2 de maio de 2011

2 de maio: Santo Atanásio, Confessor e Doutor da Igreja

Atanásio de Alexandria, que lutou bravissimamente pela religião católica, foi ordenado diácono por Alexandro, bispo de Alexandria, cujo lugar ele ocuparia. Ele já antes havia acompanhado esse bispo ao concílio de Niceia; aí, reprovando a impiedade de Ario, foi objeto de tanto ódio por parte dos arianos, que desde aquele tempo nunca deixaram de tramar-lhe ciladas. Uma vez, reunindo em Tiro um concílio cuja maior parte era de bispos arianos, subornaram uma mulherzinha, que acusou Atanásio de estuprá-la quando ela lhe prestou hospedagem em sua casa. Entrou, então, Atanásio, e junto com ele o sacerdote Timóteo, que, fingindo ser Atanásio, perguntou: Fui eu, ó mulher, que me deitei contigo? Fui eu que te violei? Ao que ela respondeu com insolência: Tu me tomaste à força. E, jurando-o, protestava que fosse feita justiça, e que tal maldade fosse vingada. Reconhecida, então, a fraude, rejeitaram a falta de vergonha da mulher.

Os arianos também acusaram Atanásio de assassinar o bispo Arsênio, e, mantendo preso ocultamente este Arsêno, trouxeram para o julgamento a mão de um homem morto, sustentando que era a de Arsênio, que Atanásio haveria amputado para usar na arte da magia. Mas Arsênio escapou durante a noite, e apareceu em pé diante de todos no concílio, tornando-se, assim, patente o desvergonhadíssimo crime dos inimigos de Atanásio. Por toda a sua vida eles acusaram Atanásio de magia. Por essa acusação ele foi exilado para Trèves, na Gália. Daí em diante, sob o imperador Constâncio, protetor dos arianos, ele foi abalado com fortes e contínuas tempestades, e suportou incríveis calamidades, tendo de vagar por uma grande parte da terra; e, sendo frequentemente expulso da sua igreja, e também muitas vezes restituído a ela por autoridade do Romano Pontífice Júlio, e pelo imperador Constante, irmão de Constâncio, bem como pelos decretos do concílio de Sardica e de Jerusalém. Enquanto isso, os arianos sempre o molestaram: foi fugindo da sua ira pertinaz e do iminente risco de vida que ele se escondeu por cinco anos numa cisterna seca, fato que ninguém conhecia senão apenas um certo amigo de Atanáio, que o sustentava secretamente.

Quando morreu Constâncio, assumendo o império, Juliano, o Apóstata, permitiu que os bispos exilados retornassem às suas igrejas, e Atanásio de Alexandria, voltando, foi recebido com suma honra. Mas, não muito tempo depois, por influência dos mesmos arianos, ele teve de partir novamente, perturbado por Juliano. Este enviou soldados para matá-lo. Atanásio fugia de barco (Nilo acima), seguido pelos soldados, e, antes que estes estivessem à vista, aquele fez a volta e começou a navegar rio abaixo, de modo a encontrar aqueles que o perseguiam; encontrando a barca, os soldados perguntaram quão longe estava a barca de Atanásio, e esse respondeu: Não está longe, e, enquanto os soldados continuavam subindo, Atanásio desceu, voltando a Alexandria, onde permaneceu escondido até a morte de Juliano. Um pouco depois, surgindo contra ele uma nova tribulação em Alexandria, ele se escondeu durante quatro meses no sepulcro de seu próprio pai. Por fim, tendo sido liberdado por Deus de tantos e tão graves perigos, ele morreu em seu leito em Alexandria, sob Valente, e a sua vida e morte foi enobrecida por grandes milagres. Ele escreveu admiravelmente muitas coisas com piedade e para explicar a fé católica, e governou santissimamente a igreja de Alexandria por quarenta e seis anos, em meio a uma grande instabilidade dos tempos.




Fonte: Breviário Romano

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