3 de abril de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S.J.

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

Nossa Senhora Rainha


Parte 1/7

Antes da Virgem Santíssima ser coroada como Rainha dos céus tinha de morrer.
Não faltaram teólogos, entusiastas defensores dos privilégios marianos, que defenderam a imortalidade corporal de Maria. Segundo eles, foi trasladada em corpo e alma ao céu sem passar pelo transe angustioso da morte. Deus converteu em imortal o seu corpo mortal; em impassível o seu corpo passível; em glorioso o seu corpo terreno.
Em que fundamento apoiam a sua opinião?
A morte, dizem, é natural ao homem. O homem, dada a sua natureza, tem de morrer. O corpo humano, como uma máquina, vai-se gastando, e chega o momento em que as peças já tão gastas deixam de funcionar. Então a alma separa-se do corpo e sobrevém a morte.
Porém Deus tinha concedido ao primeiro homem um privilégio extraordinário: o de não morrer nem ele nem a sua descendência, mas com uma condição: que não pecasse.
Pecou Adão; o pecado de Adão transmitiu-se aos seus descendentes e todos eles perderam o privilégio extraordinário e ficaram sujeitos à morte.
Porém tratando-se da Virgem Maria existe uma exceção. Ela não herdou o pecado de Adão; logo, parece que Deus não devia privar a ela do privilégio extraordinário da imortalidade. Devia passar da terra ao céu, como passaria Adão, se não tivesse pecado; como passaríamos todos, se não tivesse pecado o nosso primeiro pai.
Apesar desta argumentação, os teólogos sustentam comumente que a Virgem Santíssima morreu; e esta é a doutrina conforme com a tradição e com o magistério ordinário da Igreja. É dogma de fé que a Santíssima Virgem não contraiu o pecado original; porém isto não quer dizer que estivesse isenta de todas as consequências do pecado original, mas somente daquelas que eram incompatíveis com a sua dignidade de Mãe de Deus, e que nada interessavam para a sua missão de Corredentora.
Ora bem, a morte não era indigna da Mãe de Deus e era conveniente para que cooperasse na Redenção. Jesus Cristo não teve o pecado original e contudo morreu. Porque não havia de morrer também sua Mãe?
Se a morte não foi incompatível om a dignidade de Filho de Deus, porque havia de ser com a dignidade de Mãe do Filho de Deus? Jesus Cristo escolheu a morte para remir os homens. Maria tinha de ser Corredentora com seu filho; logo, era conveniente que unisse o sacrifício da sua vida ao sacrifício da vida de seu filho.
Convinha também que a Virgem Santíssima morresse para nos ensinar a morrer; para dizer-nos que não tenhamos medo da morte, se a imitarmos na nossa vida. Diz-nos que desapeguemos o coração das coisas da terra, e que assim não nos custará morrer. Quando o coração tem raízes muito profundas no mundo é custoso arrancá-lo dele. O oração de Maria estava desapegado de todas as coisas terrenas; por isso se desprendeu facilmente da terra.
Diz-nos a Virgem Santíssima que amemos muito a Deus e então desejaremos morrer, porque a morte é que quebra todas as amarras que nos impedem de nos trasladarmos ao céu para vivermos com Deus.


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