22 de novembro de 2019

A ALMA DE TODO APOSTOLADO

J. B. Chautard

Parte 3/4

"Eu amo a Jesus Cristo, dizia Santo Afonso de Ligório, e por isso mesmo abraso-me em desejos de lhe dar almas, primeiramente a minha, depois um número incalculável de outras'. É o cumprimento do tuus esto ubique de São Bernardo: "Não é sábio quem o não é consigo mesmo."
O santo abade de Claraval, verdadeiro fenômeno de zelo apostólico, seguia essa ordem. Godofredo, seu secretário, no-lo descreve: Totus primum sibi et sic totus omnibus.
Não vos digo, escreve esse mesmo santo ao Papa Eugênio III, que ponhais completamente de parte as ocupações seculares. Exorto-vos apenas a que não vos dediqueis inteiramente a elas. Se sois o homem de todos, sede-o também para vós mesmo. Do contrário, de que vos serviria ganhar os outros todos, se viésseis a perder vossa alma? Reservai, portanto, alguma coisa para vós mesmo e se todos vêm beber à vossa fonte, vós mesmo não vos priveis de beber nela. Pois só vós haveis de ficar com sede? Começai sempre por vos considerar a vós mesmo. Debalde vos consagraríeis a outros cuidados, se chegásseis a tratar a vós mesmo com negligência. Todas as vossas reflexões devem, portanto, começar por vós e terminar da mesma forma. Sede para vós o primeiro e o último, e lembrai-vos que, no negócio de vossa salvação, ninguém tem maior parentesco convosco do que o filho único de vossa mãe.
Bastante sugestiva a seguinte Nota de retiro do Monsenhor Dupanloup: " Tenho uma atividade terrível que me arruína a saúde, me perturba a piedade e de nada serve à minha ciência. Isto deve ser regulado. Fez-me Deus a graça de reconhecer que a atividade natural e o incitamento das ocupações são os principais obstáculos que vejo em mim para a conservação da vida interior tranquila e frutuosa. Reconheci também que esta falta de vida interior é a origem de todas as minhas faltas, perturbações, securas, repugnâncias, de minha saúde precária.
"Resolvi, portanto, dirigir todos os meus esforços para a aquisição dessa vida interior que me falta e, com esse fito, regulei, merce de Deus, os pontos seguintes:
1° -  Reservarei sempre algum tempo além de necessário para fazer qualquer coisa: este é o meio de nunca ter pressa nem aceleramento.
2° -  Como tenho sempre mais coisas a fazer do que tempo para as fazer, e como esta perspectiva me preocupa e me causa demasiada viveza, não mais hei de pensar nas coisas que tenho para fazer, e sim no tempo que devo consagrar-lhes. Hei de empregar esse tempo sem perder um minuto, começando pelas coisas mais importantes; e, se algumas não puder fazer, nem por isso me hei de inquietar, etc ..."

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