15 de setembro de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

O Coração da Santíssima Virgem

Parte 5/9


Como ordenarás o teu coração, para que se pareça com o da Virgem Santíssima?
Não te pedem que não sintas tristezas ou alegrias, temores e esperanças, ódio e amor. A Santíssima Virgem também sentiu isso. O que deves fazer é orientar os sentimentos para o verdadeiro bem, e para isso mostra-o ao teu coração.
Que a inteligência iluminada pela fé apresente ao coração o bem supremo que é Deus; que lhe apresente a virtude e o heroísmo, digno de ser amado.
O coração irá atrás dele e amá-lo-á.
Que a tua inteligência mostre ao teu coração a repugnância do vício, e a vergonha de certos prazeres.
Que a tua inteligência tire do caminho da vida as rosas que o mundo espalha e descubra ao coração os espinhos que se escondem por baixo.
Porque é que o coração de muitas jovens ama as bagatelas do mundo? Porque o mundo as apresenta muito sedutoras.
Porque é que o coração de muitas jovens procura alguma coisa que não encontra? Porque essa coisa a inventaram elas na sua imaginação e não existe na realidade.
Porque não amam a Deus, não obstante ser infinitamente amável? Porque a sua inteligência não o conhece.
Porque não amam a virtude? Porque a sua inteligência não descobriu nela a felicidade que encerra.
Jovens, entregai o vosso coração a um bom piloto; e esse bom piloto não é o mundo, não é a imaginação louca; esse piloto é a razão quando leva em suas mãos a luz da fé.
Quantas jovens naufragam entre os escolhos do mundo porque entregaram o seu coração a um mau piloto.
Passada a infância, começa a despertar o coração, começa a sentir desejos estranhos, procura algo que não sabe o que é. Esse coração é como a borboleta que desperta ao sentir o calor da primavera; voa para toda a parte, por todas as árvores, por todas as flores, como se procurasse alguma coisa que não encontra. Ao sentir esses desejos, essas aspirações indefinidas e não podendo satisfazê-las, a jovem sofre, entristece-se e sente aborrecimento da vida; está mal humorada; em casa ninguém a pode aturar.
O que tem a nossa filha? perguntam os seus pais. Como esta mudada!
O mundo aproveita-se desse estado psicológico e mostra-lhe todos os seus encantos: bailes, companheiras, diversões, vestidos de noite; e diz-lhe o mundo: aqui o teu coração encontra o que procura, vem. Vem, dizem as jovens que já estão nesse jardim fantástico; vem, se visses como somos felizes! E a jovem procurando o que o seu coração necessita, vai para o mundo, e como não encontra o que as outras dizem que há, como o seu coração não satisfaz os seus anseios, vai mais para diante e chega até à beira dos prazeres ilícitos. Mas detém-se diante da cerca: o temor de Deus que lhe ensinaram desde pequenina ainda a contém.
Mas naquele jardim encantado há outras jovens mais audaciosas que a convidam a passar o cercado: não sejas tão covarde; vem conosco, aqui sim, encontrarás a felicidade que o teu coração procura.
E ela passa a cerca e saboreia o prazer proibido. É doce a princípio, é verdade, mas deixa um gosto amargo. E o coração da jovem segue os seus anseios sem se fartar. Até onde chegará?
Olhai à vossa volta. Olhai essas jovens que com a sua conduta escandalosa dão que falar a toda a gente. Aí tendes até onde chega um coração que teve por piloto o mundo e a imaginação.

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