7 de junho de 2009

Símbolos da Fé - Final

AGATÃO: 27 JUN. 678 – 10 JAN. 681



Carta “Consideranti mihi” aos imperadores, 27 mar. 680


No mesmo dia, foram ao imperador Constantino IV Pogonato duas cartas, uma com o nome do próprio Papa (*542-5450), a outra, como epístola sinodal (*546-548). Ambas foram lidas no III Concílio de Constantinopla, na sessão 4ª (15 nov. 680), e aprovadas pelos padres conciliares. Ao imperador foi aconselhada a aceitação dela na sessão 18ª, com as seguintes palavras: “O sumo príncipe dos Apóstolos combatia conosco; de fato, tínhamos no seu imitador e sucessor na Sé um sustentáculo que, em carta, nos ilustrou o mistério divino. Aquela antiga cidade de Roma fez chegar a ti uma profissão de fé escrita por Deus... e por meio de Agatão falava Pedro, e junto com o onipotente co-regente decidias tu, pio Imperador, tu que foste estabelecido por Deus”. (“Summus nobiscum concertabat Apostolorum princeps; illius enim imitatorem et sedis sucessorem habuimus fautorem et divini sacramenti illustrantem per litteras. Confessionem tibi a Deo scriptam illa Romana antiqua civitas obtulit... et per Agathonem Petrus loquebatur, et cum omnipotenti corregnatore pius imperator simul decernebas tu, qui a Deo decretus es”; MaC 11,666CD / HaC 3,1422E-1423A).



A divina Trindade


Eis a posição da fé evangélica e apostólica e da tradição normativa: enquanto professamos que a santa e inseparável Trindade, isto é, Pai, Filho e Espírito Santo, é de uma só divindade, de uma só natureza ou substância ou essência, proclamamos também que ela é de uma só vontade natural, uma só força, operação, domínio, majestade, poder e glória. E qualquer coisa que seja dito, quanto à essência, a respeito da mesma Trindade, instruídos nisto pela doutrina normativa, queremos entendê-lo no singular, como (dito) da única natureza das três pessoas consubstanciais.



O Verbo de Deus encarnado


Ora, ao professarmos a fé a respeito de uma dessas três pessoas desta santa Trindade, o Filho de Deus, Deus Verbo, e a respeito do mistério da sua adorável obra salvífica na carne, segundo a tradição evangélica, declaramos dúplice tudo o que é próprio do único e mesmo Senhor nosso Salvador Jesus Cristo, isto é, proclamamos as suas duas naturezas, a divina e a humana, das quais e nas quais subsiste também, depois, a admirável e inseparável união. Professamos também que cada uma das suas naturezas tem sua propriedade natural: a divina tem tudo o que é divino, e a humana, tudo o que é humano, sem nenhum pecado. Reconhecemos que ambas (as naturezas) são do único e mesmo Deus Verbo encarnado, isto é, feito homem, de maneira inconfusa, inseparável, imutável – enquanto meramente o intelecto distingue o que é unido, em vista do erro da confusão. De fato, rejeitamos de igual modo a blasfêmia da divisão quanto a da confusão.
Ora, se professamos duas naturezas, duas vontades naturais e duas operações naturais no nosso Senhor Jesus Cristo, não as dizemos nem contrárias nem adversas uma à outra..., nem como que separadas em duas pessoas ou subsistências, mas dizemos que o mesmo nosso Senhor Jesus Cristo, como tem em si duas naturezas, assim também duas vontades naturais, isto é, a divina e a humana: na verdade, desde a eternidade ele tem em comum com o Pai coessencial a vontade e operação divina, enquanto a humana, assumida de nós, (ele a tem em comum) com a nossa natureza no tempo. ...

Além disso, a Igreja apostólica de Cristo... reconhece, com base nas propriedades naturais, que cada uma destas naturezas de Cristo é perfeita, e professa como dúplice tudo o que se refere às propriedades das naturezas, já que o próprio nosso Senhor Jesus Cristo é tanto perfeito Deus como perfeito homem, quer de duas, quer em duas naturezas... .
Conseqüentemente, ... ela professa e proclama que nele há também duas vontades naturais e duas operações naturais. De fato, se alguém entendesse a vontade como pessoal, dever-se-ia, já que na santa Trindade se fala de três pessoas, falar (nesta) também de três vontades pessoais e três operações pessoais (o que é absurdo e de todo profano). Se, ao invés, conforme implica a verdade da fé cristã, a vontade é natural, deve-se, ao falar dessa única natureza da santa e inseparável Trindade, conseqüentemente, reconhecer uma só vontade natural e uma só operação natural. Onde, porém, professamos na pessoa do nosso Senhor Jesus Cristo, o mediador entre Deus e os homens [cf. 1Tm 2,5], duas naturezas, isto é, a divina e a humana, nas quais ele subsiste também depois da admirável união, assim como professamos duas naturezas do único e mesmo, assim também (professamos) as suas duas vontades naturais e as suas duas operações naturais.



