8 de novembro de 2015
7 de novembro de 2015
Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.
Conferência V
QUE AMBOS SEJAM PROFUNDAMENTE RELIGIOSOS!
Parte 4/5
Chegamos agora à terceira condição de um bom casamento. Propriamente falando deveria ele ocupar o primeiro plano, porque encerra em si, mais ou menos, as duas primeiras condições. Que o moço tenha consciência de sua responsabilidade, e que a jovem ame a vida de família; mas que ambos sejam sincera e profundamente religiosos.
A) "É, pois, tão importante que o marido ou a mulher tenha religião? perguntam alguns. Importa que ela seja bela, de boa saúde, que seja digna e tenha bons rendimentos. Hoje as pessoas são bastante polidas para respeitar as convicções religiosas dos outros, quando delas não partilham. Não vejo, pois, em que eu perderia, se meu futuro esposo ou minha futura esposa não tivesse religião..."
Como falam tão levianamente antes de seu casamento! E quantos constatam depois, no dia de amanhã, o que perderam desposando alguém que não tenha religião!
a - Não nego. Com habilidade e um grande domínio de si, pode-se, apesar da divergência de opinião, conservar a aparência exterior de um matrimônio pacifico e harmonioso, enganando completamente os estranhos. Mas na realidade, apesar de toda a boa vontade, e de toda aparência exterior, faltará alguma coisa de essencial. Mãos hábeis poderão, igualmente, fazer rosas artificiais, que muito se assemelham às naturais. Falta-lhe, porém, alguma coisa: o doce perfume das rosas vivas.
Quereis saber por que o vosso companheiro de vida deve ter religião? Porque no casamento é que é preciso os dois seres formarem um só. E de tal modo, que não se encontre no mundo igual exemplo de união. Mas como o homem não pode ser perfeitamente um, senão com Deus, vós também não podeis adquirir esta união perfeita desejável com vosso companheiro, se não vos encontrardes em Deus, e em Deus vos unirdes.
b - Se vosso esposo for realmente um homem culto, talvez respeite vossas convicções religiosas. É bastante, porém, para vós esta atitude simplesmente negativa? Pois é a religião que deveria ser esta força positiva, este traço de união mais forte que qualquer outro, que vos ajudará nas mil horas tristes e amargas da vida comum. E no entanto é justamente ela que vos vai faltar.
Sim, a delicadeza e o amor podem aplainar muitos obstáculos; é possível também que não noteis a grande divergência de vossas opiniões, e que gozeis, ambos, de numerosos raios de felicidade. Isto, porém, enquanto não houver nuvens em vossa vida! Quando vierem os dias de prova, - e qual o homem que não os encontra? - então vereis claramente que nem tudo pode ser aplainado, e não podeis mais encarar, unidos, a dor; não podeis mais, unidos, vos levantar, porque não podeis, unidos, rezar.
E que acontecerá quando vosso marido que é culto, rico, belo, mas irreligioso, exigir de vós, na vida conjugal, coisas ante as quais vossa alma piedosa tremerá de horror e que ele não exigiria, se tivesse religião? Que acontecerá, então? Em que terrível alternativa ficareis? Ou lhe obedecereis, e vossa vida espiritual, então, se desmoronará, ou lhe resistireis, e ele indignado e descontente voltar-se-á para uma outra. E de que vos valerá, dizei-me, um marido culto, elegante, com uma bela colocação?
B) Após isto, não será difícil responder a este dilema: Casar-me-ei com alguém que tenha religião, ou com alguém que não tenha religião? E quantas vezes os jovens não se encontram diante desta pergunta.
a - Vejamos primeiro o caso em que a jovem é religiosa, enquanto não o é o jovem.
Se o homem é abertamente contra a religião, atacando-a ou insultando-a, então - creio que todos o compreenderão - a resposta não pode ser senão negativa, porque a vida da pobre mulher seria um martírio incessante.
Ninguém alimente ilusões, dizendo como muitas: "Meu marido, é verdade, não tem religião, e é hostil a toda ideia religiosa, mas eu o converterei".
