A CONVERSÃO DO PÃO E DO VINHO
NO CORPO E NO SANGUE DE CRISTO
Santo Tomás de Aquino
Santo Tomás de Aquino
(Suma Teológica, III, q.75, a.1)
“Hilário diz: “Não se pode pôr em dúvida a verdade da Carne e do Sangue de Cristo. De fato, pela declaração do próprio Senhor e por nossa fé, a sua Carne é verdadeiramente comida e o seu Sangue é verdadeiramente bebida”. E Ambrósio acrescenta: “Como o Senhor Jesus Cristo é o verdadeiro Filho de Deus, assim também é sua verdadeira Carne que comemos e seu verdadeiro Sangue que é uma bebida”.
“Que o verdadeiro Corpo e Sangue de Cristo estejam no sacramento não se pode apreender pelo sentido, mas somente pela fé, que se apoia na autoridade divina. Por isso, o texto do Evangelho de Lucas “Isto é o meu Corpo dado por vós” (Lc XXII, 19) é comentado por Cirilo: “Não duvides que seja verdade, mas antes aceita as palavras do Salvador na fé: pois, sendo a verdade, não mente”.
1º. Isto está de acordo, primeiramente, com a perfeição da Nova Lei. Pois, os sacrifícios da antiga lei continham este verdadeiro sacrifício da paixão de Cristo, somente em figura, como se diz na Carta aos Hebreus: “Possuindo apenas o esboço dos bens futuros, e não a expressão mesma das realidades” (Hb X, 1). Por isso, foi necessário que o sacrifício da Nova Lei, instituído por Cristo, tivesse algo a mais, a saber que ele contivesse a Cristo na sua paixão, não somente no significado e na figura, mas também na verdade da realidade. E, por isso, este sacramento, que contém realmente o próprio Cristo, como diz Dionísio, “é a perfeição de todos os outros sacramentos”, nos quais a força de Cristo é participada.
2º. Isto convém à caridade de Cristo, pela qual ele assumiu um verdadeiro corpo humano em vista de nossa salvação. E porque é muitíssimo próprio da amizade, segundo Aristóteles, conviver com os amigos, ele nos prometeu em recompensa a sua presença corporal, como está no Evangelho de Mateus: “Onde quer que esteja o cadáver, ali se reunirão os abutres” (Mt XXIV, 28). Neste interim, porém, não nos privou de sua presença corporal nesta nossa peregrinação, mas pela verdade de seu Corpo e Sangue uniu-nos a si nesse sacramento. Ele mesmo diz: “Aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo VI, 57). Por isso, este sacramento é o sinal de maior caridade e reconforto de nossa esperança por causa da união tão familiar de Cristo conosco.
3º. Isto convém à perfeição da fé, que se refere tanto à divindade de Jesus quanto a sua humanidade, como diz o Evangelho: “Vós credes em Deus, crede também em mim” (Jo XIV, 1). E porque a fé trata de realidades invisíveis, como Cristo nos manifesta invisivelmente a sua divindade, assim também neste sacramento nos manifesta a sua carne de modo invisível.
Não atinando com isto, alguns afirmaram que o Corpo e Sangue de Cristo não está nesse sacramento a não ser com em sinal. O que se deve rejeitar como herético, já que contrário às palavras de Cristo. Por isso, Berengário, iniciador desse erro, foi em seguida obrigatório a abjurá-lo e confessar a verdadeira fé".
“Que o verdadeiro Corpo e Sangue de Cristo estejam no sacramento não se pode apreender pelo sentido, mas somente pela fé, que se apoia na autoridade divina. Por isso, o texto do Evangelho de Lucas “Isto é o meu Corpo dado por vós” (Lc XXII, 19) é comentado por Cirilo: “Não duvides que seja verdade, mas antes aceita as palavras do Salvador na fé: pois, sendo a verdade, não mente”.
1º. Isto está de acordo, primeiramente, com a perfeição da Nova Lei. Pois, os sacrifícios da antiga lei continham este verdadeiro sacrifício da paixão de Cristo, somente em figura, como se diz na Carta aos Hebreus: “Possuindo apenas o esboço dos bens futuros, e não a expressão mesma das realidades” (Hb X, 1). Por isso, foi necessário que o sacrifício da Nova Lei, instituído por Cristo, tivesse algo a mais, a saber que ele contivesse a Cristo na sua paixão, não somente no significado e na figura, mas também na verdade da realidade. E, por isso, este sacramento, que contém realmente o próprio Cristo, como diz Dionísio, “é a perfeição de todos os outros sacramentos”, nos quais a força de Cristo é participada.
2º. Isto convém à caridade de Cristo, pela qual ele assumiu um verdadeiro corpo humano em vista de nossa salvação. E porque é muitíssimo próprio da amizade, segundo Aristóteles, conviver com os amigos, ele nos prometeu em recompensa a sua presença corporal, como está no Evangelho de Mateus: “Onde quer que esteja o cadáver, ali se reunirão os abutres” (Mt XXIV, 28). Neste interim, porém, não nos privou de sua presença corporal nesta nossa peregrinação, mas pela verdade de seu Corpo e Sangue uniu-nos a si nesse sacramento. Ele mesmo diz: “Aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo VI, 57). Por isso, este sacramento é o sinal de maior caridade e reconforto de nossa esperança por causa da união tão familiar de Cristo conosco.
3º. Isto convém à perfeição da fé, que se refere tanto à divindade de Jesus quanto a sua humanidade, como diz o Evangelho: “Vós credes em Deus, crede também em mim” (Jo XIV, 1). E porque a fé trata de realidades invisíveis, como Cristo nos manifesta invisivelmente a sua divindade, assim também neste sacramento nos manifesta a sua carne de modo invisível.
Não atinando com isto, alguns afirmaram que o Corpo e Sangue de Cristo não está nesse sacramento a não ser com em sinal. O que se deve rejeitar como herético, já que contrário às palavras de Cristo. Por isso, Berengário, iniciador desse erro, foi em seguida obrigatório a abjurá-lo e confessar a verdadeira fé".
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