27 de outubro de 2017

As Mais Belas Histórias do Cristianismo - Parte 13

13. OS PRIMEIROS APOLOGISTAS.

No século II aparecem os célebres apologistas, escritores eméritos que escrevem aos não-cristãos, expondo de modo compreensível e brilhante a doutrina da Igreja, defendendo-a das objeções e respondendo ás calúnias pela sublimidade dos exemplos de vida cristã de seus membros.
A Carta a Diogneto é um primor pelo estilo e pela descrição da vida cristã daquela época. Infelizmente, não sabemos quem seja este Diogneto, como também é anônimo o autor.
Nesta nova modalidade de literatura vamos encontrar no século lI grandes apologistas, como Aristides, S. Justino, Atenágoras, Teófilo de Antioquia, Santo Irineu, Minúcio Félix,
São nomes que se sobressaem pelo esfôrço e dedicação em demonstrar a sublimidade da doutrina cristã, e defendê-la das gratuitas acusações.
Pelas duas apologias, pelo Diálogo de Trifon, obras magistrais que nos legou, São Justino se celebrizou como um dos maiores apologistas do cristianismo. Sua vida de santo e mártir o torna credor da admiração e respeito das futuras gerações.
É a inteligência brilhante e jovem em busca da verdade, entregue á filosofia, e que, amparada pela experiência de um ancião cristão, chegou ao conhecimento de Deus.
Vagou Justino por várias escolas, pela estoica, peripatética, pitagórica, platônica e desta à cristã foi um passo.
São notáveis as suas apologias, expondo a verdade do cristianismo pelo cumprimento das profecias, a. falsidade de culto aos deuses, e a santidade de vida dos cristãos.
Os acontecimentos do Antigo Testamento prefiguram a grandiosa realidade do Nôvo Testamento.
O Diálogo de Trifon, filósofo judeu, é uma resposta aos judeus que continuavam agarrados á lei judaica, desconhecendo a veracidade do cristianismo.
No Império de Marco Aurélio, São Justino foi preso, e confessando com coragem a sua fé, teve sua cabeça cortada.
Atenágoras, filósofo de Ateiras e cristão, nos deixou obras apologéticas importantes, com a "Legatio pro Christianis", apologia perfeita, dirigida a Marco Aurélio em favor dos cristãos, defendendo-os das falsas acusações. Em sua obra "'De ressurrectione mortuorum", prova a ressurreição dos corpos, motivo de escândalo para os pagãos.
Foi no auge das perseguições, quando a Igreja era dizimada em seus membros, atacada em sua doutrina, que surgiu a grande figura de Irineu, que feito bispo de Lião, defendeu o seu rebanho com extrema dedicação e zelo.
Por grande graça de Deus, recebeu a fé dos próprios pais, que já eram cristãos, tendo sido educado num ambiente de fé e cristandade. Recorda com carinho e emoção os anos da infância em que do santo bispo Policarpo aprendera os ensinamentos que o santo recebera do Apóstolo S. João.
Escreveu o "Tratado das heresias", em cinco livros, expondo e refutando nos primeiros os erros dos hereges, especialmente os gnósticos, pela Escritura e Tradição, mostrando esta como fonte da verdade revelada. Nos demais livros de sua obra apresenta a doutrina cristã, com precisão e clareza admiráveis, base do pensamento cristão futuro. Morreu, talvez martirizado, no Império de Séptimo Severo.
"Pérola da literatura apologética", no dizer de Renan, é o “Octávio", de Minúcio Félix. Escrita em um latim primoroso e poético, esta obra encanta pelo diálogo travado entre dois amigos que se encontravam à beira mar: Octávio, que era cristão e o pagão Cecílio. A atitude de Cecílio, saudando a estátua de um deus foi motivo para uma discussão, onde predominou de uma parte a boa fé e o desejo de conhecer a verdade, e de outra, a convicção firme, a fé esclarecida, que dissipa as dúvidas do amigo e o conduz á verdade.
Dois rapazes que num momento de tranqüilidade, preparando-se para uma atividade esportiva, à beira-mar, vão travar um diálogo que se imortalizaria na literatura cristã. Cecílio e Octávio, de nobres
descendências, pertencem á sociedade romana, a famílias abastadas.
Octavio já fora iluminado pela graça da fé cristã e Cecílio ainda se conservava apegado à religião tradicional do Império, e colocava muitas dúvidas na doutrina cristã, julgada por muitos na ocasião como sociedade secreta, ímpia e criminosa.
Octávio,com delicadeza e convicção, expõe ao amigo a realidade do Evangelho de Cristo, provando-lhe com argumentos convincentes a existência de um só Deus, e o absurdo do culto aos deuses. O diálogo se prolonga... Cecílio, com atenção e entusiasmo, escuta as palavras amigas que lhe apontam horizontes até então desconhecidos.
Não eram verdadeiras as histórias que se contavam dos cristãos, e Otávio os defende de tantas acusações caluniosas e falsas, demonstrando ao companheiro, de maneira elevada, os exemplos de vida digna, heroica e santa dos cristãos.
Um raio de luz parece iluminar a inteligência de Cecílio, que se desperta na ânsia suprema de saber mais e tudo conhecer dos cristãos e de sua doutrina.
Era a graça de Deus, dom inesgotável da misericórdia divina que recompensa a boa fé e dedicação daquele coração. Foi o primeiro diálogo e uma introdução à verdade. Certamente, muitos outros encontros se realizaram e os ensinamentos transmitidos aos poucos, empolgavam sempre mais aquela alma que vencida pela graça, se converteu, abraçando a fé cristã.
Foram as obras dos Padres da Igreja o fundamento sólido sobre o qual se firmou o pensamento cristão. Na construção de uma literatura cristã, encontramos a base lançada pelos Apóstolos que fixaram a doutrina do Salvador.
Vieram depois aqueles que foram discípulos dos Apóstolos e que incrementaram esta literatura, legando-nos tesouros de inestimável valor. Por fim, os apologistas que buscaram várias escolas filosóficas aquilo que de certo lhes apresentavam, e criaram a filosofia cristã que abriu às inteligências os mais profundos caminhos para as investigações", obrigando-os, no dizer de Daniel- Rops -, a perscrutar cada vez mais as verdades sobrenaturais, fazendo do cristianismo o sistema de pensamento religioso mais sólido do mundo, ao pé do qual são inconsistentes todas as teologias pagãs."
Estávamos no fim do século II e no início do III. As perseguições continuavam. A literatura cristã mostrava o vigor da religião nova que, perseguida pelos poderes e negada pelos hereges, lançava sobre o mundo a revolução da Cruz.
E os Padres e escritores da Igreja, cheios de amor a Cristo, legaram à posteridade obras magistrais, muitas delas assinadas com o próprio sangue, marca indestrutível da fé e do heroísmo da inteligência cristã.

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