16 de abril de 2020

A ALMA DE TODO APOSTOLADO

J. B. Chautard

Parte 5/8

Tudo esta maduro para a Terceira Etapa cujo sintoma é a negligência na recitação do Breviário. A oração da Igreja, que ao soldado de Cristo devia dar alegria e força para de quando em quando remontar até Deus e haurir nele o meio de pairar sobre o mundo visível, torna-se-lhe carga insuportável. A vida litúrgica, fonte de luz, de alegria, de força, de méritos e de graças para si e para os fiéis, já não é mais que a ocasião de um dever desagradável que de má vontade se cumpre. A virtude íntima da religião esta mais que atingida. Contribuiu para ressequi-la a febre das obras. A alma já não vê o culto de Deus senão ligado a pomposas manifestações exteriores. O sacrifício pessoal e obscuro, mas afetuoso de louvor, de súplica, de ação de graças, de reparação, já nada lhe diz. Não há muito, durante a recitação das suas orações vocais, ela repetia com legítima altivez, como se quisera rivalizar com um coro de monges: eu também In conspectu angelorum psallam tibi. O santuário dessa alma, outrora perfumado de vida litúrgica, tornou-se praça pública onde reinam o ruído e a desordem. A solicitude exagerada pelas obras e a dissipação habitual encarregam-se de multiplicar consideravelmente as distrações que, de mais a mais, cada vez são menos combatidas. Non in commotione Dominus. Ali já não há oração verdadeira. Precipitação, interrupções não justificadas, negligências, sonolência, atrasos, adiamento para a última hora, com perigo de ser vencido pelo sono . . . , e talvez, de quando em quando, omissões, transformam o remédio em veneno e o sacrifício de louvor em ladainha de pecados, que chegarão talvez a não ser já simplesmente veniais!

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