22 de junho de 2020

A ALMA DE TODO APOSTOLADO

J. B. Chautard


Parte 9/31

Irradia Caridade

Possuir a caridade, eis o que sobretudo ambiciona toda alma cuidadosa de se santificar. A compenetração de Jesus e da alma, o Manet in me et ego in eo, eis o fim de todo homem interior.
Os pregadores experimentados são unânimes em reconhecer que, se as práticas do começo sobre a morte, o juízo, o inferno, são indispensáveis e sempre salutares num retiro ou numa missão, a instrução sobre o amor de Nosso Senhor produz ordinariamente impressão mais salutar. Dada por verdadeiro apóstolo, capaz de fazer partilhar pelo auditório os sentimentos que o animam, essa instrução assegura o êxito e determina as conversões.
Quer se trate de afastar uma alma do pecado, quer de levá-la do fervor à perfeição, o amor de Jesus é sempre a alavanca incomparável. O cristão atolado no lodo, mas capaz de adivinhar no seu semelhante um amor ardente ateado nas realidades invisíveis e, considerando por outro lado as decepções e o vácuo dos amores terrestres, logo começa a sentir repugnância pelo pecado. Compreendeu alguma coisa de Deus, alguma coisa do imenso amor de Jesus pela sua criatura. Sentiu dentro de si um como estremecimento da graça latente do seu batismo e da sua primeira comunhão. Jesus apresentou-se-lhe vivo, visto como as ternuras do seu coração transpareceram através da fisionomia e da voz do seu ministro. Entreviu outro amor, o amor nobre, puro, ardente e disse de si para si: Já neste mundo é, pois, possível amar com o amor que sobreleva o amor das criaturas.
Ainda algumas  manifestações mais íntimas do Deus Amor por meio do seu arauto, e a alma acabará de sair do lodo onde se atolava e não mais lhe causarão pavor os sacrifícios necessários para adquirir o tesouro do amor divino, até então quase desconhecido para ela.
Não vale a pena desenvolver este ponto de vista, pois facilmente se adivinham os acréscimos de amor e por isso mesmo os progressos que o verdadeiro pastor pode suscitar nas almas já saídas do pecado ou já fervorosas. Mesmo sem estarem revestidos do sacerdócio, os próprios homens de obras hão de também atear em volta deles com sua caridade ardente, a mais excelsa das virtudes teologais.

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