Isto, porém, não será fácil, e talvez nunca aconteça. O casamento não é uma casa de reeducação, onde pessoas essencialmente mal formadas possam se tornar santos.
Talvez houvesse alguma esperança, se o marido fosse apenas um indiferente. Mesmo neste caso, quantas renúncias, quantos sacrifícios e quantos esforços serão precisos, durante dezenas de anos, para chegar a algum resultado! E se no entanto isto não acontecer? A desunião e a separação permanecerão perpetuamente: a mulher, com a sua religião, quer educar seus filhos religiosamente, mas o marido não pode ver isto silenciosamente, e podendo zomba de sua mulher, de sua "beatice", esforçando-se por arrancar da alma de seus filhos os princípios cristãos implantados pela mãe.
Naturalmente não poderei dizer outra coisa: a moça religiosa nunca deve desposar um moço irreligioso.
Desgraçadamente, porém, o que mais frequentemente se pergunta em nossos dias é o inverso da questão: Um jovem religioso pode casar-se com uma jovem irreligiosa? Uma jovem sem religião? Não será uma ideia absurda? Existe este fenômeno?
Sim, a existência atual produz estas jovens! De outro lado, porém, graças a Deus, tornam-se cada vez mais numerosos os rapazes cultos, instruídos, delicados que levam uma vida séria e profundamente religiosa. Semelhantes moços poderão desposar moças sem religião?
6 de novembro de 2015
Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.
Conferência V
QUE A JOVEM SEJA MODESTA E AME O SEU LAR.
Parte 3/5
A) Assim como é de uma importância capital que a noiva se convença de que seu futuro esposo esta compenetrado do sentimento de sua responsabilidade, assim também é importante que o noivo esteja convencido de que sua futura esposa, também ela, possui a simplicidade e o espírito interior necessário.
a - No Antigo Testamento encontramos um modelo de noivos: "Tobias e Sara". Não se pode ler sem emoção o que o jovem Tobias diz à sua noiva antes de seu casamento: Levanta-te, Sara, e oremos a Deus, hoje, amanhã e depois de amanhã... Porque nós somos filhos de santos e não nos podemos unir como os pagãos que não conhecem a Deus (Tob 8, 4 - 5).
Como é comovente a lição que Sara recebe de seu pai! Após a celebração do casamento, os jovens esposos despedem-se dos pais de Sara, para voltarem à casa do velho Tobias. "Que o santo anjo do Senhor, diz-lhes o pai de Sara, esteja em vosso caminho, e vos conduza até vosso lar sãos e salvos; que tudo seja próspero em casa de vossos pais e possam os meus olhos ver vossos filhos, antes que eu morra. Então os pais abraçaram sua filha, e deixaram-na ir, após ter-lhe recomendado respeitar seus sogros, amar seu marido, bem dirigir sua família, governar sua casa, e de se conservar ele própria sem mancha" (Tob 10, 11 - 13).
Poder-se-ia melhor resumir os deveres de uma boa esposa como fez o pai da esposa do jovem Tobias?
Noivos, vede se possuís este estado de espírito, esta modéstia, este gosto pelo vosso lar.
b - "Mas Tobias e Sara, poderia dizer alguém, viveram em outra época, há milhares de anos; as moças de hoje não poderiam se moldar por eles..." Daria a esta jovem uma preparação para seu exame de consciência, tirada de outro livro, que não foi escrito há milhares de anos, e sim, há pouco tempo. E foi escrito por uma mulher. Uma escritora de visão profunda que dá os conselhos seguintes para um exame de consciência: Se passais mais tempo diante das vitrines das lojas, que no trabalho, ou na leitura, ou sob a influência pura de Deus, se após uma semana lembrais ainda exatamente que Lisete tinha um manto cor de malva com botões vermelhos, enquanto Clara tinha um vestido de crepe azul, então, é sinal que isto vai mal. E se à noite, não podeis dormir porque não sabeis se vossa capa nova será verde garrafa ou vermelha, se repreendeis vossa mãe, porque não tendes um vestido novo para o chá, e se chorais porque vosso chapéu não tem enfeite, então, é tempo muito oportuno para que, em vosso próprio interesse, comeceis uma cura; pois quereis cair ainda mais?
