11 de julho de 2015

Sermão Padre Renato Coelho- Missa 28/06/2015.

Sermão: S. Pedro e S. Paulo
A Igreja, S. Pedro e S. Paulo
Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Hoje celebramos a solenidade da festa de S. Pedro e S. Paulo que ocorre normalmente no dia 29 de junho, mas no Brasil fica transferido para o domingo que a Conferência dos Bispos escolheu, no caso, hoje.
Esta festa homenageia os fundamentos da Igreja, os dois grandes santos apóstolos S. Pedro e S. Paulo, que simbolizam a salvação aberta a todos os homens, judeus e pagãos respectivamente. Na missa de hoje o foco principal é S. Pedro e no dia 30 de junho será feita a comemoração de S. Paulo. Antes de tudo, vejamos a relação entre o papado e a Igreja.
O papa Leão XIII em sua encíclica “satis cognitum” (DH 3300) ensina que a Igreja, entendida como “corpo de Cristo”, deve ser necessariamente visível. Ele também nos alerta que aqueles que imaginam uma Igreja a seu gosto andam em grande e pernicioso erro. A Igreja é visível, assim como os sacramentos da Igreja são visíveis, pois ela é feita para os homens e não para os anjos. Uma Igreja constantemente sem Papa, nem projeto de eleger um novo, foge do projeto de Cristo.
Jesus Cristo tampouco concebeu ou formou a Igreja de modo que compreendesse uma pluralidade de comunidades semelhantes em seu gênero, porém distintas e não ligadas por vínculos que a tornam indivisível e única, ao modo como professamos no Credo: Creio na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. Imaginar uma supra-Igreja, acima de todas as outras, inclusive da própria Igreja Católica Romana, é uma ilusão e uma heresia.
Erram também gravemente os que chamam os protestantes de “Igreja”, pois não tendo sucessão apostólica nem a Eucaristia, não podem receber o título de “Igreja”, conforme a própria Congregação para a Doutrina da Fé explicou em 2007 (29/6). Por isso, o fato de alguém não pertencer à única Igreja de Cristo, a Igreja Católica Apóstolica Romana, é sinal de perdição, pois se está afastado do caminho de salvação.
Além do Papa, a ordem episcopal “faz parte da constituição íntima da Igreja” (DH 3307), donde se deduz que para a Igreja sempre existir até os fins dos tempos, deve existir sempre bispos católicos vivos. No dia em que não houver mais bispo algum, não haverá mais sacramentos, não haverá mais Igreja. Por isso, outro grande erro moderno consiste no fiel dizer “eu sou Igreja”. Se um simples fiel leigo “fosse Igreja”, então a Igreja continuaria existindo mesmo na hipótese de todos os bispos morrerem, o que, como já foi dito, é um absurdo. Logo um fiel pode pertencer à Igreja, mas sem os bispos, ou desconectado deles, não pode haver Igreja. É por isso também que a Igreja continua existindo mesmo quando não há Papas reinando, pois tendo bispos e a vontade de se eleger um novo Papa, tem-se o necessário para perpetuar a Igreja no tempo.
Leão XIII enfatiza ainda que para haver unidade na Igreja é preciso haver unidade na fé bem como unidade de governo. As Sagradas Escrituras atestam que somente a Pedro foram confiadas as chaves do reino dos céus. Não há dois poderes na Igreja, um do Papa e outro do colégio apostólico, mas sim um só, do Papa. A Igreja reconhece que os bispos possuem uma autoridade que lhes é própria, mas para manter a unidade da fé e de governo, é preciso que haja um bispo dentre os demais que possua a autoridade suprema sobre os outros à qual todos devem obedecer e não uma primazia meramente honorífica. O poder papal é universal, enquanto que os bispos locais têm um poder limitado.
Tudo isso não impediu que S. Paulo, no devido momento e na devida maneira, corrigisse S. Pedro quando ele titubeou em afirmar claramente que os ritos mosaicos não eram mais necessários (Gal 2, 11). Não somos obrigados a imitar S. Pedro em tudo, sobretudo quando não age propriamente como papa, usando o magistério e o pleno poder e que, ainda por cima, nos coloca em risco de trairmos o Evangelho de algum modo. Para isso é necessária a prudência e a santidade de S. Paulo, modelo de apóstolo, para podermos agir bem, pois faltar com o devido respeito nesse assunto pode ser matéria grave.
Quando um papa afirma que atualmente “cresceu a sensibilidade ecológica das populações” (LS 55), não se pode exigir uma adesão de fé, pois não se trata de fé, nem se pode exigir uma adesão da inteligência, pois o mínimo bom senso repugna à veracidade de tal afirmação. Se os homens de hoje se afastam cada vez mais da santidade, a qual conduz também a um uso racional e prudente da natureza, como pode ser que esses mesmos homens ímpios “cresçam em sensibilidade ecológica”? Obviamente, repugnar uma afirmação feita por um papa, não implica em repugnar o papado em si. Devemos obedecer ao Papa como qualquer católico, mas não podemos nos eximir do uso da inteligência, pois senão estaríamos condenando a atitude de S. Paulo e desse modo nos afastaríamos do Evangelho.
Podemos tranquilamente comprar ares-condicionados, caso precisemos e segundo os nossos meios, sem acreditar que haja alguma relação entre esse ato e ter um comportamento suicida. O problema atual do mundo está no pecado da sodomia, do aborto, da eutanásia e, principalmente, do indiferentismo religioso insuflado pelo falso ecumenismo e pela “libertinagem religiosa”, e não na compra ou produção de ares-condicionados...
Que Nossa Senhora de Fátima nos ajude a nos manter firmes na fé, sempre mantendo também a caridade, sem a qual a fé é morta.
Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.


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Atos 12, 1-11: S. Pedro foge da prisão (via anjo) e das mãos de Herodes e dos Judeus
Mt 16, 13-19:  Tu es Petrus...

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