A ALMA DE TODO APOSTOLADO
J. B. Chautard
Objeção tirada da importância da salvação das almas.
Parte 1/4
Mas, dirá a alma exterior à procura de pretextos contra a vida interior, como atrever-me a limitar minhas obras de zelo? Posso porventura dizer que despendo forças demais, tratando-se sobretudo da salvação das almas? A minha atividade não substitui tudo, com muita vantagem, pelo sublime exercício da dedicação? Quem trabalha, ora. O sacrifício avantaja-se à oração. E São Gregório não chama ao zelo das almas o mais agradável sacrifício que se possa oferecer a Deus? Nullum sacrificium est Deo magis acceptum quam zelus animarum.
Precisemos primeiramente o verdadeiro sentido desta frase de São Gregório, servindo-nos da voz do Doutor angélico. Oferecer espiritualmente um sacrifício a Deus, diz ele, é oferecer-lhe alguma coisa que o glorifique. Ora, de todos os bens, o mais agradável que o homem pode oferecer é indubitavelmente a salvação de uma alma. Mas cada qual deve antes de tudo oferecer-lhe a sua própria alma, segundo oque diz a Escritura: Quereis agradar a Deus, tende piedade de vossa alma. Feito este primeiro sacrifício, ser-nos-á então permitido proporcionar aos outros felicidades semelhante. Quanto mais estreitamente o homem unir a Deus sua alma primeiro, e depoi/ s a de outrem, tanto mais favoravelmente será acolhido seu sacrifício. Mas esta união, tão íntima e generosa quão humilde, apenas pode contrair-se pela oração. Aplicar-se cuidadosamente ou fazer aplicar os outros à vida de oração, à contemplação, agrada, portanto, muito mais a Deus do que consagrar-se ou obrigar os outros à ação, às obras. Portanto, concluí São Tomás, quando São Gregório afirma que o sacrifício mais agradável a Deus é a salvação das almas, não é sua intenção dar à vida ativa preferência sobre a contemplação; quer apenas dizer que oferecer a Deus uma só alma, lhe dá infinitamente mais glória e a nós muito mais méritos de que apresentar-lhe tudo quanto de mais precioso exista na terra.
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