SUBLIME ESPETÁCULO
Quando o Papa Inocêncio II, após o Concilio de Clermont (1131), se preparava para regressar a Roma, julgou não dever abandonar, a França sem dar uma prova de sua gratidão a S. Bernardo, visitando com toda a sua comitiva o mosteiro de Claraval.
Ali não lhe foram feitos, como em outras abadias, presentes de cavalos, mulas e ricas equipagens; mas a simplicidade toda angélica bem como a terna caridade com que foi recebido agradaram bem mais ao virtuoso Pontífice.
Os monges foram-lhe ao encontro pobremente vestidos, levando á frente uma cruz de madeira tosca e cantando hinos que exprimiam a compunção de que estavam penetrados.
Toda a corte pontifícia ficou edificada com a gravidade e o porte angélico daqueles servos de Deus.
Lágrimas de comoção corriam dos olhos de todos os prelados.
Os religiosos, entretanto, aos quais se dirigiam todos os olhares, conservavam os olhos baixos e nada os fez perder o recolhimento. Os visitantes, entrando na igreja e percorrendo o mosteiro, encontraram por toda parte a imagem da pobreza e mudas lições de eximias virtudes.
No refeitório, à hora da refeição, foram servidos legumes e pão preto; havia apenas alguns peixes, e dos mais comuns, para o Papa.
Os prelados, contemplando com os olhos da fé aquela pobreza, recordaram-se bem das palavras de Cristo Senhor Nosso: “Bem-aventurados os pobres de espirito, porque deles é o reino do céu”. Eis, diziam, os pobres que o Altíssimo se compraz de enriquecer de seus dons. Não é, porventura, este abade o grande Bernardo que faz os Papas, aterra os príncipes soberbos, levanta os povos, rege os concílios e os impérios?
“Ecce sic benedicetur homo qui timet Dominum”.
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