29 de julho de 2013

História Eclesiástica - Primeira Época Capítulo 1

PRIMEIRA ÉPOCA

Desde a fundação da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, até a conversão de Constantino, o Grande. (ano 312 da era cristã).

CAPÍTULO I

Maria Santíssima e São José - Nascimento do Salvador - Adoração dos Reis Magos - Degolação dos Inocentes - A Sagrada Família no Egito - Disputa com os Doutores -São João Batista - Batismo de Jesus.
Maria Santíssima e São José - Aproximava-se o tempo para os quais os profetas tinham fixado a vinda do Salvador: todo o mundo esperava um mestre que, baixando do Céu, trouxesse à terra uma regra segura para discernir a verdade do erro e reformar assim os costumes depravados dos homens. Depois de 4.000 anos de contínuos suspiros, Deus decretou o cumprimento do mistério da Redenção. Uma Virgem chamada Maria, foi a mulher venturosa que Deus escolheu para ser mãe de seu Divino Filho. São Joaquim e Santa Ana, ambos descendentes da real estirpe de Davi, e da Tribo de Judá, foram os pais de Maria. Sendo já velhos, e faltando-lhes prole, dirigiram ao Céu suas orações, e o Senhor os ouviu, concedendo-lhes uma filha a que chamaram Maria. Aos três anos de idade foi esta apresentada ao Templo, para que, juntamente com as outras virgens, no exercício da piedade e do trabalho se preparasse desde então para ser digna mãe do Salvador do mundo. (São João Damasceno)
Tendo chegado à idade de tomar estado, respondendo a uma voz celeste, foi desposada com São José, varão santíssimo, oriundo de Nazaré, o qual viveu com ela como se fosse uma irmã.
Depois de breve tempo, o Arcanjo Gabriel foi enviado para anunciar a Maria a sublime dignidade de mãe de Deus. Certificada Maria que tudo era obra do Espírito Santo submeteu-se à Vontade do Altíssimo, dizendo ao Anjo: Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra.
Nascimento do Salvador - Corria o ano 4.000 da criação do mundo e Herodes, chamado o Grande, reinava na Judéia. Maria Santíssima e São José, obedecendo às ordens do Imperador Romano, César Augusto, se transportaram para Belém, pequena cidade da Judéia para inscreverem seus nomes nos registros do império. Estando as casas da Cidade cheias de forasteiros, tiveram de sair daí e alojar-se em uma gruta que servia de estábulo, onde se achavam dois animais.
Em tão humilde local, à meia-noite de 25 de dezembro, nasceu o Senhor do Céu e da terra. Nesse mesmo instante, um anjo revestido de luz deslumbrante, anunciou a boa nova a uns pastores que velavam guardando seus rebanhos, enquanto que uma multidão de anjos fazia ressoar nos ares aquelas palavras celestiais: "Glória Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade". Os pastores cheios de admiração por tão insólitos portentos, correram pressurosos a Belém e encontraram ali o celestial Menino.
Depois de o haverem adorado e reconhecido como seu verdadeiro Deus e Salvador, cheios de alegria voltaram a seus rebanhos bendizendo ao Altíssimo. Aos oito dias de seu nascimento o Menino foi circuncidado e foi lhe posto o adorável nome de Jesus, que quer dizer Salvador, como o tinha ordenado o anjo antes do seu nascimento.
Adoração dos Reis Magos - Algum tempo depois, alguns sábios do Oriente, guiados por uma estrela prodigiosa, que então apareceu em suas regiões, dirigiram-se à Jerusalém para adorar o recém-nascido Messias. Chegando à Jerusalém perguntaram a Herodes onde havia nascido o rei dos Judeus. A tão estranha pergunta perturbou-se Herodes; reuniu em Concílio os Príncipes e Sacerdotes e os Doutores da Lei e lhes perguntou onde havia de nascer o Messias. A Assembléia declarou que devia nascer em Belém de
Judá, segundo a profecia de Miquéias, que, falando do nascimento do Messias, disse: "E tu, ó Belém de Judá, não és a menor entre as principais de Judá, porque de ti nascerá o chefe que governará meu povo de Israel." Com tais informações saíram de Jerusalém os piedosos Reis e acompanhando o curso da estrela milagrosa chegaram onde se achava o divino Infante, e humildemente prostrados ofereceram-lhe ouro, incenso e mirra. Em seguida, avisados por um Anjo, regressaram por outro caminho a sua pátria.
