15 de maio de 2014

Sermão para o Terceiro Domingo depois da Páscoa – Padre Daniel Pinheiro

[Sermão] O Cristão

 Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém. Ave Maria…
Sermão:
  “Dai a todos os que professam a fé cristã, que repudiem tudo aquilo que se opõe a este nome e sigam o que lhe é conforme.” (Coleta)
O nome de cristão foi dado aos discípulos de Cristo logo depois da Ascensão de Nosso Senhor. São Lucas, nos Atos dos Apóstolos, nos diz: “Nesta Igreja (de Antioquia) passaram eles um ano inteiro, e instruíram uma grande multidão, de maneira que em Antioquia é que foi dado pela primeira vez aos discípulos o nome de cristãos.” (Atos XI, 26) Cristão é, então, aquele que segue Nosso Senhor Jesus Cristo.
Todavia, o nome cristão é talvez o nome que mais sofreu e sofre abusos na história. Assim, vemos diversos erros e heresias que se atribuem a si mesmos o nome de cristãos. Vemos o cristão ser confundido com alguém que é indiferente diante das diversas religiões. Vemos o cristão ser confundido com alguém que tem um sentimento vago de amor pelas pessoas. Vemos o cristão ser confundido com alguém que é politicamente correto. Vemos o cristão ser confundido com o marxista. Vemos o cristão ser confundido com aquele que busca a felicidade aqui nesse mundo. Enfim, vemos o nome de cristão atribuído às mais diversas realidades que, na verdade, se opõem a Jesus Cristo.
O nome cristão, caros católicos, é para aqueles que seguem realmente Nosso Senhor Jesus Cristo. O nome Cristão é, em primeiro lugar, para aqueles que foram batizados. É pelo batismo que temos o pecado original apagado, que temos a graça santificante infundida em nossas almas. É pelo batismo que recebemos a graça de nos tornarmos filhos de Deus por adoção e irmãos de Nosso Senhor Jesus Cristo. É pelo batismo que nos tornamos membros do Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja Católica. Para significar isso no rito do batismo, depois que a criança foi batizada, se faz a unção com o óleo do Santo Crisma. Portanto, para receber o nome de cristão é preciso ser batizado validamente.
Todavia, para que se possa receber realmente o nome de cristão, é preciso ir além. Para ser cristão é preciso aderir de forma absoluta, sem condições, sem reservas a tudo aquilo que Nosso Senhor Jesus Cristo ensinou. Cristo nos ensinou que há um só Deus em três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo. Cristo nos ensinou que Ele é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus. Ele nos ensinou que se fez homem e veio ao mundo para nos salvar. Ele nos ensinou que nasceu de Maria Virgem, e que morreu na cruz em expiação pelos nossos pecados. Cristo instituiu os sete sacramentos: batismo, crisma, confissão, eucaristia, ordem, matrimônio, extrema-unção. Cristo instituiu a Santa Missa, Ele dá o seu Corpo e o seu Sangue em alimento pela nossa alma. Cristo restabeleceu o matrimônio na sua excelência primitiva: indissolúvel e exclusivo entre um só homem e uma só mulher. Cristo veio ao mundo e fundou a sua Igreja. Ele a fundou sobre Pedro e seus sucessores, os Papas. Ele fundou uma Igreja, una, santa, católica, apostólica. Ele fundou a Igreja Católica Apostólica Romana. Ele mandou que obedecêssemos à Igreja. Nosso Senhor nos disse, como menciona São João, que quem não crê nele já está condenado porque não crê no nome do Filho Unigênito de Deus (Jo III, 18). Para ser cristão verdadeiramente, é preciso ter fé, aceitar tudo o que Nosso Senhor falou sobre si mesmo, sobre Deus Pai, sobre a Santíssima Trindade, sobre a Igreja, sobre como devemos proceder. Para ser cristão, é preciso ter fé, isto é, devemos dar a adesão completa da nossa inteligência às verdades ensinadas por Cristo.
O cristão é fiel a Cristo. O cristão não pretende modificar aquilo que Nosso Senhor estabeleceu, como fizeram os protestantes e como alguns no seio da Igreja pretendem fazer. Ao cristão cabe justamente a fidelidade ao divino ensinamento. O cristão transmite aquilo que Ele recebeu de Cristo, dos apóstolos e dos sucessores dos apóstolos. Não pode o cristão mudar a natureza da Igreja, para igualar o Papa aos bispos, os bispos aos padres, os padres aos leigos. Não pode o cristão negar a presença real de Nosso Senhor nas espécies consagradas. Não pode o cristão fazer da Missa uma simples ceia ou banquete, esquecendo-se que ela é o sacrifício do Calvário renovado sobre os altares. Não pode o cristão fazer abstração da confissão para o perdão dos pecados mortais. Não pode o cristão admitir o divórcio ou admitir o concubinato e muito menos as uniões contrárias à natureza. Não pode o cristão admitir o assassinato da vida humana mais indefesa pelo aborto. Não pode o cristão pensar que a religião evolui, que o que ontem foi verdade hoje já não é mais verdade..  Como nos diz São Paulo na Epístola aos Gálatas (I, 7 e 8): “Evidentemente que não há outro Evangelho, mas há alguns que vos perturbam e querem inverter o Evangelho de Cristo. Mas, continua o Apóstolo, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie um Evangelho diferente daquele que vos temos anunciado, seja anátema”. Não se pode dizer que exista contradição entre o que a Igreja fez e ensinou ao longo dos séculos de maneira constante e o Evangelho. A Igreja transmite e ensina o Evangelho intacto. Não pode o cristão considerar todas as religiões como boas. Não pode ser boa uma religião que contradiz Deus. Não pode o cristão fazer da religião um puro sentimentalismo ou simplesmente algo para se sentir bem. O cristão é fiel a Cristo, é Cristo a rocha sobre qual se funda o cristão, e rocha inamovível. Mas quantas barbaridades se fazem e se justificam em nome de um cristianismo falso, reduzido a um puro amor sentimental ao próximo.
Além da de ser batizado e de aderir aos ensinamentos de Nosso Senhor, para ser cristão, é preciso também participar dos sacramentos instituídos por Cristo e obedecer aos legítimos pastores, a começar pelo Papa. Enfim, para ser cristão é preciso ser membro da Igreja Católica.
Para ser ainda mais plenamente cristão, não basta, porém, ser simplesmente membro da Igreja Católica. É preciso a caridade. Não basta ser um membro do Corpo Místico de Cristo. É preciso ser um membro vivo do Corpo Místico de Cristo. Assim, não basta acreditar ou aceitar os ensinamentos de Nosso Senhor. É preciso colocá-los em prática, pedindo o auxílio divino. Aquele que coloca os ensinamentos de Cristo em prática, esse alcançará a vida eterna, esse pode receber plenamente o nome de Cristão. Aquele que coloca em prática o mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas e de amar o próximo como a si mesmo, esse alcançará o céu, para o qual nossos olhos e nossa alma se dirigem nesse tempo pascal. Amar a Deus cumprindo os mandamentos, amar uns aos outros nos ajudando mutuamente a sermos fiéis a Cristo. Amar ao próximo ajudando-o nas pequenas coisas, como também nas grandes, mas nunca aceitando ou incentivando o erro em nome da caridade. Com a fé e com a caridade, o cristão nega-se a sei mesmo, carrega a sua cruz e segue Nosso Senhor Jesus Cristo. Seguindo Cristo, o cristão será cada vez mais semelhante ao Salvador e poderá, aí sim, encontrar verdadeiramente a vida. O Cristão será, aí sim, verdadeiramente bom para com o próximo. Com a fé e com a caridade o cristão reconhecerá cada vez melhor como o cristianismo, como o catolicismo dá o remédio para a nossa natureza ferida pelo pecado original e como, nos elevando ao plano sobrenatural, como o catolicismo eleva a nossa natureza. E diante das tristezas e tribulações no mundo a alma do cristão fiel vai se enchendo de alegria, de uma alegria que ninguém pode lhe tirar, nem mesmo os piores tormentos e sofrimentos desse mundo, até tornar-se eterna no céu.
Peçamos a Deus a graça de repudiar tudo o que se opõe ao nome de cristão e peçamos a graça de seguir tudo o que é conforme ao nome de Cristão, confiados na bondade divina, que tem piedade de nossas fraquezas.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

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