3 de junho de 2009

Símbolos da Fé - 9ª Parte

HONÓRIO I: 27 OUT. 625 – 12 OUT. 638

IV Sínodo de Toledo, iniciado a 5 dez. 633: Capítulos

A profissão de fé deste sínodo mostra particular conexão com os símbolos “Fides Damasi” e “Quicumque”.

Símbolo tinitário-cristológico

Em conformidade com as Escrituras divinas e a doutrina que recebemos dos santos Padres, professamos (que) o Pai e o Filho e o Espírito Santo (são) de uma só divindade e substância; crendo a Trindade na diversidade das pessoas e anunciando na divindade a unidade, nem confundimos as pessoas, nem dividimos a substância. Dizemos que o Pai não foi feito ou gerado por ninguém, afirmamos que os Filho não foi feito, mas gerado pelo Pai; do Espírito Santo professamos que não foi nem criado nem gerado, mas procede do Pai e do Filho; e quanto ao próprio Senhor nosso Jesus Cristo, Filho de Deus e criador de tudo, gerado da substância do Pai antes dos séculos, (professamos) que nos últimos tempos desceu do Pai para a redenção do mundo, ele que jamais cessou de estar com o Pai; de fato, encarnou-se, do Espírito Santo e da santa gloriosa genitora de Deus, a virgem Maria, e dela nasceu só ele; o mesmo Cristo, o Senhor Jesus, um da santa Trindade, assumiu sem pecado o homem perfeito, em alma e carne, permanecendo o que era e assumindo o que não era; igual ao Pai na divindade e inferior ao Pai na humanidade, tem numa única pessoa as propriedades de duas naturezas; nele, de fato, há duas naturezas, Deus e homem, não porém dois filhos e dois deuses, mas o mesmo é uma só pessoa em duas naturezas; ele padeceu sofrimento e morte pela nossa salvação, não na força da divindade, mas na fraqueza da humanidade; ele desceu ao ínferos para livrar os santos que ali estavam retidos e, depois de ter vencido o império da morte, ressuscitou; elevado, depois, ao céu, virá no futuro para o juízo dos vivos e dos mortos; purificados pela sua morte e pelo seu sangue, conseguimos a remissão dos pecados, para sermos ressuscitados por ele no último dia, na carne na qual ora vivemos e na forma na qual o mesmo Senhor ressuscitou; uns receberão dele a vida eterna, pelos merecimentos da justiça, os outros, por causa do pecado, a condenação do suplício eterno.
Esta é a fé da Igreja católica; esta confissão de fé, nós a conservamos e sustentamos; quem a tiver guardado com grande firmeza, terá a salvação perpétua.

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ADEODATO II: 11 ABR. 672 – 17 (16?) JUN. 676

XI Sínodo de Toledo, iniciado a 7 nov. 675: Profissão de fé

Esta profissão de fé, atribuída no passado a Eusébio de Vercelli (PL 12, 959-968), segundo J. Madoz foi elaborada pelo XI Sínodo de Toledo, servindo-lhe como fonte principal os símbolos dos IV e VI Sínodos de Toledo (633 e 638); cf. *485 490-493. A opinião de alguns de que este sínodo tenha sido confirmado por Inocêncio III se baseia numa explicação errônea da palavra “authenticum”. Cf. H. Lennerz: ZKTh 48 (1924) 322-324.

A divina Trindade

Confessamos e cremos que a santa e inefável Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, por natureza é um só Deus de uma única substância, de uma única natureza, de uma única majestade e força.