Por isso, jovens, para quem Tobias e Sara são velhos, tomai ao menos estes conselhos que são inteiramente atuais e novos.
B) De outra coisa ainda deveis cuidar. É incrível a leviandade com que, algumas vezes, se trata uma questão vital.
a - As jovens com a mesma leviandade que os moços.
Pergunta-se a uma dessas jovens:
- Por que quereis desposar este jovem?
- Não sabeis que ele possuí um belo carro de seis cilindros?
- Mas então é um auto que quereis desposar, ou um homem?
Pergunta-se a um desses moços:
- Por que quereis casar com aquela moça?
- Porque ela é muitíssimo rica.
- Então é um punhado de ouro que quereis desposar?
Aqueles que se casam, em semelhante estado de espírito, podem se admirar se algumas semanas depois sua vida conjugal se transformou num inferno? Não, porque eles realizam em si aquelas palavras da Sagrada Escritura: "Estes são os que entram no casamento banindo Deus de seu coração e de seu pensamento, e que se entregam à sua paixão, como um cavalo e o jumento que não tem razão" (Tob 6, 17).
Talvez estas expressões pareçam exageradas, mas são muito bem reais ainda hoje!
Não se acreditaria - se não se ouvisse com os próprios ouvidos - que isto fosse possível: a jovem desposa o moço porque é um " rapaz elegante"; o jovem, de seu lado, casa-se com a moça, porque ela "dança muito bem". Que cinismo inaudito, que leviandade insensata, ante o passo mais santo da vida! Ante uma determinação que pesará por toda a existência.
b - Como é diferente o pensamento da Sagrada Escritura a este respeito! Certamente agiria muito bem o jovem, se, antes de casar, procurasse saber se sua noiva corresponde às magnificas exigências que o apóstolo São Pedro formulava quanto às mulheres. Sabia muito bem que não é a beleza externa que decide seu valor, e eis por que escreve: "Que vosso ornamento não seja o exterior: os cabelos penteados com arte, os ornamentos de ouro ou a elegância das vestes; mas ornai vosso interior com a pureza incorruptível de um espírito doce e pacífico: tal é a verdadeira riqueza diante de Deus" (1 Ped 3, 3- 4).
5 de novembro de 2015
Tesouro de Exemplos - Parte 1
FUI AVISADO DE QUE MORRERIA
RAPAZES, até quando continuareis zombando da autoridade de Deus? Até quando desprezareis o seu preceito de ir a missa aos domingos, a confissão, a comunhão? Tendes saúde, sois fortes, alegres, adulados... amados de vossos pais, estimados de vossos colegas... bem sucedidos nos estudos... ricos, afortunados... Mas uma coisa eu vos digo: De Deus não se zomba. Se não fazeis caso da religião, se não cumpris vossos deveres morais e religiosos, se continuais na libertinagem, não duvideis que o castigo virá. Como? De que maneira? Quando? A estas perguntas não podemos responder: são mistérios de Deus.
O certo, porém, é que ele anunciou temerosos castigos contra os profanadores dos dias santos. E esses castigos, nesta ou na outra vida, virão infalivelmente. Escutem o que refere o grande doutor da Igreja S. Afonso de Ligório.
Era, diz ele, a 24 de novembro de 1668. Dois amigos passeavam juntos nos jardins de Palermo. Um deles chamava-se César, e era ator dramático.
— César — disse-lhe o amigo — estás triste?
— Muito.
— Por que não conversas?
— Não posso.
— Tens alguma preocupação?
— Sim; e muito grande.
— Não me podes contar o que é?
