8 de fevereiro de 2009

Santo Inácio de Loyola: Exame de Consciência

Adaptado de Exercícios Espirituais, de Santo Inácio de Loyola: "EXAME GERAL DE CONSCIÊNCIA - PARA SE PURIFICAR E SE CONFESSAR MELHOR".

Modo de Fazer o Exame de Consciência


1.º: dar graças a Deus nosso Senhor pelos benefícios recebidos.
2.º: pedir graças para conhecer os pecados e rejeitá-los.
3.º: pedir conta a si mesmo desde a hora em que se levantou até o exame presente, hora por hora ou tempo por tempo, primeiro dos pensamentos, depois das palavras e em seguida das obras, pela mesma ordem que se disse no exame particular.
4.º: pedir perdão a Deus nosso Senhor das faltas.
5.º: propor emendar-se com a sua graça. Pai-nosso

A) Pensamentos

Pressuponho haver em mim três espécies de pensamentos, a saber: um é propriamente meu, e procede da minha liberdade e querer; e outros dois que vêm de fora, um do bom espírito e o outro do mau.

Há duas maneiras de merecer num mau pensamento que vem de fora:
1.ª: Vem, por exemplo, o pensamento de cometer um pecado mortal. Resisto prontamente a esse pensamento, e ele fica vencido.
2.ª: Quando me vem aquele mesmo mau pensamento e eu lhe resisto, e torna a vir, uma e outra vez, e eu resisto sempre, até que o pensamento fica vencido. Esta segunda maneira é de mais merecimento do que a primeira.

Peca-se venialmente quando vem o mesmo pensamento de pecar mortalmente e a pessoa lhe dá atenção, demorando-se algum tempo nele ou recebendo alguma deleitação sensível, ou havendo alguma negligência em rejeitar esse pensamento.
Peca-se mortalmente de dois modos:
1.º: quando se consente num mau pensamento, com a intenção de agir em seguida conforme consentiu, ou de o realizar se fosse possível.
2.º: quando se executa, de fato, esse pensamento. Isto é mais grave por três motivos: primeiro, por causa de sua maior duração; segundo, pela sua maior intensidade; terceiro, pelo maior dano para as duas pessoas.

B) Palavras

Não se deve jurar nem pelo Criador, nem pela criatura, a não ser com verdade, por necessidade e com reverência. "Por necessidade" entendo, não quando se afirma com juramento uma verdade qualquer, mas quando essa verdade é de certa importância para o proveito da alma, ou do corpo ou dos bens temporais. "Com reverência" entendo, quando o proferir o nome de seu Criador e Senhor se considera e se rende a honra e o respeito que lhe são devidos.

Não devemos dizer nenhuma palavra ociosa. Por palavra ociosa entendo aquela que não tem utilidade nem para mim, nem para outrem, nem se ordena a tal fim. De forma que não pe palavra ociosa falar daquilo que aproveita, ou se diz com intenção de aproveitar à própria alma, ou à de outro, ao corpo ou aos bens temporais, mesmo que se fale de assuntos estranhos a própria profissão, como um religioso a tratar de guerras ou de comércio. Em resumo, podemos dizer que há mérito quando as palavras são inspiradas por uma boa intenção, e pecado quando por uma intenção repreensível ou se se falar em vão.

Nada se deve dizer para difamar ou murmurar, porque se se revela um pecado mortal que não seja público, peca-se mortalmente; e venialmente, se se revela um pecado venial; e se se descobre um defeito, mostra-se um defeito próprio.

Se é reta a intenção, em dois casos se pode falar do pecado ou falta de outrem:
1.º: quando o pecado é público, por exemplo, tratando-se de uma pessoa de má vida e conhecida por tal, ou de uma sentença dada em juízo; ou de um erro público que corrompe as almas daqueles com quem se trata.
2.º: quando se revela a alguém um pecado oculto, para que ele ajude o pecador a levantar-se, desde que haja esperança ou razões fundadas de que ele possa ser útil.

C) Obras

Tomando por objeto de exame os dez mandamentos, os preceitos da Igreja e as ordens dos superiores, tudo o que se faz contra qualquer destas três matérias é pecado mais ou menos grave, conforme for maior ou menor a sua importância.

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