Pe. Marcos, nessa sua missa solene de neo-sacerdote, podemos com razão lembrar alguns princípios básicos do sacerdócio que agora possui como marca indelével na alma.
Antes de mais nada, ser padre, isto é, ser sacerdote, é ser “aquele que sacrifica”. Em primeiro lugar na vida do padre deve estar o sacrifício, o sacrifício da Cruz, isto é, “a Santa Missa”, e também o sacrifício de si mesmo em busca do bem das almas.
Por ter feito um dos poucos seminários católicos que existem atualmente, você não terá desculpas de ignorar qual é o seu dever e quais os meios de que dispõe. Sabe que ser padre não é ser um agitador político, nem um assistente social, nem um cantor, ou, pior ainda, um padre “paz-e-amor” que “ama” a todos e não condena ninguém estando sempre de acordo com o mundo, que é na verdade o nosso grande inimigo. A agenda do mundo, a agenda LGBT ou da cultura da morte, sempre buscará vários meios para perder as almas, e não conseguindo perder as almas, fazer perder as vidas daqueles que não obedecem a seu jugo tirânico.
É com estudo e oração que conseguirá se contrapor a essa força demoníaca que age sobre os homens que seguem o “príncipe desse mundo”. Saiba também que o maior obstáculo que encontrará no seu trabalho de sacerdote não será o de enfrentar os anticatólicos ateus ou maometanos que desejam a destruição da Igreja de Cristo, mas sim naqueles que esperaria encontrar maior apoio, isto é, naqueles que estão, ao menos em aparência, dentro da Igreja, isto é, na hierarquia contaminada pelo modernismo tantas vezes condenado pelo Papa São Pio X.
Não ceda nunca nos princípios, pois isso não seria prudência nem diplomacia, mas pura capitulação e covardia. Não quer dizer que deve imprudentemente atacar tudo e todos sem distinção de momento e lugar. Há a hora correta para cada coisa, e saber esperar o momento certo trará muitos frutos, apesar do que os outros pensem. Não esqueça nunca de aproveitar o breviário diário para rezar segundo os diversos estados de alma que cada salmo propõe. Alguns de ação de graça, outros de humilhação perante as próprias misérias, e outros de justa ira contra os inimigos de Deus.
Seja padre conforme o que entende ser o melhor a fazer sob a luz da razão e da fé. Não seja padre segundo os desejos dos fiéis que em geral não compreendem o que seja realmente ser padre. Seja padre para salvar as almas e não para ser súdito de alguém ou de algum grupo, apenas Cristo deve ser aquele a quem deve agradar.
Como já dizia o doutor em vocação religiosa e sacerdotal, o cônego Joseph Lahitton em sua obra “La Vocation Sacerdotale”: “non multi, sed boni” (n. 318), isto é, o principal não é que haja muitos padres, mas sim bons padres. É melhor um lugar não ter padre do que ter um padre ruim. Com razão já dizia São João Crisóstomo: “Multi sacerdotes, et pauci sacerdotes: multi in nomine, pauci in opere” (Hom. 43), muitos sacerdotes e poucos sacerdotes, muitos de nome, poucos em obras ou de coração. Na dúvida de dar bons frutos, deve-se rejeitar o candidato ao sacerdócio, apesar dos fiéis implorarem por ter um sacerdote perto de casa… dura lex, sed lex. É uma regra dura, mas é necessária para o bem comum da Igreja.
Para “perseverar na vocação”, como se diz, é preciso viver o sacerdócio segundo a fé e a razão, não segundo sentimentos ou emoções que são passageiras e muitas vezes enganadoras. Não seja padre para emocionar ou animar as pessoas, mas sim para instruí-las nos preceitos de Deus.
Apesar de todas as exigências que deve ter consigo mesmo, sem buscar desculpas ou indulgências para os próprios defeitos, seja misericordioso e paciente com os outros. Duro consigo, e manso para o próximo. Não se canse de repetir o óbvio aos fiéis, sobretudo agora que a cada ano nascem novos “millenials”, isto é, essa geração desprovida de bom senso.
Enfim, utilize a fórmula do padre Lahitton para ser um bom recrutador de novos padres: seja um padre santo. Essa é a fórmula. Qual rapaz desejará ser padre ao ver os padres medíocres ou traidores de Deus que existem tantos por aí, sobretudo os que mais recebem espaço na mídia de massa? Apenas os loucos ou os perversos…
Que Nossa Senhora que prestigiamos ontem em Aparecida seja sua Mãe nos momentos difíceis no qual mesmo seus mais próximos amigos nada poderão fazer por você. E lembre os fiéis de incluí-lo em suas orações, como eu peço agora que me inclua nas suas.
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.