E professamos que o Pai não é gerado, não criado, mas ingênito. Pois ele não tem origem de ninguém, ele do qual o Filho teve o nascimento, bem como o Espírito Santo a processão. Ele é, portanto, a fonte e origem de toda a divindade. Ele é também o Pai de sua essência, ele que de sua inefável substância [Ele, o Pai, a saber, a sua inefável substância, da sua substância] inefavelmente gerou o Filho e, contudo, não gerou outra coisa senão o que ele mesmo é: Deus (gerou) Deus, luz (gerou) luz; dele é, por isso, “toda paternidade no céu e sobre a terra”[Ef 3,15].
Professamos também que o Filho é nascido da substância do Pai, sem início, antes dos séculos, porém não criado: pois nem o Pai existiu jamais sem o Filho, nem o Filho sem o Pai. E contudo, o Pai não é do Filho como o Filho do Pai, pois o Pai não recebeu a geração do Filho, mas o Filho do Pai. O Filho é portanto Deus pelo Pai, o Pai ao invés é Deus, mas não pelo Filho; ele é de fato Pai do Filho, não Deus pelo Filho; este ao contrário, é Filho do Pai e Deus pelo Pai. Todavia o Filho é igual em tudo a Deus Pai, já que o seu nascimento nem teve início, nem cessou num determinado momento.
Também se crê que ele é de uma única substância com o Pai, pelo que é chamado também ao Pai, isto é, da mesma substância que o Pai; pois, em grego, significa “um”, “substância”, e os dois juntos significam “uma só substância”. De fato, devemos crer que o Filho não foi gerado nem do nada, nem de qualquer outra substância, mas do seio do Pai, isto é, de sua substância.
Eterno é portanto o Pai, eterno também o Filho. Se sempre, porém, foi Pai, teve sempre o Filho de quem era pai, e portanto professamos o Filho nascido do Pai sem início. De fato, não o chamamos Filho de Deus por ter sido gerado pelo Pai como “porciúncula de uma natureza seccionada”, mas afirmamos, sim, que o Pai perfeito grou, sem diminuição e sem reparação, um Filho perfeito, pois somente à divindade compete não ter um Filho desigual.
Este Filho é também Filho por natureza, não por adoção, ele que Deus Pai, como se deve crer, gerou não por vontade, nem por necessidade, já que em Deus não cabe qualquer necessidade, nem a vontade precede a sabedoria.
Cremos também que o Espírito Santo, que é a terceira pessoa na Trindade, é Deus um e igual com Deus Pai e Filho, da mesma substância e também da mesma natureza; todavia, não é gerado nem criado, mas procede de ambos e é o Espírito de ambos. Este Espírito não é, conforme a fé, nem gerado nem não gerado, para que não apareça que, chamando-o não gerado, estejamos falando de dois Pais e, chamando-o gerado, estejamos pregando dois Filhos; todavia ele não é chamado Espírito só do Pai, nem só do Filho, mas ao mesmo tempo do Pai e do Filho. Não procede de fato, do Pai no Filho, nem procede do Filho para santificar a criação, mas mostra-se que ele procedeu de ambos, já que é reconhecido como caridade ou santidade de ambos. Este Espírito Santo, portanto, cremos, foi mandado por ambos, como o Filho [da parte do Pai]; mas não é tido como inferior ao Pai e ao Filho à maneira em que o Filho dá testemunho de ser inferior ao Pai e ao Espírito Santo por motivo da carne assumida.

Assim é que convém apresentar a santa Trindade: não se deve dizer e crer que ela seja tríplice, mas Trindade. Não se pode dizer corretamente que no único Deus está a Trindade, mas que o único Deus é a Trindade. Pelo nome das pessoas, porém, que exprime uma relação, o Pai é posto em referência ao Filho, o Filho ao Pai e o Espírito Santo a ambos: se bem que, em vista de sua relação, sejam chamadas três pessoas, estas são, todavia, conforme pregamos, uma só natureza ou substância. E como três pessoas não pregamos três substâncias, mas sim uma única substância e três pessoas. De fato, o que é o “Pai”, não o é em relação a si mesmo, mas ao Filho; e o que é o “Filho”, não o é em relação a si mesmo, mas ao Pai; de modo semelhante, também, o Espírito Santo não é referido em relação a si, mas ao Pai e ao Filho, sendo chamado Espírito do Pai e do Filho. Igualmente, quando dizemos “Deus”, isto é dito não em relação a qualquer coisa, como o Pai (em relação) ao Filho, ou o Filho ao Pai, ou o Espírito Santo ao Pai e ao Filho, mas “Deus” é chamado (assim) de modo particular em relação a si mesmo.

