11 de abril de 2022

MEDITAÇAO PARA SEGUNDA-FEIRA MAIOR

Caríssimos, eis que estamos na Segunda-Feira Maior, e a liturgia de hoje é inteiramente dominada pelo tema da Paixão. Todo o próprio apresenta a Paixão e a morte do Senhor. No  intróito, gradual e comunhão temos o Salmo 34, com o qual imploramos, com Cristo, a ajuda de Deus contra os ímpios. Nosso Senhor mesmo aplicou este salmo a si mesmo (João, XV, 25). Este salmo é também uma maldição contra Judas, o traidor. Além disso, a liturgia apresenta-nos hoje duas figuras intimamente relacionadas à Paixão. Uma para nos consolar; a outra é uma seríssima admoestação para nós. Essas figuras formam um contraste marcante: Santa Maria Madalena e o o traidor Judas. Nosso Senhor se encontra na casa de Lázaro. Santa Maria Madalena unge seus pés para o seu "sepultamento" e os enxuga com seus longos cabelos. Judas, ganancioso, fica descontente ao que Jesus o repreende. Culpa esta que foi o ponto culminante que levou à determinação de Judas de trair o Bom Jesus. Foi, assim, uma importante refeição mortuária que trouxe a morte, por Judas, e preparou o sepultamento, por Santa Maria Madalena. E o Salvador entrega o seu corpo a ambos. À Madalena pela unção e a Judas pelo beijo traiçoeiro; e dá-o também aos bons que o cercam de afeto e respeito ao mesmo tempo em que ele o dá aos ímpios que o crucificam. É o que ele mesmo expressa, de maneira marcante, na Epístola, retirada do Profeta Isaías: “corpus meum dedi percutiéntibus et genas meas velléntibus : fáciem meam non avérti ab increpántibus et conspuéntibus in me”.

Isto também se aplica ao seu corpo místico. Cristo volta a percorrer a sua paixão através dos séculos, e de novo abandona o seu corpo às unções das Madalenas, bem como aos beijos pérfidos dos Judas; ele deixa que seu rosto seja golpeado e dilacerado. Santo Agostinho nos explica como devemos ungir seu corpo: “Unja os pés de Jesus com uma vida agradável a Deus. Siga seus passos, se tens alguma coisa supérflua, dá-a aos pobres, e terás enxugado os pés do Senhor”. Podemos assim consolar Cristo em sua paixão mística. Ele recebe tantos beijos de Judas pelos pecados dos cristãos!

Santa Madalena e Judas acompanham o Salvador sofredor durante toda a Semana Santa. Na quarta-feira maior, Judas vai procurar os príncipes dos sacerdotes para negociar sua traição, enquanto Madalena serve ao Senhor em sua casa; na quinta-feira maior, Judas pergunta insolentemente: Sou eu? E, à noite, no Horto das Oliveiras, dá um beijo traiçoeiro em Jesus. Madalena, por sua vez, despediu-se de Jesus com lágrimas. Na sexta-feira maior, Judas joga suas trinta moedas de prata no templo, depois se enforca, tendo seu ventre aberto e suas entranhas espalhadas pelo chão. A Madalena é um dos poucos fiéis que permanecem perto da Cruz cujo pé ela beija. No domingo, ela é a primeira mensageira da Páscoa, sendo chamada pela Santa Romana Igreja de apóstolo dos apóstolos, e possuindo o prefácio dos apóstolos em sua festa litúrgica.

O Senhor também segue seu caminho doloroso através de nossa vida pecadores. Há duas almas em nós, uma alma de Judas e uma alma de Madalena. A primeira é a causa de sua Paixão, é uma alma traidora, sempre pronta para o pecado, para a apostasia, para o beijo de Judas... Quem pode dizer que ele não tem essa alma de Judas em si? Mas a alma de Madalena consola o Senhor no seu caminho doloroso pela oração e pela penitência. Caríssimos, que o tempo da Quaresma, que estamos terminando com alegria, graças a Deus, nos permita sufocar a alma de Judas dentro de nós e fortalecer a alma da Madalena! Coragem!

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