CAPÍTULO XXXIII
Da morte do Padre Santo Antônio e dos anos da sua vida quantos foram
Como Santo Antônio houvesse ministrado ao povo de Pádua a palavra de Deus por toda aquela Quaresma e até ao Pentecostes, chegadas que foram as ceifas passou-se a um lugar solitário chamado Camposampiero, a fim de, por algum tempo, em sossego, mais proveitosamente se entregar à oração e ao estudo das Santas Escrituras.
E os frades tinham ali um grande amigo que à sua custa os sustentava, o qual acolheu a Santo Antônio com muita devoção assim como se fora um anjo enviado do céu.
A pedido do Santo mandou ele fazer, na montanha, com ramos de árvores, três celas onde folgadamente se entregassem à oração e contemplação ele e mais os seus dois companheiros, varões de muita perfeição, Frei Lucas e Frei Rogério.
Mas, passado pouco tempo, faleceram-lhe as forças do corpo, e por isso pediu para o levarem ao convento de Pádua. E porque vinha a ele muita gente, a fugir a honras e aplausos mudou-se dali para o eremitério dos frades que nos ofícios divinos e no mistério dos sacramentos serviam as Senhoras Pobres ou Clarissas num mosteiro fora da cidade.
E, crescendo a enfermidade, depois de ter proferido palavras de muita edificação e dado mostras de grande devoção, sua alma santíssima passou à glória de Deus Pai.
E somaram trinta e seis os anos todos de sua vida, a saber: viveu em casa de seus pais quinze anos; no mosteiro de S. Vicente que é na cidade de Lisboa, dois; nove, no mosteiro de Santa Cruz de Coimbra; e por último, na Ordem de São Francisco, mais dez anos, e depois bem-aventuradamente acabou seus dias com muitos milagres e maravilhas.
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