De fato, se somos interrogados sobre cada uma das pessoas, devemos professar que é Deus. Por isso, o Pai é chamado Deus, o Filho, Deus e o Espírito Santo, Deus, cada qual singularmente; e todavia não há três deuses, mas um só Deus. Igualmente o Pai é chamado onipotente, o Filho, onipotente, o Espírito Santo, onipotente, cada qual singularmente; e todavia não há três onipotentes, mas um só princípio. Portanto, professa-se e se crê que cada pessoa, singularmente, é plenamente, Deus, e todas as três pessoas são um só Deus: elas têm a única, indivisa e igual divindade, majestade ou poder, sem diminuição em cada uma, nem aumento nas três, pois não há nada a menos quando cada pessoa é chamada singularmente Deus, nem (nada) a mais quando as três pessoas são proclamadas um só Deus.

Esta santa Trindade, que é o único e verdadeiro Deus, nem subtrai-se ao número, nem é captada pelo número. Na relação das pessoas, de fato, se reconhece o número; na substância da divindade, porém, não está compreendido o que se enumera. Por isso, só no que são em referência uma a outra é que insinuam o número; e no que são para si mesmas deixam o número de lado. De fato, a esta santa Trindade convém um nome de natureza que seja único, de modo que não possa se usado no plural para as três pessoas. Por isso cremos também naquelas palavras das sagradas escrituras: “Grande é o nosso Deus e grande o seu poder, e para sua sabedoria não há número” [sl 147,5].

Não poderemos dizer, porém, que, tendo declarado que estas três pessoas são um só Deus, o Pai seja o mesmo que o Filho e o Filho o mesmo que o Pai, ou que quem é o Espírito Santo seja o Pai ou o Filho. Pois quem é o Filho não é ele mesmo o Pai, nem quem é o Pai é ele mesmo o Filho, nem quem é o Pai é ele mesmo o Filho, nem quem é o Pai ou o Filho é ele mesmo o Espírito Santo; todavia o Pai é isto mesmo que é o Filho, o Filho, isto mesmo que é o Pai, o Pai e o Filho, isto mesmo que é o Espírito Santo, isto é, um único Deus por natureza. De fato, quando dizemos que o Pai não é o mesmo que o Filho, isso se refere à distinção das pessoas. Quando, porém, dizemos que o Pai é isto que é o Filho, o Filho isto que é o Pai e o Espírito Santo isto que é o Pai e o Filho, isso se refere evidentemente à natureza da qual Deus é, ou à substância, já que, quanto á substância, são uma só realidade: distinguimos, de fato, as pessoas, (mas) não dividimos a divindade.

A Trindade, portanto, nós a reconhecemos na distinção das pessoas; a unidade, nós a professamos em vista da natureza ou da substância. Estas três, portanto, são uma só realidade, isto é, quanto á natureza, não quanto às pessoas. Todavia, estas três pessoas não devem ser consideradas separáveis, já que, segundo cremos, nenhuma existiu jamais ou tem operado qualquer coisa antes das outras, nenhuma depois das outras, nenhuma sem as outras. De fato, vemos que são inseparáveis quer naquilo que são, quer aquilo que fazem: já que entre o Pai, que gera, e o Filho, que foi gerado, e o Espírito Santo que (dele) procede, não houve, segundo nossa fé, nenhum intervalo de tempo no qual o genitor tivesse precedido o gerado, ou o gerado tivesse faltado ao genitor, ou o Espírito Santo procedente do Pai e do Filho tivesse aparecido mais tarde. Por isso, declaramos e acreditamos inseparável e inconfusa esta Trindade. Se, portanto, de acordo com a doutrina dos antepassados, se fala nestas três pessoas, é para que sejam reconhecidas, não para que sejam separadas. De fato, se prestamos atenção ao que a santa Escritura diz da Sabedoria: “É o esplendor da luz eterna” [Sl 7,26], então, assim como vemos que o esplendor é inseparavelmente inerente à luz, professamos também que o Filho não pode ser separado do Pai. Portanto, assim como não confundimos estas três pessoas, que são de uma só e inseparável natureza, declaramos também que são absolutamente inseparáveis.

