13 de junho de 2009

Domingo na Oitava de Corpus Christi: O Banquete do Senhor.

Homilia 36 in Evang. sancti Gregorii Papæ
36.ª Homilia sobre os Evangelhos, do Papa São Gregório Magno

Sói demonstrar a distância, irmãos caríssimos, entre as delícias do corpo e as do coração: que, quando não se têm as delícias corporais, se acende em si um grave desejo; porém, quando se as têm consumidas, o que as devorou prontamente se acha no fastídio por causa da saciedade. Pelo contrário, as delícias espirituais, quando não se as têm, se está em fastídio, enquanto que quando se as têm, se está em desejo, e tanto mais são ansiadas pelo que as come quanto mais por ele são comidas. Naquelas, o apetite agrada, e a experiência aborrece: o apetite gera a saciedade, e a saciedade, o fastídio; nessas, porém, o apetite gera a saciedade, e a saciedade, o apetite.

Enquanto saciam, aumenta na alma o desejo das delícias espirituais, porque quanto mais se sente o seu sabor, mais amplamente se conhece o quanto mais avidamente devem ser amadas, e, do mesmo modo, habitualmente não as pode amar quem ignora o seu sabor. Quem, pois, consegue amor o que ignora? Por isso nos admoesta o Salmista, dizendo: Provai e vede que o Senhor é suave. Entenda-se por conseguinte: Não conheceis a sua suavidade, se nem ao menos a saboreais; mas atingi o alimento da vida com o paladar do coração, de modo que, provando da sua doçura, consiguais amá-lo. Porém, o homem perdeu essas delícias quando pecou no paraíso: fora daí saiu, quando fechou a boca para o alimento da eterna doçura.

Por isso também nós, nascidos nos trabalhos dessa peregrinação, aqui já chegamos enfastiados, não sabemos o que devemos desejar. E tanto mais aumenta a morbidade do nosso fastídio, quanto mais se distancia a alma do comer da sua doçura, e já lhe não apetecem as delícias interiores, àquele que, há largo tempo, esqueceu-se de comê-las. Consumimo-nos, assim, no nosso fastídio, e somos longamente fatigados pela peste da fome. E, por não querermos saborear a doçura preparada no interior, míseros amamos, no exterior, a nossa fome.

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