Sínodo de ROMA: Carta sinodal “Omnium bonorum spes”, aos imperadores, 27 mar. 680



Contra a opinião de que o texto latino seja uma retroversão do grego, H. Quentin sustenta que o latino é o texto original. O texto grego da carta é publicado em G. Kreuzer.


A divina Trindade


Crendo em Deus Pai... e em seu Filho... e no Espírito Santo, Senhor e vivificador, que procede do Pai, e com o Pai e o Filho deve ser adorado e glorificado: a Trindade na unidade e a unidade na Trindade, mas exatamente, a unidade da essência, a Trindade porém das pessoas ou subsistências; professamos Deus Pai, Deus, Filho, Deus Espírito Santo, não três deuses, mas um só Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo; não a subsistência de três nomes, mas a única substância de três subsistências; elas têm uma só a essência, ou substância, ou natureza, isto é, uma só divindade, uma só eternidade, um só poder, um só domínio, uma só glória, uma só adoração, uma só essência vontade e operação da mesma santa e indivisa Trindade, que tudo criou, ordena e sustenta.



O Verbo de Deus encarnado


Professamos, porém, que um da mesma santa coessencial Trindade, Deus Verbo, que antes dos séculos foi gerado pelo Pai, por nós e pela nossa salvação, nos últimos tempos dos séculos desceu dos céus e se encarnou do Espírito Santo e da santa, imaculada e sempre gloriosa virgem Maria, nossa Senhora, verdadeira e propriamente genitora de Deus, já que dela nasceu segundo a carne e se tornou verdadeiramente homem; ele mesmo é verdadeiro Deus e ele mesmo verdadeiro homem e, na verdade, Deus de Deus Pai, homem por sua vez da virgem mãe, encarnado desta carne dotada de alma racional e intelectiva; o mesmo é consubstancial a Deus Pai segundo a divindade e consubstancial a nós segundo a humanidade, e é igual a nós em tudo, sem somente pecado; ele foi crucificado em prol de nós sob Pôncio Pilatos, sofreu, foi sepultado, ressurgiu...

Reconhecemos portanto que o único e mesmo nosso Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus, subsiste de duas e em duas substâncias de modo inconfuso, imutável, indiviso, inseparável, sem que jamais venha a cessar a diferença das naturezas por causa da união, mas antes, permanecendo a propriedade das duas naturezas e confluindo numa única pessoa e única subsistência; ele não é dividido ou separado numa dualidade de pessoas, nem confuso numa natureza composta, mas reconhecemos que o único e mesmo unigênito Filho, Deus Verbo, nosso Senhor Jesus Cristo, nem (é) um em outro, nem um e outro, mas sim o mesmo em duas naturezas, a saber, na divindade e na humanidade, também depois da união hipostática, já que nem o Verbo foi transformado na natureza da carne, nem a carne foi mudada na natureza do Verbo: permaneceram de fato ambas as realidades assim como eram por natureza; a diferença das naturezas nele unidas, das quais ele de maneira inconfusa, inseparável e imutável é composto, só a reconhecemos mediante a reflexão: um só, de fato, das duas, e ambas mediante um só, já que estão juntas tanto a altura da divindade como a inferioridade da carne, pelo que as duas naturezas, também depois da união, conservam, sem diminuição, as suas propriedades; e “cada uma das duas formas opera em comunhão com a outra aquilo que lhe é próprio: o Verbo opera o que é do Verbo, a carne, ao invés, cumpre o que é da carne: uma destas (realidades) brilha nos milagres, a outra é submetida ao ultrajes”.

Daí, conseqüëntemente, como professamos que ele verdadeiramente tem duas naturezas ou substâncias, isto é, a divindade e a humanidade, de modo inconfuso, indiviso e imutável, assim também professamos que ele tem duas vontades naturais bem como duas atividades naturais, já que a regra da piedade nos ensina que o único e mesmo Senhor Jesus Cristo é perfeito homem; pois demonstra-se que assim nos instruíram a tradição apostólica e evangélica e o magistério dos santos Padres, que a Igreja santa, apostólica e católica e os veneráveis Sínodo têm acolhido.