Em verdade, a própria Trindade se dignou mostrar-nos isso de maneira tão clara que mesmo com os nomes com os quais segundo o seu querer as pessoas são reconhecidas singularmente, não permite que uma seja compreendida sem a outra: de fato nem o Pai é reconhecido sem o Filho, nem se encontra o Filho sem o Pai. Em verdade, a própria relação (expressão) pelo nome das pessoas proíbe separar as pessoas, pois, se não as nomeia simultaneamente, insinua-se simultaneamente. Ninguém, pois, pode ouvir um destes nomes sem forçosamente entender também o outro. Portanto, se bem que estas três sejam uma só realidade, e a única realidade, três, todavia permanece para cada uma das pessoas o que lhe é próprio. O Pai tem a eternidade sem nascimento, o Filho a eternidade com o nascimento, o Espírito Santo a eternidade com o nascimento, o Espírito Santo a processão sem nascimento, com a eternidade.

A encarnação

Cremos que destas três pessoas só a pessoa do Filho assumiu, em prol da libertação do gênero humano, um verdadeiro homem, sem pecado, da santa e imaculada Virgem Maria, pela qual foi gerado numa ordem nova, num novo nascimento; numa ordem nova, já que, invisível na sua divindade, se mostra visível na carne; num novo nascimento ele foi gerado, já que a virgindade intacta não só desconheceu o coito viril, como fecundada pelo Espírito Santo subministrou a matéria da carne. Este parto da Virgem não pode ser compreendido pela razão e em nada pode ser exemplificado; porque, se pudesse ser compreendido pela razão, não seria maravilhoso; se em algo pudesse ser exemplificado, não seria singular. Todavia, não se deve crer, por que Maria concebeu sob a sombra do Espírito Santo, que o Espírito Santo seja o Pai do Filho, para não parecermos afirmar que o Filho tem dois pais, o que certamente seria inadmissível dizê-lo.

Nesta admirável conceição, na qual a Sabedoria construiu para si uma casa [Cf. Pr. 9,1], “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” [Jô 1,14]. Todavia o Verbo não foi transformado e mudado em carne, como se aquele que quis ser homem cessasse de ser Deus, mas o Verbo se fez carne, de modo que ali não só esteja o Verbo de Deus e a carne do homem, mas também a alma racional do homem; e tudo isso deve ser dito seja de Deus, em vista de Deus, seja do homem, em vista do homem.

Cremos haver neste Filho de Deus duas naturezas, uma da divindade, outra da humanidade, que a pessoa de Cristo uniu em si de tal modo que jamais poderá ser separada nem a divindade da humanidade, nem a humanidade da divindade. Daí, o único Cristo é na unidade da pessoa perfeito Deus e perfeito homem: todavia, por termos dito que no Filho há duas naturezas, não vamos dar lugar a duas pessoas no Filho, para que não pareça aceder à Trindade – longe de nós dizê-lo! – uma quaternidade. Deus Verbo não assumiu a pessoa de um homem, mas sim, a natureza; e na eterna pessoa da divindade acolheu a substância temporal da carne.

Igualmente, enquanto cremos que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são de uma só substância, todavia não dizemos que a Virgem Maria gerou a unidade dessa Trindade, mas só o Filho, o único que assumiu nossa natureza na unidade da sua pessoa. A encarnação deste Filho de Deus, devemos crer ainda, foi operada pela Trindade inteira, já que as obras da Trindade são inseparáveis. Todavia, só o Filho, na singularidade da pessoa, não na unidade da natureza divina, tomou a forma do servo [cf. Fl 2,7] naquilo que é próprio do Filho, não naquilo que é comum à Trindade: e esta forma lhe foi unida na unidade de pessoa, isto é, de modo que o Filho de Deus e o Filho do homem seja o único Cristo; do mesmo modo, o mesmo Cristo nestas duas naturezas é constituído de três substâncias: a do Verbo – o que se deve referir à essência de Deus só -, a do corpo e a da alma – o que faz parte do homem verdadeiro.

