Os Mandamentos
8º Mandamento de Deus
(continuação): Não levantar falso testemunho
A calúnia
1. A calúnia consiste em levantar a alguém falso testemunho
de um defeito que não tem ou de uma falta que não cometeu.
2. A calúnia é um pecado horrendo, que não se perdoa sem que
restituamos ao próximo o crédito que lhe tiramos com esse falso testemunho.
3. Restitui-se o crédito desdizendo-se o caluniador diante
de todas as pessoas que ouviram a calúnia.
Maledicência ou murmuração
4. A maledicência e a murmuração consistem em dizer mal de
alguém em sua ausência, e descobrir, sem necessidade, os defeitos, e faltas do
próximo.
5. A murmuração é pecado mortal se descobrimos uma falta
grave ou que diminui gravemente a reputação do próximo.
6. Quem murmura tem obrigação de restituir a reputação que
prejudicou a reparar todo o dano que tiver causado.
7. Se ouvirmos com gosto a murmuração, ou concorrermos para
ela com perguntas, é pecado, porque somos cúmplices do mesmo.
8. São Paulo diz que o Céu está fechado para quem murmura.
9. Quando ouvimos caluniar ou murmurar devemos impedi-lo, se
for possível, ou ao menos não tomar parte da calúnia ou murmuração.
O juízo temerário
10. Julgar temerariamente é assentar que o próximo fez algum
mal sem termos grave fundamento para assim o julgarmos.
11. A suspeita, quando duvidamos se alguém fazia ou não
fazia mal, não é juízo temerário, porque na suspeita duvidamos, e no juízo
temerário pensamos que o fez.
12. Se tivermos fundamento grave para julgar, nem o juízo é
temerário, nem a suspeita é injuriosa para o próximo. Só é pecado quando
julgamos sem fundamento um mal grave.
13. Quando é preciso revelar os defeitos do próximo, não os
devemos dar a conhecer senão a quem os possa remediar, ou áqueles que fossem
prejudicados se não os advertíssemos.
14. Ainda que uma coisa seja verdadeira, será pecado
dizê-la, porque a caridade proíbe-nos de tirar ao próximo a boa reputação de
que ele goza.
15. Não é murmurar dizer ao próximo uma falta pública e
conhecida: mas então é preciso evitar o que da nossa parte poderia revelar
malícia.
16. Há circunstâncias que aumentam a gravidade da calúnia e
da murmuração, por exemplo, quando dizemos mal dos nossos superiores, das
pessoas consagradas a Deus, ou diante de muita gente.
17. Em geral é proibido contar a alguém o mal que se ouviu a
seu respeito. A Sagrada Escritura diz que Deus detesta aqueles que, pelas suas
intrigas, semeiam discórdia entre os irmãos.
Explicação da gravura
18. A gravura está dividida em três partes. A parte superior
representa José conduzido à prisão por ter sido falsamente acusado pela mulher
de Putifar.
19. Na parte inferior à esquerda, vê-se o sumo sacerdote
Aarão e Maria sua irmã diante da Arca da Aliança. O Senhor aparecendo-lhes
censura-os por terem murmurado contra Moisés. Castiga Maria com lepra que durou
sete dias.
20. Na parte inferior direita, vê-se São Paulo na Ilha de
Malta, onde tinha desembarcado por causa duma tempestade. Os habitantes desta
ilha receberam-no afavelmente; acenderam uma fogueira para se aquecerem. Paulo
deitou na fogueira alguma aparas que apanhara, saindo delas uma víbora que se
lhe enruscou na mão. Os bárbaros, admirados, exclamavam: “Este homem deve ser
um assassino, pois a justiça divina o persegue”. Mas Paulo sacudiu a víbora,
ficando ileso. (Atos 28, 4-6)
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