— Sim; como és um bom amigo, vou abrir-te o meu coração. Já sabes que minha mãe era muito boa. Educou-me na piedade. Mais tarde, porém, abandonei tudo e tornei-me um libertino. Dediquei-me ao teatro... tenho tido muitos triunfos, mas, também, tenho dado muitos escândalos. Um dia, estando eu em Nápoles, passei por uma praça abarrotada de povo. Parei. Era um missionário que estava pregando. Ouvi-lhe o sermão sobre o inferno e tive medo. Converti-me, confessei-me com ele e ao terminar, disse-me: “Não voltes ao vômito do pecado, porque se voltares (digo-te da parte de Deus), só terás doze anos de vida”.
— Isso te disse o frade?
— Exatamente.
— E por que hoje te lembras disso?
— Porque hoje exatamente vai fazer doze anos...
— Qual nada! não te vejo com cara de moribundo.
— Sim; hoje estou passando melhor do que nunca.
— Então, deixa-te de tolices. Eu te profetizo, sem ser missionário, que esta noite terás um dos maiores triunfos de tua vida. E viverás ainda... até caíres de velhice.
— Deus te ouça, meu amigo, mas asseguro-te que tenho medo, muito medo.
Chegou a noite. Começou o teatro. César trabalhava no palco... E todos o aplaudiam com delírio. De repente cambaleou... caiu... Aproximaram-se dele, quiseram ergue-lo... Estava morto; era um cadáver!...
Realizara-se a tremenda profecia do missionário.
Não sou eu, mas o próprio Deus, quem vos diz: Rapazes frequentai a missa! Porque, se não observais a minha lei, se profanais as minhas festas, contra vós enviarei terríveis castigos quer nesta, quer na outra vida.
4 de novembro de 2015
Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.
Conferência V
QUE O JOVEM SEJA SÉRIO E CONSCIENTE DE SUA RESPONSABILIDADE.
Parte 2/5
A) A um velho eclesiástico cujo ministério era de longos anos, perguntaram, um dia, qual, entre as funções de sacerdote, a que mais o impressionava. O casamento de dois jovens, ou o enterro de uma mãe de família, responde o velho e digno pastor. Porque eu nunca vi tão claramente, em qualquer outro lugar, a imensa responsabilidade que traz a vida conjugal para a sorte terrestre e eterna de gerações inteiras.
Quanta razão tinha, realmente, este velho sacerdote! Quem não compreenderia as consequências incalculáveis que um bom ou mau casamento traria para o destino terrestre e eterno dos esposos e mais ainda para o futuro de sua geração?
Quem não sente a importância decisiva de assegurar um bom casamento?
"Assegurar um bom casamento"?, dir-se-á talvez. Mas o casamento é como sorteio. Toma-se ao acaso, sem saber o que se escolheu.
Alguns se esquivam com esta resposta espirituosa, mas a questão é muito importante para que se tenha o direito de assim se esquivar.
B) É verdade, ninguém pode ler com inteira certeza o coração de outrem. Há, porém, sinais, e por eles tiramos conclusões. E um destes sinais, no moço, é o amor ao trabalho, o sentimento de fidelidade ao dever e a honestidade.
a - Se estas qualidades existem no noivo, pode-se, então, olhar mais tranquilamente o futuro casamento.
Se elas faltam porém, a jovem nunca deve desposá-lo.
Não atendais a linguagem irrefletida de muitas jovens: "Eu bem sei que meu noivo é leviano e superficial, mas nada posso fazer, eu o desposarei, porque sou louca por ele". Esta "loucura" acabará muito depressa, e então que terrível desencanto!
Espero que não tenhais as idéias blasfemas daquela mãe de família a quem uma de suas amigas dizia: "O moço a quem queres entregar tua filha é muito frívolo e volúvel", ao que ela responde: "Tens razão, bem sei que não é um partido muito desejável, mas isto basta como primeiro marido".
b - Que ímpia maneira de ver as coisas! O casamento não é um ensaio. É uma responsabilidade imensa. Dever-se-ia sublinhar muitas vezes, e realçar esta ideia. Pois na atual humanidade espalham-se muito rapidamente idéias como estas: "O casamento é um negócio privado, não atinge ninguém. O casamento é uma compra a prazo. O casamento é um divertimento e assim por diante. Ele não tem esta responsabilidade, da qual o homem de hoje não quer ouvir falar". E no entanto esta imensa responsabilidade origina-se do matrimônio para ambos os esposos, como igualmente para o bem físico e moral das gerações futuras.
