13 de setembro de 2018

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.,

RETRATOS DE NOSSA SENHORA

O Coração da Santíssima Virgem

Parte 4/9


O coração da Santíssima Virgem nunca desfaleceu.
O coração de Maria vibrou com ira santa, como o coração de seu Filho. Também ela, como seu Filho, sentia o zelo da glória de Deus; e crescia esse zelo quando via essa glória escarnecida.
O coração do homem é como uma lira de onze cordas. E o coração da Santíssima Virgem é como uma lira perfeita. Nenhuma dessas cordas lhe falta, todas vibraram com perfeição.
Porém essa lira pode-se tornar um hino a Deus ou a um ídolo da terra. O coração da Virgem Santíssima só vibrou para Deus.
Se deseja ou foge, se goza ou se entristece, se teme ou espera, é porque ama a Deus, porque ama a seu Filho.
Os homens têm nas suas mãos a lira do coração, porém com ela não louvam a Deus, cantam a ídolos de ouro ou a ídolos de carne.
O coração da Santíssima Virgem é uma lira bem afinada; a dos homens é uma lira desafinada. Esta é a grande diferença.
O coração compara-se também ao mar; o mar pode estar calmo ou agitado.
O coração da Santíssima Virgem é um mar sempre calmo, todos os seus afetos estão ordenados. O dos homens é um mar quase sempre agitado, porque os afetos desse coração são desordenados.
Para que o teu coração se assemelhe ao da Santíssima Virgem tens que ordenar os seus afetos. 
Em que consiste essa ordem? Em que os afetos obedeçam à razão e à fé.
No coração da santíssima Virgem nenhum deles se movia se não o mandava a razão iluminada pela fé.
Quando a razão dizia: tens que odiar, o coração odiava; quando a razão dizia: tens que amar, o coração amava. E enquanto o coração amava ou odiava, a razão dirigia esse amor e esse ódio, para que não saísse fora dos limites.
A razão era o piloto que governava a nau para não se desviar da rota. No coração do homem sucede o contrário; muitas vezes antes que a razão diga se se deve amar ou se se deve odiar, o coração vai amando ou odiando. 
Adiantou-se à razão.
E quando esta quer reprimir esses afetos porque se desviam para pessoas ou objetos que não são dignos do seu amor, ou porque se exaltam mais do que o conveniente, o coração responde: não quero obedecer-te.
As ondas do mar encrespam-se, sem que haja uma voz poderosa que as acalme.
A barquinha do coração vai à deriva, sem um piloto que a governe.

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