Degolação dos Inocentes e fuga para o Egito - Herodes ao despedir os Reis recomendou-lhes encarecidamente que passassem por seu palácio e o inteirassem de quanto se referia ao novo rei, com o fim, porém, de fazê-lo perecer, temendo que crescendo o despojasse do seu trono. Mas, tendo esperado inutilmente pela volta dos reis, e presumindo por ventura alguma coisa do acontecido no templo, agitado por mil suspeitas, lavrou um decreto em que ordenava a degolação de todos os meninos que não tendo chegado ainda aos dois anos de idade se achassem em Belém e suas circunvizinhanças. Deus, porém, enviou um anjo que comunicou em sonhos a José as brutais disposições de Herodes, pelo que José fugiu para o Egito com Maria e o Menino. Daí só voltou depois que o anjo anunciou a morte de Herodes. Havendo morrido
Herodes, a Sagrada Família regressou a Nazaré, sua pátria, cumprindo-se assim a profecia de Oséias que havia dito em nome de Deus: Desde o Egito eu chamei meu filho. (Oséias, cap. 2)
Disputa com os Doutores - José e Maria juntamente com Jesus, viviam tranquilos em sua pátria, ganhando o pão com o trabalho de suas mãos. Na idade de doze anos, tendo ido Jesus com seus pais a Jerusalém para celebrar a Páscoa, perdeu-se. José e Maria debulhados em pranto, procuraram-no por três dias com incrível ansiedade; finalmente puderam encontra-lo no templo enquanto disputava com os Doutores da lei aos quais causava grande admiração com suas sábias perguntas e respostas. Vendo-o Maria lhe disse: "Filho porque procedeste assim conosco? Vê como teu pai e eu angustiados te procurávamos". Jesus lhe respondeu: "Porque me procuráveis? Não sabíeis que nas coisas que são de meu pai me convém estar?" É este o último fato que nos narra o Evangelho da infância de Jesus, que depois de regressar a Nazaré, submisso e obediente a Maria e a São José, se ocupou nos humildes trabalhos de simples artesão, até aos 30 anos de idade.
São João Batista - Quando o anjo anunciou a Maria a sublime dignidade de Mãe de Deus, disse-lhe também que sua prima Isabel, apesar de sua avançada idade, daria luz um filho destinado por Deus para preparar a receberem o Messias. Maria, sabedora, pela revelação de um anjo, das maravilhas que Deus estava obrando na pessoa de sua prima Isabel, foi logo a sua casa visitá-la e esteve com ela três meses.
Seis meses antes do nascimento do Salvador, Isabel deu à luz o filho prometido que recebeu o nome de João ao qual se acrescentou mais tarde o apelido de Batista, porque batizava as multidões. Este menino foi o precursor do Messias. Para fugir aos tumultos do século, retirou-se, ainda muito criança à soledade do deserto onde levou uma vida angélica; seu alimento se compunha de gafanhotos e mel silvestre e não tinha outra vestimenta além da pele de um cameio e um cinturão de couro. Estava João pelos trinta anos de idade quando recebeu ordem do Senhor de ir às margens do Jordão para pregar a penitência e anunciar a chegada do Messias. Todos corriam para ouvir seus sermões e muitos recebiam o batismo.
Batismo de Jesus - Jesus aos 30 anos de idade saiu de Nazaré para chegar às margens do Jordão, e receber também Ele o batismo. São João como nunca o tinha visto, não o conhecia ainda; entretanto iluminado pelo Espírito Santo, correu a seu encontro nas margens do Jordão, gritando para a multidão que o acompanhava: "Eis aqui o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo". Falando em seguida a Jesus, disse-lhe: "Tu queres que eu te batize, entretanto eu sou quem deveria ser batizado por ti". Respondeu-lhe Jesus: "Deixa agora porque assim nos convém observar toda justiça". Chegou São João e o batizou. Terminada a augusta cerimônia, abriram-se de repente os céus, e o Espírito Santo em forma de pomba, desceu sobre a cabeça de Jesus Cristo, fazendo ouvir ao mesmo tempo uma voz que disse: "Este é meu dileto filho, em quem pus as minhas complacências". Deste modo, Jesus foi proclamado solenemente verdadeiro filho de Deus, enviado para salvar os homens.

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