15 de dezembro de 2015

Sermão para o 1º Domingo do Advento 29.11.2015 – Padre Daniel Pinheiro, IBP

[Sermão] Advento: as três vindas de Nosso Senhor Jesus Cristo


Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
Aviso.
Presença de alguém aqui na Capela não significa aprovação de suas ideias, tampouco uma foto tirada de improviso no ambiente da Capela significa aprovação de ideias dessa pessoa ou de suas ideias políticas. Reitero o cuidado com as falsas soluções do aparicionismo, do combate exclusivo ao socialismo, como se fosse o único mal (ainda mais quando esse combate é feito com o liberalismo econômico tantas vezes condenado pelos Papas) e do culto de personalidade. Muito comum em tempos de crise surgirem essas personalidades que desviam as almas de Cristo e da Igreja para si mesmas, embora se sirvam de Cristo e da Igreja. Não se deixem levar pela emoção, pelo aparato exterior, por autoproclamados profetas, por grupos que se substituem à Igreja, por grupos que dizem defender a família, mas cujos membros, em sua maioria, não são casados nem são religiosos. Grupos que dizem defender a Tradição, mas que, por décadas, praticamente nada fizeram para que houvesse Missas Tridentinas públicas, mas que tendem a tirar proveito dos apostolados que surgem. Grupos que chegam ao ponto de achar que o mundo merece ser castigado porque não aceitou esse tal grupo. Infelizmente, o inimigo tem conseguido confundir muitas almas com essas falsas soluções. A solução é a doutrina católica.
Sermão.
Caros católicos, estamos hoje no primeiro domingo do Advento, o primeiro dia do ano litúrgico, do ano da Igreja. Como sabemos todos, advento significa a vinda. No advento, nos preparamos, então, para as três vindas de Nosso Senhor. Três? Isso, três. Normalmente, fala-se, com razão, de duas vindas de Cristo. A primeira, na Encarnação, quando o Verbo se fez carne. A segunda, na sua volta gloriosa no fim do mundo, para julgar a todos os homens no juízo universal. Todavia, com São Bernardo, podemos acrescentar mais uma vinda de Cristo, a sua vinda espiritual a nossas almas pela graça. No advento, devemos ter em mente essas três vindas de Cristo.
Devemos nos preparar para a festa de seu nascimento, ocorrido há mais de dois mil anos. Os patriarcas e os profetas prepararam a humanidade para a vinda do Messias, para a vinda de Cristo, homem e Deus, durante vários séculos. Na sua primeira vinda, Cristo veio com um corpo como o nosso, capaz de sofrer. Veio para nos redimir, nos tirar do pecado, para mostrar o seu amor por nós, a sua bondade, a sua misericórdia. Veio para nos dar o exemplo das mais perfeitas virtudes, para que o imitemos. Ele veio para que retribuíssemos o seu amor com o nosso amor. Ele veio para nos constranger a amá-lo, para fazer de nós filhos de Deus. Todavia, como nos diz São João no início de seu Evangelho, muitos não o receberam. Devemos, então, no advento, nos preparar para o Natal considerando os motivos da Encarnação e nos preparando para receber Cristo em nossas almas ou para fazer, em nossas almas, uma melhor morada para Ele.
Isso nos leva à vinda espiritual de Cristo a nossas almas pela graça. Não há dúvida, a qualquer momento e em qualquer tempo, devemos receber Cristo, abandonando o pecado e amando-O acima de todas as coisas. Nos tempos penitenciais, como é o advento, a Igreja insiste ainda mais nisso. Devemos, então, no advento, aproveitar essas poucas semanas para meditar a bondade de Deus ao se fazer homem para nos salvar e, assim, nos prepararmos para receber as graças sublimes que a Igreja quer nos dar no Natal. Entre essas graças, podemos destacar a graça da infância espiritual, para que nos coloquemos inteiramente nas mãos de Deus, para que nos confiemos inteiramente à providência divina, para que tenhamos grande humildade e, sobretudo, para que tenhamos por Deus um amor de filhos, de filhos que receberam tudo de Deus. Devemos nos converter ao Menino Jesus inteiramente e buscar a infância espiritual, que, paradoxalmente, nos faz alcançar a maturidade espiritual, pois nos faz enxergar que tudo está nas mãos bondosas de Deus. Preparemo-nos, então, no advento para receber Cristo em nossas almas, se tivemos a infelicidade de expulsá-lo pelo pecado mortal ou preparemo-nos para fazer-lhe uma morada ainda melhor em nossa alma, avançando na virtude e no amor a Ele.
Finalmente, no advento, devemos também nos preparar para a vinda de Cristo em glória, no fim dos tempos, para julgar os vivos e os mortos, como cantamos no Credo. Devemos nos preparar para o juízo final, sobretudo nos preparando para a nossa morte. Essa vinda de Cristo é imprevisível. Se não o recebemos anteriormente em nossas almas, teremos de sofrer os castigos eternos. Se o recebemos, teremos a alegria eterna.
Como vemos, caros, católicos, as três vindas de Cristo estão intimamente ligadas. Deus Filho se fez homem, veio ao mundo, habitou entre nós, para que mais facilmente nos convertêssemos a Ele, recebendo-O espiritualmente em nossas almas. E Ele quer que O recebamos espiritualmente em nossas almas para que a sua vinda em glória para julgar os vivos e os mortos não seja para nós motivo de desespero, mas sim de alegria.
Preparemo-nos, caros católicos, no advento, para as três vindas de Cristo.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

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