(Passo a passo dos ritos e regras, segundo a tradição da Igreja)
A eleição do Papa, sucessor de São Pedro, é uma das
cerimônias mais solenes e antigas da Igreja Católica. Sua realização segue um
processo preciso, cheio de significado espiritual, normas tradicionais e
profundo recolhimento. O objetivo não é apenas escolher um líder, mas
discernir, sob a ação do Espírito Santo, o Pastor que conduzirá a Igreja
Universal.
A seguir, apresentamos o passo a passo do processo:
1. A Sé Vacante
A eleição de um novo Papa só pode ocorrer após a vacância da
Sé Apostólica, seja pela morte do Papa ou por sua renúncia válida (como ocorreu
com Bento XVI em 2013). Durante esse período:
- Todos
os poderes do Papa cessam.
- A
administração ordinária da Igreja fica a cargo do Colégio dos Cardeais,
que apenas cuida dos assuntos de rotina e não pode tomar decisões
importantes ou alterar normas.
2. As Congregações Gerais
Antes do Conclave, os cardeais se reúnem em sessões chamadas
Congregações Gerais:
- Definem-se
detalhes do Conclave (datas, logística, segurança).
- Os
cardeais refletem sobre o estado da Igreja e os desafios do tempo
presente.
- Todos
os cardeais, inclusive os maiores de 80 anos, podem participar das
Congregações, embora apenas os menores de 80 anos sejam eleitores.
3. Entrada no Conclave
Marcado o início do Conclave:
- Celebra-se
a Missa "Pro Eligendo Papa" ("Para a eleição do
Papa"), pedindo a inspiração do Espírito Santo.
- Os
cardeais eleitores (geralmente entre 100 e 120) entram em procissão solene
na Capela Sistina, entoando o cântico tradicional "Veni
Creator Spiritus" ("Vinde, Espírito Criador").
- Uma
vez reunidos, a Capela é fechada e isolada do mundo exterior. Nenhuma
comunicação externa é permitida.
4. Juramento de Sigilo
Antes de iniciar os escrutínios:
- Todos
os cardeais fazem um juramento solene de manter absoluto segredo sobre
tudo o que se refere à eleição.
- Quem
violar o segredo incorrerá em excomunhão automática (latae sententiae).
5. As Votações
O processo de votação é detalhado e respeita normas
rigorosas:
- Cada
cardeal escreve o nome do escolhido em uma cédula, dobra-a e deposita
pessoalmente na urna.
- Após
a coleta dos votos, as cédulas são contadas e verificadas.
- Para
ser eleito, o candidato precisa obter uma maioria de dois terços
dos votos dos presentes.
Frequência das Votações:
- Normalmente,
ocorrem duas votações pela manhã e duas votações pela tarde,
até que um Papa seja eleito.
- Se
após 33 ou 34 votações não houver eleito, pode-se passar a um escrutínio
entre os dois mais votados.
6. Os Sinais: Fumaça Preta e Fumaça Branca
Após cada votação:
- As
cédulas são queimadas numa estufa especial.
- Se
ninguém for eleito, adicionam-se produtos químicos para gerar fumaça
preta (sinal de que não houve eleição).
- Quando
um Papa é eleito, queima-se sem aditivos, e a fumaça é branca,
sinalizando ao mundo inteiro que a eleição foi concluída.
7. Aceitação e Escolha do Nome
Quando um cardeal alcança os dois terços:
- O
decano dos cardeais pergunta: "Aceitas tua eleição canônica para
Sumo Pontífice?"
- Se o
eleito aceita, ele escolhe o nome papal que usará a partir daquele
momento.
8. Anúncio ao Mundo: "Habemus Papam"
Após a aceitação:
- O
novo Papa veste a batina branca.
- O Cardeal Protodiácono anuncia da varanda central da Basílica de São Pedro:"Annuntio vobis gaudium magnum: Habemus Papam!" ("Anuncio-vos uma grande alegria: Temos Papa!"), seguido do nome escolhido.
- O
novo Pontífice concede sua primeira bênção apostólica "Urbi et
Orbi" (à cidade de Roma e ao mundo).
Conclusão
Todo o processo de eleição do Papa é impregnado de oração, tradição e severo respeito às normas estabelecidas pelos séculos. Trata-se de um momento de confiança plena na ação do Espírito Santo, que, através da fé da Igreja, continua a guiar o mundo até o fim dos tempos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário