9 de abril de 2011

CONHECER MARIA (III)

A perda e o encontro de Jesus.

1) O Filho: Nem sempre se encontra Jesus onde se busca, mas com freqüência ele é encontrado onde menos se crê. Por isso, que ninguém presuma ser o único a possuir Jesus, que ninguém deprecie o outro, porque ignora em que medida pode agradar internamente a Deus, realidade esta que escapa aos homens, mesmo quando por seu exterior possa ele parecer um indivíduo insignificante.

2) Por conseguinte, não deve parecer-me uma coisa estranha nem uma novidade que eu perca Jesus. Porém, sei que isto seria danoso para mim e muito doloroso para meu coração. Confesso que sou culpado e digno de grandes castigos, porque não tenho guardado bem meu coração e tenho me comportado com muita tibieza e negligência. Por isso, perdi a graça de Jesus e não sei quem ma poderá restituir, se Ele mesmo não se dignar mais uma vez a ter compaixão de mim que sou muito pobre.

3) Clementíssima Mãe de Deus, socorra-me nesta desgraça; ajuda-me, Senhora minha, protege-me, amadíssima Virgem Maria, porta da vida e da misericórdia. Peço-te alento e ajuda. Tu conheces melhor do que ninguém que grande dor causa a perda de Jesus e quanta alegria comunica seu encontro. Santíssima Virgem, se isto sucedeu contigo, que não tinha nenhuma culpa, que pode haver de tão extraordinário se a graça de Jesus não atende as esperanças de um pecador que O ofende de tantas maneiras?

4) Que devo fazer para achar a graça de Jesus? Se há alguma esperança de recuperá-la, dependerá de teu conselho, se levará a efeito por teus méritos. Dado que tu és a que está mais perto de Jesus, permanece ao meu lado até que O encontre. Depois de havê-lO visto e encontrado, cantarei jubiloso em tua companhia: “Alegrem-se todos comigo, porque encontrei aquele a quem ama a minha alma”. Ele é o mesmo a quem tu deste à luz, oh castíssima Virgem Maria.

5) A Mãe: Escuta meu conselho: imita meu exemplo, e tua alma será consolada. Se tiveres extraviado a Jesus, não te desesperes nem te perturbes em excesso. Não fiques de braços cruzados, não deixes de rezar, não te distraias em consolos terrenos, buscai melhor a solidão. Chore por ti mesmo, e no templo de teu coração acharás a Jesus, que extraviaste com teus pecados e com a complacência nas virtudes.

6) A Jesus não se encontra nas praças das cidades, em companhia de jogadores ou dos que levam vida desregrada, senão em companhia dos justos e dos santos. Deve-se buscar, gemendo de dor, quem O perdeu por culpa da própria vida desenfreada; deve-se manter com muita precaução quem O perdeu por negligência, há que suplicar com temor e reverência o que odeia, os preguiçosos e os ingratos, há que se fazer voltar com suma humildade quem se apartou por orgulho, deve se acalmar com freqüentes e sinceras orações aquele que absorto em fúteis pensamentos não escuta a quem fala em voz baixa. Mas, também há que se louvar, com grande agradecimento, àquele que sempre está disposto a conceder sua graça; há que agraciar com amor muito aceso à quem perdoa a todos, à quem tem compaixão de todos, à quem dá gratuitamente seus dons e não os nega à nenhum dos que lhO pedem.

7) Embora às vezes se demora, Deus não abandona ao que persevera na oração, senão que volta freqüentemente sem que o saiba, o ilumina mais claramente e o instrui com maior cuidado, a fim de que nunca presuma de si, porém confie humilde e devotamente n’Ele.

8) Se, pois, presta muita atenção a estas coisas, aplacará facilmente a Jesus. Encontra-lO-ás, em Jerusalém, porque este lugar está destinado à paz. Jesus, no templo de teu coração, repetirá suas sagradas palavras. Estará contigo o dia inteiro, te ensinará tudo que concerne à salvação, tudo o que importe à graça como à virtude, que resplandecem nos anjos e nos homens, tudo o que de bom reluz nas criaturas.

9) Por isso tens que invocar sempre a Jesus, O deves sempre buscar, O deves sempre desejar, recordar, louvar, venerar, e amar. Não deves ofendê-lO em nada, deves adorá-lO com santidade e pureza, porque é bendito sobre todas as coisas pelos séculos dos séculos. Amém.

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de Maria nunquam satis"
"sobre Maria nunca se falará o bastante"
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(KEMPIS, Tomás de. Imitación de María: Libro Segundo, Capítulo III. pág. 35 - 38)

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