2 de fevereiro de 2019

A .Alma de Todo Apostolado, J. B. Chautard,

A Alma De Todo Apostolado

J. B. Chautard
2 - Deus quer que Jesus seja a vida das obras

Parte 2/3

Os homens chamados à honra de colaborar com o Salvador em transmitir às almas essa vida divina devem, portanto, considerar-se como modestos canais encarregados de haurir tal vida nessa fonte única.
Grosseiro erro teológico deixaria transparecer um homem apostólico, se desconhecesse estes princípios e julgasse que podia produzir o minimo vestígio de vida sobrenatural sem ir totalmente buscá-la em Jesus.
Desordem menor, mas também insuportável aos olhos de Deus, seria se o apóstolo, reconhecendo embora que o Redentor é a causa primordial de toda a vida divina, na sua ação olvidasse esta verdade e, obcecado por louca presunção injuriosa a Jesus Cristo, apenas contasse com as suas próprias forças.
Tão somente falamos aqui da desordem intelectual, que teórica ou praticamente implica a negação de um princípio ao qual devemos tanto a adesão de nosso espírito como a conformidade da nossa conduta; e não da desordem moral do homem de obras, o qual, reconhecendo realmente o Salvador como fonte de toda a graça e esperando dele todo o bom êxito, tenha o próprio coração em desacordo com o dele, devido ao pecado ou à tibieza voluntária.
Ora, o proceder praticamente, ao ocupar-se de obras, como se Jesus não fosse o único princípio da voda delas, é qualificado pelo Cardeal Mermillod de "Heresia das Obras". Com esta expressão, estigmatiza ele a aberração de um apóstolo que, esquecendo-se do seu papel secundário e subordinado, unicamente esperasse o bom êxito do seu apostolado, da sua atividade pessoal e dos seus talentos. Praticamente, não é isto a negação de grande parte do Tratado da Graça? Esta consequência à primeira vista revolta; mas por pouco que sobre ela se reflita, logo se vê que é infelizmente muito verdadeira.
Heresia das obras! A atividade febril substituindo-se à ação de Deus, a graça desconhecida, o orgulho humano querendo destronar Jesus, a vida sobrenatural, o poder da oração, a economia da Redenção atiradas, pelo menos na prática, à categoria das abstrações, eis um caso que longe esta de ser imaginário e que a análise das almas revela como frequentíssimo, embora em graus diversos, neste século de naturalismo em que o homem julga sobretudo pelas aparências e procede como se o bom êxito de uma obra dependesse principalmente de engenhosa organização.

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