11 de fevereiro de 2009

NOSSA SENHORA E A EUCARISTIA

Maria, Mãe dos Adoradores

Se nossa vida não estivesse posta sob a proteção de Maria, haveria motivo para duvidar de nossa perseverança e de nossa salvação. Nossa vocação, que de uma maneira especial nos liga ao serviço do Rei dos reis, nos impõe mais peremptoriamente o dever de recorrer à intercessão de Maria. Jesus é rei na Eucaristia e quer ter a seu serviço servos exercitados e hábeis que já tenham feito sua aprendizagem; antes de comparecer ante o rei há de se aprender a servi-lo.

Pois bem: Jesus nos deixou sua Santíssima Mãe para que seja mãe e modelo dos adoradores. Segundo a opinião mais comum, Ele a deixou vinte e cinco anos na terra, depois de sua ascensão aos Céus, para que pudesse ensinar-nos a adorar com perfeição. Que bela vida a desses vinte cinco anos passados em adoração!... Jesus não queria ficar no divino sacramento sem a companhia de sua mãe, não queria que a primeira hora de adoração eucarística fosse confiada a pobres adoradores que não sabiam desempenhar este ofício de uma maneira digna. Os apóstolos, absorvidos por sua obrigação de velar pela salvação das almas, não podiam consagrar muito tempo à adoração eucarística; se bem que seu amor os houvera fixado ao pé do tabernáculo, sua missão de apóstolos os reclamava em outro lugar; e quanto aos cristãos, ao modo de jovens ingênuos envoltos ainda em fraldas, necessitavam de uma mãe que se ocupasse de sua educação, de um modelo que pudessem copiar, e foi com este duplo fim que Jesus Cristo lhes deixou sua Santíssima Mãe.

Foi Maria a primeira a adorar o verbo encarnado, quando, ignorado por todo mundo, se achava seguro em seu seio virginal. Oh! Que homenagens tão dignas recebeu Nosso Senhor em seu primeiro tabernáculo animado!... Que bem servido se viu enquanto habitou nele!... Jamais se há achado desde então um cibório de ouro mais preciso ou mais puro!... Jesus se comprazia nesta adoração de Maria mais que na de todos os anjos do céu. “O Senhor colocou seu tabernáculo no sol!”, disse o salmista; este sol não é outra coisa que o coração de Maria...

Também em Belém foi Maria a primeira a adorar seu divino filho, reclinado sobre a manjedoura. Ela adorou com um amor perfeito de virgem mãe, com um amor de dileção, segundo a expressão do Espírito Santo, somente depois dela se aproximaram para adorar São José, os pastores e os magos; Maria abriu este místico sulco que haveria de se bifurcar depois e ramificar-se por todo o mundo.

Que pensamentos tão sublimes, tão divinos, deviam se desenvolver em sua adoração, Maria continuou adorando a Nosso Senhor em sua vida oculta em Nazaré, depois em sua vida apostólica e até sobre o Calvário, onde sua adoração foi o sofrimento. Meditemos a natureza da adoração de Maria. Ela adora Nosso Senhor seguindo seus diversos estados; adapta sua adoração ao estado de Jesus; o estado de Jesus determina o caráter de sua adoração.

Maria não permaneceu em uma adoração invariável, pelo contrário, o adorou primeiro subjugado em seu seio; pobre depois em Belém; artesão em Nazaré, e mais tarde evangelizando e convertendo os pecadores; adorou-lhe em sua agonia no Calvário, sofrendo com Ele; sua adoração seguia todos os sentimentos de seu divino filho, que lhe eram bem conhecidos e manifestos; e seu amor lhe fazia centrar em uma perfeita conformidade e harmonia de pensamentos e de vida com Ele.

Também a vós, adoradores, recomenda-se isto: adorar sempre a Jesus sacramentado; porém variando vossas adorações, do mesmo modo que a Santíssima Virgem variava as suas. Relacione e faça reviver todos os mistérios na Eucaristia; sem isto incorrerás na rotina. Se o espírito de vosso amor não é alimentado por meio de uma forma, de um pensamento novo, os achareis lânguidos e secos na oração.

É preciso, pois, celebrar todos os mistérios na Eucaristia, como fazia a Virgem no cenáculo. Quando ocorria o aniversário dos grandes mistérios que se haviam cumprido ante seus olhos, crês acaso que ela não renovasse em si todas as circunstâncias, as palavras e a graça dos mesmos? Quando chegava o Natal, por exemplo, crês que Maria não recordava de seu divino Filho, então oculto pelos véus eucarísticos, o amor de seu nascimento, seu encantador sorriso e suas adorações, assim como as de José e dos três reis magos? Com isto se propunha ela regozijar o coração de Jesus, renovando-lhe a recordação de seu amor, e isto o repetia no aniversário de todos os demais mistérios.

Maria, ensinai-nos a vida de adoração! Fazei que também nós, como vós, saibamos encontrar todos os mistérios e todas as graças da Eucaristia; que saibamos fazer viver o evangelho e lê-lo na vida eucarística de Jesus.

Lembrai-vos, ó nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, que sois a mãe dos adoradores da Eucaristia.

(Do devocionário do venerável São Pedro Julião Eymard, editado em 1913, fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento.)
Tradução do Espanhol

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.