23 de maio de 2013

Sermão Domingo de Pentecostes- Padre Daniel Pinheiro - IBP


[Sermão] A Festa de Pentecostes


Sermão para o Domingo de Pentecostes
19 de maio de 2013 - Padre Daniel Pinheiro

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém. Ave-Maria…
***
E ficaram todos cheios do Espírito Santo e falavam das grandezas de Deus (Communio).
Festejamos hoje, caros católicos, Pentecostes. Pentecostes é a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos e Nossa Senhora no cenáculo em Jerusalém. A descida do Espírito Santo em Pentecostes é importantíssima. Ela é a festa da promulgação da Igreja e a festa da promulgação da nova lei.
No Antigo Testamento, a festa de pentecostes comemorava a promulgação da lei mosaica, dada por Deus a Moisés no Monte Sinai, e que constituiu perfeitamente os judeus como o povo eleito. Podemos dizer que Pentecostes que nós comemoramos hoje foi a promulgação da Nova Lei, a promulgação da Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo sobre a Cruz. Nosso Senhor começou a fundar a Igreja por sua pregação; Ele consumou a fundação quando estava pregado na Cruz e, finalmente, Ele promulgou a sua Igreja aos olhos de todos quando mandou o Espírito Santo aos apóstolos, para que anunciassem o Evangelho a toda a criatura. Portanto, Pentecostes é um acontecimento capital na vida da Igreja e um acontecimento único. Pentecostes é, praticamente, o começo da Igreja.
Hoje, é muito comum ouvirmos que estamos vivendo um novo Pentecostes. Em geral, diz-se que estamos vivendo um novo Pentecostes em razão do atual fervor de caridade de nossa época, que se assemelharia ao fervor dos Apóstolos logo após Pentecostes. Basta, porém, olhar ao nosso redor e ter um pouco de bom senso para constatar que estamos bem longe do ardor apostólico, que, em um único dia, levou ao batismo cerca de três mil pessoas. O número de católicos tem diminuído proporcionalmente, o número de católicos que levam a sério a religião é ainda menor. Outros, porém, dizem, às vezes de modo inconsciente, que estamos vivendo um novo Pentecostes no sentido de que uma nova Igreja foi fundada nessas últimas décadas, a Igreja antiga e antiquada tendo sido abandonada. É um novo Pentecostes porque pretendem que uma nova Igreja foi fundada, com uma nova lei, com uma nova moral. Isso é um erro gravíssimo. A Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo é só uma e sempre a mesma até a consumação dos tempos. O Espírito Santo ensinou aos apóstolos todas as coisas, portanto, desde o início nada falta à Igreja. O Espírito Santo assiste a Igreja, garantindo sua infalibilidade e infectibilidade. A Igreja não pode mudar sua constituição, sua doutrina, sua moral. Ela é sempre a mesma, tal qual fundada por NS, que está com ela todos os dias até a consumação dos séculos.
Pentecostes, sendo a promulgação plena da Igreja, é também a promulgação plena da nova Lei. Se a Antiga Lei se baseava sobretudo no temor, a nova lei se baseia, antes de tudo, no amor. É breve a diferença entra a antiga lei e a nova lei, diz Santo Agostinho, é uma sílaba (breve): temor, amor. É uma diferença breve na palavra, mas longa no significado. A nova lei é a lei da caridade, em que devemos agradar a Deus não tanto pelo medo de punições quanto pelo amor. As punições continuam existindo, claro, e são úteis para a nossa conversão, mas o que deve nos mover a sermos bons cristãos é, antes de tudo, o amor, em resposta a todo o bem que Nosso Senhor Jesus Cristo fez por nós, indo até a morte e morte de cruz para nos salvar. O que deve nos mover é o amor, que é desejar e agir para o bem de Deus e do próximo. O que deve nos mover é o amor, quer dizer, o fato de reconhecermos as perfeições divinas e o fato de desejar que Deus seja mais conhecido, amado e servido. A Nova Lei é a lei da caridade, é a lei do amor. Todos sabem disso, mas como é mal compreendida essa lei da caridade! Para evitar todo equívoco a respeito do que é essa caridade, Nosso Senhor deixa claro que aquele que o ama verdadeiramente é aquele que guarda as suas palavras. A nova lei não é o politicamente correto. A nova lei não é um sentimento vago e difuso. A nova lei não é se sentir bem e está tudo ótimo. A nova lei não é a união sentimental em detrimento da verdade ou a paz em detrimento de Deus. A nova lei não é cada um faz o que quiser desde que não prejudique seu próximo. A nova lei é guardar as palavras de Nosso Senhor e coloca-las em prática, porque assim agimos para o nosso bem, para a nossa salvação. Assim agimos para o bem do próximo e da sociedade. Assim agimos para que Deus seja mais conhecido, amado e melhor servido. O Espírito Santo, que infunde em nossa alma a graça e a caridade, faz que observemos as palavras de Cristo, seus mandamentos.
No dia de Pentecostes, o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos e Nossa Senhora na forma de línguas de fogo. Vejamos o que significa isso. O fogo tem luz, tem calor, e tinha, nesse caso, forma de língua (a explicação que segue é baseada em São Roberto Belarmino).
A luz dessas línguas é a sabedoria. Como Nosso Senhor havia dito antes aos apóstolos – ouvimos no Evangelho de hoje – o Espírito Santo veio, em Pentecostes, ensinar toda a verdade aos Apóstolos e recordar tudo aquilo que o Salvador havia dito. Nosso Senhor deu aos Apóstolos o mandamento de ensinar o Evangelho a todos os homens. Para fazê-lo sem erro e de maneira eficaz, eles precisavam da assistência do Espírito Santo. Depois de Pentecostes, os Apóstolos gozam de uma infalibilidade pessoal. Isso significa que os Apóstolos não podiam errar quando ensinavam em matéria de fé e moral. Os Apóstolos, auxiliados pelos dons do Espírito santo, tinham também um conhecimento profundo das verdades de fé, necessário para que fossem lançados os fundamentos sólidos da Igreja. A luz das línguas de fogo significa, então, a fé profunda dos apóstolos, a infalibilidade de que gozavam e o conhecimento profundo da doutrina de Nosso Senhor.
O calor dessas línguas de fogo é a caridade e o zelo. Com a Ascensão de Cristo e a descida do Espírito Santo, os Apóstolos são inflamados com a caridade divina, com o amor pelas coisas do alto. Eles buscam com afinco a glória de Deus, que consiste em que Deus seja mais amado, conhecido e amado pelos homens. Eles buscam com afinco transmitir o Evangelho para salvar o próximo. Essa caridade intensa para com Deus e para com o próximo dá origem ao zelo, que consiste em repelir tudo o que possa prejudicar o bem amado. Os Apóstolos combaterão com ardor tudo o que ofende Deus, tudo o que prejudica as almas. Eles combaterão os erros, os falsos profetas, o pecado.
O formato de língua de fogo significa a eloquência, que foi dada aos Apóstolos, para exercerem a missão de pregar o Evangelho a todos os povos. Por isso, então, a forma de língua do fogo. Os apóstolos deviam transmitir e bem aquilo que conheciam profundamente e aquilo que amavam intensamente.
Peçamos, portanto, caros católicos, ao Espírito Santo, nesse dia de Pentecostes e durante a oitava de Pentecostes, que nos sejam dadas as graças simbolizadas pelas línguas de fogo. Não peçamos carismas ou dons carismáticos, que não nos unem necessariamente a Deus e que têm pouca utilidade hoje. Peçamos ao Divino Espírito Santo a graça de uma fé viva e profunda, peçamos a graça de um zelo ardente pela glória de Deus e pela salvação das almas, a começar pela nossa. Peçamos a graça de fazer um apostolado eficaz, segundo nossas forças e capacidades, sobretudo pelo exemplo. Peçamos a ele a graça do verdadeiro amor a Deus, que é guardar os mandamentos de Nosso Senhor, pois somente assim fazemos realmente o bem para nós mesmos, para o próximo, para a sociedade e damos maior glória a Deus. Façamos isso imitando os apóstolos: perseverando na oração e em união com Maria Santíssima. Nosso Senhor veio trazer o fogo do amor divino à terra. Ele quer que esse fogo se acenda… ele quer que esse fogo se acenda em nossas almas.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

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