4 de agosto de 2015

Sermão Padre Renato Coelho IBP - IX Domingo depois de Pentecostes.

Sermão: IX Domingo depois de Pentecostes
Quem está de pé não caia. Quem caiu, se levante!


Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Quem está de pé, cuide para não cair, diz São Paulo. Quem está de pé é quem está em estado de graça, em amizade com Deus, com a consciência livre de pecados graves. A pessoa está de pé, pois pode andar em direção da salvação, nesse longo caminho que é a vida. Mas como em todo caminho, há obstáculos a se evitar, direções a se seguir.
Sendo católicos, temos a vantagem de termos um bom GPS (mapa) em mãos para nos direcionar, isto é, a Bíblia, a Tradição e o Magistério. Com essas fontes garantidas por Deus de serem infalíveis intérpretes de Sua vontade, sabemos como achar a rota a ser traçada em nossas vidas. Deus colocou cada um em uma posição diferente, mas a todos Deus deu o mesmo fim, o Céu, e entre o ponto em que se está e o ponto em que se deve chegar, está o caminho que cada um deve traçar. Enganam-se aqueles que querem decidir até nos mínimos detalhes a vida de outrem, pois o caminho certo que cada um deve seguir é único. Podemos dar direções gerais para os outros, mas decidir exatamente para que lado deve ser o seu próximo passo exigiria se colocar exatamente na mesma posição em que a pessoa está, o que é impossível.
Mesmo sabendo, grosso modo, a direção que temos que tomar, sendo alguém católico ou não, todos temos que lidar com obstáculos. Há bons e maus obstáculos. Os bons obstáculos são aqueles que dificultam a prática do mal. Por exemplo, é difícil roubar um banco, mas tal obstáculo é um bem, pois se não existisse tal obstáculo mais pessoas pensariam em roubar os bancos. Por outro lado, há obstáculos para a prática do bem, como as tentações da carne, do mundo e do demônio. Queremos fazer um bem, mas perdemos o tempo com futilidades. Não rezamos nas tentações escorregando de pecado venial em pecado venial até cair em pecados mais graves. Esses obstáculos devem ser combatidos.
Há, todavia, dois modos de combatê-los, um é agindo contra eles, lutando de frente, como é o caso da preguiça, em que se não nos disciplinamos com horários ou pensamentos de ocupação, facilmente buscaremos o “fazer nada” que, num primeiro momento pode ser lícito para repousar a alma para melhor agir depois, contudo facilmente extrapolamos esse mínimo necessário podendo chegar até a negligenciar deveres graves de estado. Nesse modo de combate, seria como encontrar uma ventania no sentido contrário ao que devemos ir. Devemos resistir nos segurando em pontos de apoio, que são a oração e os sacramentos, bem como o auxílio das boas companhias, até quando a ventania parar, quando poderemos continuar com maior velocidade o nosso trajeto. Lembremos que nunca somos tentados além de nossas forças, e sempre há a força de Deus para nos auxiliar naquilo que falta à nossa.
Outro modo de combate é o de desviar dos obstáculos. Há certos obstáculos que não podem ser enfrentados diretamente, de frente. Imaginemos uma cerca elétrica. Querer quebra-la ou escalá-la são duas táticas claramente infelizes, pois seremos eletrocutados e possivelmente mortos. Temos que nos desviar deles, fugindo das ocasiões de queda, ou simplesmente ignorando as tentações, sem combater diretamente contra elas dando argumentos contrários ao que sugerem. Divergir a atenção, ou evitar tal pessoa, mortificar a curiosidade, sobretudo a dos olhos e do ouvido, são táticas elementares para se vencer tais obstáculos.
Agora vejamos o outro lado da moeda, isto é, se São Paulo diz que quem está de pé cuide para não cair, então quem caiu, cuide para ficar de pé. O primeiro passo para tal é reconhecer que caiu, pois quem acha que não caiu, não tomará as providências para ficar de pé.
Infelizmente, desde o pecado original, somos incapazes de nos colocarmos de pé sozinhos. Somos capazes de cair num poço de vários metros de profundidade, mas somos incapazes de sair dele se ninguém lança uma corda. Ninguém lançara a corda se não pedimos. É preciso pedir a corda, isto é, é preciso rezar para Deus se compadecer de nós e nos livrar de nossa miséria. É preciso depois segurar na corda e querer subi-la, isto é, é preciso buscar a confissão e se confessar bem, reconhecendo o erro do próprio pecado, buscar evita-lo, e pedir perdão a Deus na figura do sacerdote devidamente capacitado.
Esse poço é escorregadio, e perto dele há outros poços mais profundos. Quanto mais tempo demoramos para sair dele, mais difícil será de alcançar a corda. Cuidemos então para buscarmos o socorro o quanto antes, assim que percebemos que caímos, pois se somos negligentes em fazê-lo, sobretudo para os que pensam em se converter apenas na hora da morte, podemos entrar num caminho sem volta, para o fundo do poço, para as regiões inferiores, que em latim chamamos de infernus.
Rezemos a Nossa Senhora, auxílio dos cristãos, para não cairmos ou não deixarmos alguém cair, e a Nossa Senhora refúgio dos pecadores, para nos levantarmos ou para ajudarmos alguém a se levantar, para que no fim, o máximo de pessoas possível chegue na alegria celeste.
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.




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