Em cada Conclave, a atenção do mundo se volta para uma pequena chaminé instalada no telhado da Capela Sistina, de onde se eleva uma fumaça que carrega uma mensagem milenar: não houve ainda uma eleição válida, ou um novo Papa foi escolhido. O fumo, preto ou branco, tornou-se um dos sinais mais emblemáticos da vida da Igreja Católica — um símbolo silencioso, mas eloquente, de esperança, expectativa e comunhão.
1. Uma linguagem universal
Durante o Conclave, após cada votação, os votos dos cardeais
são queimados em uma estufa instalada dentro da Capela Sistina. Para comunicar
o resultado ao mundo, recorre-se a um recurso simples e simbólico: a cor da
fumaça. Ainda que emitida por meios modernos, ela mantém o mesmo significado
tradicional:
Fumo preto (fumata nera):
indica que a votação não resultou em um novo Papa. Os cardeais ainda não
chegaram a um consenso com os dois terços exigidos. A Igreja permanece em
oração e espera.
Fumo branco (fumata bianca):
sinaliza que um novo Papa foi eleito. É o momento de júbilo e alegria
para todos os fiéis. Minutos depois, será anunciado ao mundo: Habemus Papam.
2. Origem e história
O uso da fumaça como sinal externo começou de forma mais
regular no século XX, especialmente a partir do Conclave de 1903. Tornou-se
tradicional e esperado por milhões de fiéis ao redor do mundo, mesmo com os
avanços da tecnologia.
Com o passar dos anos, foram feitos ajustes para tornar mais
nítida a distinção entre as cores, evitando confusões. A fumaça preta é
produzida com a adição de substâncias que garantem sua coloração escura (como
alcatrão), e a fumaça branca, com aditivos que garantem uma cor clara e
visível.
3. A beleza do símbolo
O uso do fumo é mais do que um sinal prático. Ele possui uma
dimensão espiritual e litúrgica:
O fumo negro expressa a
humildade do processo: os homens deliberam, discernem, rezam. Ainda não se
chegou à vontade de Deus. É momento de perseverar.
O fumo branco é símbolo de
esperança e vitória: após oração e discernimento, a Igreja reconhece aquele que
o Espírito Santo indica como sucessor de Pedro. Um novo pontificado se inicia,
como luz que se eleva no meio do mundo.
Como a fumaça do incenso nas liturgias, que sobe ao céu como
oração, o fumo branco também se ergue como sinal visível de que Deus ouviu as
preces da Igreja.
4. O silêncio que antecede a aclamação
Após a fumaça branca, os sinos da Basílica de São Pedro soam
em festa. Mas ainda há um tempo de suspense até o anúncio oficial do novo Papa.
A multidão se reúne na Praça de São Pedro, enquanto os cardeais prestam
reverência ao eleito, e ele se prepara para sua primeira aparição.
Finalmente, o Cardeal Protodiácono proclama:
“Annuntio vobis gaudium magnum: Habemus Papam!”
E o mundo vê pela primeira vez o rosto do novo Vigário de
Cristo.
Conclusão
A fumaça branca e a fumaça preta são sinais externos de um evento profundamente espiritual. Elas nos recordam que a Igreja é conduzida por homens, mas guiada por Deus. O fumo que sobe da Capela Sistina une o céu e a terra, o silêncio dos cardeais e a oração dos fiéis, a espera humana e a providência divina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário