10 de fevereiro de 2009

CATECISMO ROMANO - EUCARISTIA (PARTE 2)

Catecismo Romano

IV.1Prova
Após a explicação do nome, força é ensinar que a Eucaristia é verdadeiro Sacramento, um dos sete que a Santa Igreja sempre reconheceu e conservou, com religiosa veneração.

Antes de tudo, porque na consagração do Cálice é designada como "Mistério de Fé". Depois, porque são quase inúmeras as declarações, pelas quais os sagrados autores sempre afirmaram o caráter genuinamente sacramental da Eucaristia. No entanto, não os citaremos aqui, visto chegarmos às mesmas conclusões pela consideração da essência e finalidade deste Sacramento.

De fato, na Eucaristia concorrem os sinais externos e sensíveis [de Sacramento], bem como a virtude de significar e produzir a graça. Ademais, nem os Evangelistas, nem os Apóstolos deixam a menor dúvida de que foi instituída por Cristo.

Ora, como aqui se verificam todas as condições, que dão prova do genuíno caráter sacramental, já não precisamos recorrer a nenhuma outra argumentação.

IV.2. Sinal sacramental

Todavia, tenham os pastores o cuidado de advertir que, neste Mistério, entram vários fatores, aos quais os sagrados autores atribuíam outrora o nome de Sacramento. Assim designavam às vezes a Consagração e a Comunhão, e amiúde o próprio Corpo e Sangue de Nosso Senhor, que se contêm na Eucaristia.

Diz Santo Agostinho que este Sacramento consta de duas coisas: aparência visível dos elementos, e realidade invisível da Carne e do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ora, da mesma forma dizemos que se deve adorar este Sacramento e, com tais palavras, nos referimos ao Corpo e Sangue de Nosso Senhor.

Verdade é que todas estas coisas não se chamam Sacramento, no rigor da palavra. O nome [de Sacramento] só tem aplicação real e absoluta às espécies de pão e de vinho.

IV.3. Diferença dos outros Sacramentos

a) permanência no tempo

Fácil é de verificar quanto vai a diferença deste Sacramento a todos os demais. Os outros Sacramentos só adquirem sua razão de ser pela aplicação da matéria, quando são administrados a qualquer pessoa. O Batismo, por exemplo, não surte seu efeito sacramental, senão no próprio instante em que alguém recebe realmente a ablução de água. No entanto, para a integridade [sacramental] da Eucaristia basta a consagração da matéria; ambas as espécies não deixam de ser Sacramento, ainda que sejam guardadas no cibório.

b) transubstanciação

Mais ainda. Na feitura dos outros Sacramentos, a matéria ou elemento não se muda em substância diversa. A água batismal e o óleo de Crisma não perdem respectivamente a substância própria de água ou de azeite, quando se administram os Sacramentos do Batismo e da Confirmação. Mas, na Eucaristia, o que antes da Consagração era simples pão e vinho, é verdadeira substância do Corpo e Sangue de Nosso Senhor, desde que se efetuou a Consagração.

IV.4. Unidade sacramental

Apesar de serem dois os elementos que constituem a natureza integral da Eucaristia, a saber pão e vinho, dizemos contudo que eles não perfazem vários, mas um só Sacramento, conforme no-lo ensina o Magistério da Igreja. Do contrário, não poderia aliás ser sete o número total dos Sacramentos, assim como a Tradição sempre o afirmou, e os Concílios de Latrão, Florença e Trento o definiram.

Pois, como a graça deste Sacramento produz um só Corpo Místico, um só deve ser também o próprio Sacramento, para que a sua natureza corresponda à graça produzida. E deve ser um, não porque seja um todo indivisível, mas porque assinala uma só operação da graça.

Se compararmos, comida e bebida são duas coisas diversas, mas que se empregam para a mesma finalidade, ou seja, para restaurar as forças do corpo. Assim, pois, no Sacramento, convinha que a elas correspondessem duas espécies diversas, para representarem o alimento espiritual com que as almas se sustentam e dessedentam. Por isso é que Nosso Senhor declarou: "Minha Carne é verdadeiramente comida, e Meu Sangue é verdadeiramente bebida" (Jo VI, 56).

IV.5. Significado sacramental

Portanto, torna-se mister que os pastores não se cansem de desenvolver toda a significação do Sacramento da Eucaristia. Destarte, os fiéis poderão alimentar o espírito pela contemplação das verdades divinas, enquanto acompanham os Sagrados Mistérios com os olhos corporais.

Ora, três são as coisas que este Sacramento nos recorda. A primeira, que já passou, é a Paixão de Cristo Nosso Senhor. Ele próprio havia dito: "Fazei isto em memória de Mim" (Lc XXII, 19). E o Apóstolo testemunhou: "Todas as vezes que comerdes deste Pão e beberdes do Cálice, anunciareis a Morte do Senhor, até que Ele venha" (I Cor XI, 26).

A segunda é a graça divina e celestial, que o Sacramento confere no instante da recepção, para nutrir e conservar as forças da alma. Assim como o Batismo nos faz renascer para uma vida nova, e a Crisma dos dá alento para resistir a Satanás, e confessar publicamente o nome de Cristo: assim também a Eucaristia nos dá alimento e vigor espiritual.

A terceira, reservada para o futuro, é o fruto da eterna alegria e glória que havemos de possuir na Pátria celestial, em virtude da promessa feita por Deus.

Estas três coisas que claramente se distinguem, quanto ao tempo presente, passado e futuro, são expressas de tal maneira pelos Sagrados Mistérios, que o Sacramento, apesar das espécies diversas, constitui em seu aspecto total uma só representação. Esta exprime, por sua vez, a razão de ser daquelas três coisas, consideradas separadamente.

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