2 de agosto de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 541

QUEREMOS O CRUCIFIXO!

O célebre Cardeal Cheverus fazia uma série de sermões em Paris. Atraídos pela eloquência e amabilidade do homem de Deus, corriam a ouvi-lo tanto católicos como protestantes. Mas, como estes são inimigos das sagradas imagens, mandaram-lhe dizer. que não podiam suportar a vista do Crucifixo que conservava a seu lado no púlpito. Na noite seguinte, o Cardeal, tendo subido ao púlpito, falou assim:
— Senhores! Ouço dizer que a alguns de vós não agrada a vista deste Crucifixo; pois bem, eu quero comprazer-vos — tirou-o do púlpito e ocultou-o aos olhos do público. — Mas agora ouvi o fato que vou narrar-vos.
“Um dia seguia um homem pelo seu caminho, quando topou com um assassino, o qual, lançando-o violentamente por terra, estava para traspassar-lhe o coração com um punhal. Naquela terrível conjuntura, um bom senhor, vendo o que estava para suceder, lança-se entre o assassino e aquele pobre infeliz e, cobrindo-o com a sua pessoa, implora para ele a salvação e a vida; e o assassino sem compaixão crava o punhal no coração daquele bom senhor e mata-o, deixando livre o outro.
Um pintor, presente aquele atroz delito, corre para casa e pinta-o ao vivo como ainda o tinha impresso em sua imaginação; depois, tomando a pintura, corre à casa do homem salvo e diz- lhe: “Senhor, trouxe-lhe um quadro de presente e estou certo de que lhe agradará bastante” e, assim dizendo, pouco a pouco lhe descobre a pintura. Aquele senhor, logo que reconhece a fisionomia do seu benfeitor, põe-se em pé, exclamando: “Oh! eis o bom senhor que me salvou a vida!” e, comovido, beija e torna a beijar. a imagem do seu salvador, banhando de lágrimas”.
Nesse momento o Cardeal toma o Crucifixo, ergue-o bem alto e continua:
— Eis, senhores, que vos apresento um retrato: vêde bem de quem é. Nós todos estávamos irremediavelmente condenados à morte eterna. Jesus cobriu-nos com a sua pessoa e recebeu no seu coração aquele mesmo golpe que nos era destinado. Quis morrer no meio de atrozes tormentos para nos dar a vida eterna; e vós não amais o seu retrato? não podeis suportar- lhe a Vista?... Pois bem, eu o levarei comigo, eu o conservarei sempre ao meu lado para, na última agonia, apertá-lo entre as minhas mãos geladas e dar-lhe o último ósculo da minha gratidão e do meu reconhecimento”.
Apenas ressoavam as suas últimas palavras, quando a multidão — católicos e protestantes — prorromperam no grito vitorioso: “Queremos o Crucifixo!... .Queremos o Crucifixo!...”
O admirável pregador desce do púlpito, levando a sagrada imagem, e todos aqueles homens vão beijá-la com grande reverência e até com lágrimas nos olhos.
Por que será que amamos tão pouco a Jesus Crucificado?

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