LEAO IX: 12 FEV. 1049 – 19 ABR. 1054



Carta “Congratulamur vehementer” a Pedro, patriarca de Antioquia, 13 abr. 1053


Pedro de Antioquia tinha pedido a Leão IX uma profissão de fé e lhe tinha mandado a sua. Uma coleção semelhante de artigos de fé está contida nos Statuta Eclesiae antiqua.



Profissão de fé


Creio... firmemente que a santa Trindade, Pai e Filho e Espírito Santo, é um só Deus onipotente, e que toda a divindade está na Trindade coessencial e consubstancial, coeterna e igualmente onipotente, de uma só vontade, poder e majestade; criador de todas as criaturas, do qual tudo, pelo qual tudo, no qual tudo [Rm 11,36] o que há no céu e na terra, as coisas visíveis e as invisíveis. Creio também que as singulares pessoas na santa Trindade (são) um só Deus verdadeiro, pleno e perfeito.
Creio também que o Filho de Deus Pai, o Verbo de Deus, nascido eternamente do Pai antes de todos os tempos, consubstancial, co-onipotente e co-igual ao Pai na divindade em tudo, nasceu no tempo, do Espírito Santo, (do seio) de Maria sempre virgem, com uma alma racional, tendo dois nascimentos, um eterno do Pai, o outro, no tempo, pela mãe; tendo duas vontades e duas operações, (é) verdadeiro Deus e verdadeiro homem, próprio e perfeito numa e noutra natureza; ele não sofreu mistura nem divisão, não é adotivo nem fruto de imaginação; é um único e um só Deus, filho de Deus em duas naturezas, mas na singularidade de uma só pessoa; impassível e imortal na divindade, todavia na humanidade padeceu por nós e por nossa salvação em verdadeiro sofrimento da carne, e foi sepultado, e ressuscitou dos mortos ao terceiro dia com verdadeira ressurreição da carne, e para confirmação desta tomou comida com os discípulos, não por necessidade de alimento, mas unicamente pela (sua) vontade e poder; no quadragésimo dia depois da ressurreição subiu ao céu, com a carne na qual ressuscitara e com a alma, e está sentado à direita do Pai; de lá, no décimo dia, mandou o Espírito Santo, e de lá, assim como subiu, de novo virá, para julgar os vivos e os mortos e retribuir a cada um segundo suas obras.

Creio também (n)o Espírito Santo, plena, perfeita e verdadeiramente Deus, que procede do Pai e do Filho, co-igual, co-essencial, co-onipotente e co-eterno em tudo ao Pai e ao Filho, e que falou por meio dos profetas.

Esta santa e indivisa Trindade, não três deuses, mas, em três pessoas e numa só natureza ou essência, um só Deus onipotente, eterno, invisível e imutável, eu creio nela e a confesso, tanto que proclamo segundo a verdade que o Pai é ingênito, o Filho, unigênito, e o Espírito Santo nem gerado nem ingênito, mas procedente do Pai e do Filho.

[Assuntos diversos:] Creio que a Igreja santa, católica e apostólica é a única verdadeira, e que nela é administrado o verdadeiro batismo e a única verdadeira remissão de todos os pecados. Creio também (n)a ressurreição verdadeira desta mesma carne que agora possuo, e (n)a vida eterna.
Creio também que Deus, Senhor onipotente, é o único autor do Novo e do Antigo Testamento, da Lei, dos Profetas e dos Apóstolos. Creio que Deus predestinou somente o bem, enquanto preconhecia o bem e o mal. Creio que a graça de Deus previne e segue o homem, todavia sem que negue, de modo algum, o livre-arbítrio da criatura racional. Creio e proclamo que a alma não é uma parte de Deus, mas que foi criada do nada e que, sem o batismo, está sujeita ao pecado original.
Anatematizo, outrossim, cada heresia que se ergue contra a santa Igreja católica e, igualmente, todo aquele que crer que se devam considerar autorizadas outras escrituras que não as que a Igreja católica acolhe, ou que as tiver venerado.
Reconheço com todo o respeito os quatro Concílios e os venero com os quatro Evangelhos: pois a Igreja universal, nas quatro partes do mundo, tem neles seu fundamento estável, como sobre uma pedra quadrangular. ...De igual modo acolho e venero os outros três Concílios. ...Tudo quanto os acima citados sete Concílios santos e universais tenham entendido e louvado, também eu entendo e louvo, e anatematizo todo o que eles tenham anatematizado.

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