Ele tem em si, portanto, a dupla substância da sua divindade e da nossa humanidade. Todavia, enquanto saído de Deus Pai sem início, se entende que ele é somente nascido, não feito, nem predestinado; mas enquanto nascido da Virgem, é preciso crer que ele é nascido, feito e predestinado. Ora, ambos os nascimentos são nele admiráveis, já que ele foi gerado pelo Pai antes dos séculos, sem a mãe, quer gerado ao fim dos séculos pela mãe, sem pai: enquanto Deus, ele criou Maria, enquanto homem, foi criado por Maria; ele mesmo é da mãe Maria tanto pai como filho.
Igualmente, pelo fato de ser Deus, é igual ao Pai; pelo fato de ser homem, é inferior ao Pai. De igual modo, deve-se crer que ele é maior do que si mesmo e inferior a si mesmo: na forma de Deus, de fato, o mesmo Filho é maior que si mesmo, pois assumiu a humanidade, em comparação com a qual a divindade é maior; na forma de servo, porém, isto é, na humanidade, é inferior a si mesmo, pois que esta é inferior à divindade. Como, de fato, mediante a carne assumida é considerado não somente inferior ao Pai, mas também a si mesmo, assim na divindade, mediante a qual é igual ao Pai, tanto ele como o Pai são maiores que o homem, que só a pessoa do Filho assumiu.

Dom mesmo modo, à pergunta se o Filho possa ser também igual ao Espírito Santo e menor do que este, assim como, segundo a nossa fé, ora é igual e ora inferior ao Pai, respondemos: na forma de Deus ele é igual ao Pai e ao Espírito Santo, na forma do servo é menor que o Pai e que o Espírito Santo; já que nem o Espírito Santo, nem Deus Pai, mas só a pessoa do Filho assumiu a carne, pela qual cremos que seja menor do que as outras duas pessoas. Igualmente, segundo a nossa fé, este Filho é distinto, porém não separado de Deus Pai e do Espírito Santo quanto à pessoa, e (distinto) do homem assumpto quanto à natureza. Igualmente, com o homem subsiste na pessoa, com o Pai e o Espírito Santo, na natureza ou substância da divindade.

Todavia é preciso crer que o Filho foi mandão não só pelo Pai, mas também pelo Espírito Santo, pois ele mesmo disse, mediante dos profetas: “E agora me mandou o Senhor e o seu Espírito” [cf. Is 48,16]. Foi mandado, assim aceitamos, também por si mesmo; pois não só a vontade, mas também o operar da inteira Trindade é, como reconhecemos, indiviso. De fato, aquele que é chamado unigênito antes dos tempos, se tornou primogênito no tempo: unigênito por causa da substância da divindade, primogênito por causa da natureza da carne assumida.

A redenção

Nesta forma do homem assumpto, assim cremos a verdade do Evangelho, foi concebido sem pecado e morreu sem pecado aquele que, como único, em prol de nós “se tornou pecado” [cf. 2 Cor 5,21], isto é, sacrifício pelos nossos pecados. E todavia, salvaguardada a sua divindade, suportou esta paixão pelos nossos delito, foi condenado à morte e aceitou na cruz uma verdadeira morte da carne; e ao terceiro dia, suscitado por sua própria força, ressurgiu do sepulcro.

A sorte do homem depois da morte

Professamos que segundo este exemplo da nossa Cabeça acontecerá a verdadeira ressurreição da carne de todos os mortos. Cremos que não ressuscitaremos numa carne etérea ou em outra qualquer (como alguns deliram), mas naquela na qual vivemos, subsistimos e nos movemos. Depois de ter realizado o exemplo desta santa ressurreição, o nosso Senhor e Salvador, mediante a ascensão, voltou ao trono do Pai, do qual na sua divindade jamais se tinha afastado. Lá ele se assenta à direita do Pai e é esperado no fim dos tempos como juiz de todos os vivos e mortos.
De lá virá, com todos os santos, para realizar o juízo e dar a cada um o ajuste pelas suas obras, segundo o que, no corpo, tiver feito de bem ou de mal [Cf. 2Cor 5,10]. Cremos que a santa Igreja católica, que ele conquistou com o preço de seu sangue, reinará com ele para sempre. Reunidos no seio dela, cremos e professamos um só batismo para a remissão de todos os pecados. Nesta fé, cremos verdadeiramente na ressurreição dos mortos e aguardamos o gozo do tempo futuro, Só por isto devemos rezar e isto devemos pedir: que o Filho, quando entregar, efetuado e terminado o juízo, o reino a Deus Pai [cf. 1Cor 15,24], nos faça participar do seu reino, para que mediante a fé que nos une a ele, com ele reinemos sem fim.

Esta é a exposição da fé que professamos e pela qual é aniquilada a doutrina de todos os hereges, pela qual são purificados os corações dos fiéis, pela qual, também, se chega gloriosamente a Deus.

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