9 de abril de 2020

A ALMA DE TODO APOSTOLADO

J. B. Chautard

Parte 3/8

Como caiu esta alma em estado tão lamentável? Inexperiência, presunção, vaidade, imprevidência e relaxação. Não pensando em seus parcos recursos espirituais, lançou-se à ventura através dos perigos. Esgotadas suas provisões de vida espiritual, vê-se na situação do nadador temerário que já sem forças para lutar contra a corrente, se deixa arrastar para o abismo. Detenha-mo-nos um instante para medir com o olhar o caminho percorrido e a profundidade do precipício. Procedamos ordenadamente e contemos as etapas.
Primeira etapa.  Em primeiro lugar, a alma foi progressivamente perdendo (se é que as chegou ter!) a nitidez e a força das convicções sobre a vida sobrenatural, o mundo sobrenatural e a economia do plano e da ação de Nosso Senhor quanto à relação da vida intima do obreiro evangélico com as obras. A alma não mais contempla essas obras senão através de um prisma enganador. É a própria vaidade que sutilmente serve de pedestal à pretensa boa intenção: " Que querem, Deus concedeu-me o dom da palavra: devo agradecer-lho", respondia aos lisonjeiros um pregador enfatuado de vã complacência e inteiramente exteriorizado. A alma, mais que a Deus, procura-se a si mesma. Reputação, glória, interesses pessoais estão em primeira plana. O Si homínibus placerem, servus Christi nom essem, torna-se para ela palavra vazia de sentido.
Não falando da ignorância dos princípios, a ausência da base sobrenatural que caracteriza esta etapa tem, ora como causa, ora como consequência imediata, a dissipação, o esquecimento da presença de Deus, o abandono das orações jaculatórias e da guarda do coração, a falta de delicadeza de consciência e de regularidade de vida. A tibieza aproxima-se, se é que não começou já.

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