumentos das Catacumbas e nos escritos dos Santos Padres da Igreja, vamos encontrar as afirmações da sólida devoção a Maria Santíssima nos primeiros séculos de nossa era.

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