25 de agosto de 2017

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S J

NOSSA SENHORA NOIVA

Parte 2/8

Maria, destinada para ser Mãe de Deus, devia contrair matrimônio.
O filho de Deus seria concebido milagrosamente; não teria pai na terra; porém devia nascer dentro do matrimônio. Era necessário. A não ser assim, ainda que Maria fosse muito santa e fosse Virgem, aos olhos do mundo a mãe e o filho viveriam desonrados.
Por isso interveio Deus de uma maneira extraordinária neste matrimônio virginal.
Essa intervenção de Deus, não é a que refere a lenda. Uma lenda fundada nos evangelhos apócrifos diz que a Virgem jovem vivia no templo de Jerusalém.
Ao chegar à idade em que as jovens hebreias costumavam contrair matrimônio, os sacerdotes reuniram conselho para deliberar acerca do matrimônio de Maria e ver a quem deviam dar por esposa uma jovem tão extraordinária. Para implorar a luz do céu, o sumo sacerdote entrou no "sancta sanctorum" do templo e ali lhe apareceu um anjo que lhe disse: Convoca os jovens de Judá. Que todos eles tragam uma vara; e aquele em que se realizar um prodígio, será o designado por Deus para esposo de Maria.
Concorre uma multidão de jovens; entregam as suas varas ao sumo sacerdote, este entra no "sancta sanctorum" do templo, faz oração, sai de novo, vai entregando a cada jovem a sua vara, e ao entregar a José a sua, esta floresce.
Esta cena imortalizaram-na muitos pintores, desde o Renascimento.
O principal de todos, Rafael. Quem não conhece o famoso quadro de Rafael: os desposórios de Nossa Senhora?
Como fundo do quadro, um belíssimo templo de estilo clássico, que nada se parece com o templo de Jerusalém.
Desde o templo desce uma ampla escadaria, e, ao fundo desta, a cena a que se refere a lenda; a um lado, as jovens companheiras de Maria; do outro lado, os jovens que vieram à chamada com as varas secas na mão e a desilusão no rosto. Um deles, num gesto de despeito parte a vara no joelho.
No meio está José com a vara florida na mão e Maria. O sacerdote com ricas vestes sacerdotais, entrega-lhes um anel, e José tenta colocá-lo no dedo de Maria.
O quadro nada tem de real. O assunto que o inspirou é uma lenda; o ambiente em que se desenrola a cena é o da época do pintor.
Apesar disto, de uma maneira ou de outra, os pintores continuaram reproduzindo o tema da lenda.
Ela também originou o costume de pintar São José com uma vara florida na mão. Não é necessário recorrer a estes feitos prodigiosos.
A intervenção de Deus no matrimônio de Maria, manifestou-se de uma maneira natural.
Nem sequer é necessário admitir uma revelação especial feita por Deus a Maria e a José, em separado, como opinam alguns teólogos.
Deus foi dispondo suavemente os acontecimentos para que se desse este matrimônio.

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