4 de setembro de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

O Coração da Santíssima Virgem


Parte 1/9

Vamos a entrar já no mais secreto do homem: o coração.
A inteligência é estimável; porém mais estimável é o coração.
Disse o grande apologista Lacordaire: "Se eu tivesse de erguer um altar a alguma coisa humana, preferia antes adorar as cinzas do coração do que as do engenho".
Os maiores homens não foram os artistas, nem os sábios, foram os santos. E os santos são fruto do coração.
Um santo é um homem que viveu num ambiente habitual de heroísmo; e o heroísmo não se pode levar ao fim sem um grande coração.
As imolações das virgens, os trabalhos dos apóstolos, os sofrimentos dos mártires foram inspirados por grandes corações.
Era grande o coração de São Paulo de quem disse São João Crisóstomo: "cor Pauli, cor Christi", o coração de Paulo era como o coração de Cristo.
Grande era o coração de São Vicente de Paulo, o herói da caridade, e o de São Pedro Claver, o apóstolo dos negros, e o de São Francisco Xavier, a quem o mundo inteiro parecia pequeno para o seu zelo e não podendo conter o amor que o abrasava, repetia: "basta, Senhor, basta".
Foi grande o coração de Teresa de Jesus, serafim em carne humana.
De Deus podemos dizer que é todo coração, pois assim o define São João Evangelista: "Deus charitas est". Deus é caridade.
Todas as obras da criação são manifestações do amor de Deus para com os homens, quer dizer, do coração: " Charitate perpetua dilexi te". Amei-te com amor eterno.
Por isso o próprio Jesus Cristo, para nos fazer sentir os seus benefícios, apresenta-se-nos com o coração na mão: "eis aqui este coração que tanto amou os homens".
Porque é tão precioso o coração do homem, tantos o querem para si inteiramente.
Os pais querem para si o coração dos filhos.
Os esposos desejam mutuamente o coração.
Os amigos reclamam também uma pequena parte do coração, e oferecem em troca um pouco do seu.
Todos alegam algum direito para possuir o coração do homem.
Porém no caminho da vida aparece uma infinidade de ladrões que, sem direito algum, gritam com insistência: entrega-me o coração.
Acima de todos os que solicitam o coração esta deus, o único que tem direito sobre ele.
Não é uma súplica, é uma ordem: "Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração".
E não se contenta com uma parte, mas pede-o todo inteiro, pois é todo seu.
O coração do homem deve ser um magnífico tesouro quando tantos o querem para si; e quando o próprio Deus o pede ao homem em paga dos benefícios que lhe faz.

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