O jovem que não possuí esta concepção austera do casamento, e o sentido de sua grande responsabilidade, alguns meses após a realização, dirá a seus amigos, com um riso sarcástico e num tom amargo: "Prestai atenção, sede prudentes, pois é bastante que eu me tenha deixado prender. Eu não esperava isto. Acreditava que o casamento fosse coisa bem diferente..." e acompanha estas palavras com um gesto desabusado.
Cada vez que vemos este gesto de desencanto e que ouvimos este tom decepcionado, sabemos imediatamente que este jovem estava desprovido de idéias sérias, e do sentimento de sua responsabilidade, a respeito do casamento.
3 de novembro de 2015
Tesouro de Exemplos - Volume II
ADVERTÊNCIA
Vários autores narram, com pequenas modificações, os mesmos exemplos. Razão por que, em vez de citar, depois de cada exemplo, o nome de algum escritor, preferimos indicar aqui apenas as principais obras utilizadas nesta coleção. São as seguintes:
G. Mortarino, II vital nutrimento. Vicenza 1944.
Guido Borsara, Come sorridono i Santi. Turim s/d.
L. Ruger, In terram bonam..., 1950.
F. Romero López, Recursos Oratorios. Zamora 1953.
D. Llórente, Catecismo explicado con gráficos y ejemplos. Valladolid.
C. Oberhammer, Neue Beispielsamlung. Estrasburgo 1934.
P. Orsini, Miniera Ignaziana. Turim 1942.
J. Bertier, Le prêtre dans le ministère... Grave.
J. Fattinger, Der Katechet erzählt.
Collezione “La Scuola dei Fatti", L. I. C. E., Turim.
Ramón Sarabia, Como se educan los hijos. Madrid 1945.
V. Muzzatti, Prontuario di sentenze, fatti e similitudini. Turim 1946.
J. Millot, Trésor d'histoires. Paris 1941.
J. Perardi, La Doctrina Cattolica. Turim 1947.
Ramón J. Muñana, Verdad y Vida. Segovia 1951.
2 de novembro de 2015
Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.
Conferência V
QUALIDADES DE UM BOM CASAMENTO
Parte 1/5
Os antigos pagãos tinham uma lenda interessante sobre a criação do coração humano. Acreditavam que quando os deuses criaram o coração humano, dividiram-no em duas partes, e colocaram cada uma delas em dois corpos diferentes. Essas duas metades foram feitas uma para outra, e reclamam-se mutuamente, onde quer que elas vivam, qualquer que seja a sua sorte, seu país, seu povo. Enquanto não se acharem, procuram-se mutuamente. E a sua felicidade é perfeita, quando se encontram... Que delicada observação psicológica, e que experiência da vida em todo esse simbolismo! A escolha do companheiro da vida é uma tarefa imensa e um santo mistério, proclama o pensamento antigo. E em verdade dois corações procuram-se reciprocamente, o coração do homem busca o da mulher, que a providência criou para ele. O noivado é o tempo em que se deve ver se há na outra metade as qualidades necessárias para um casamento feliz, e se há no moço e na moça as condições para um bom casamento.
Quais são, porém, as qualidades de um bom esposo? Eis a nossa questão de hoje. Não vou naturalmente enumerar todas. Não só não haveria tempo para isto, como há conselhos antigos e excelentes, bastante conhecidos.
Não falarei dessas máximas, que a experiência secular ensinou à humanidade, e que são úteis ainda hoje. Por exemplo, evitem-se o quanto possível casamento entre parentes. Entre os esposos deve existir uma diferença de idade suficiente; a jovem, diz-se geralmente, deve ter sete anos mais que a metade da idade de seu esposo; o homem deve ser mais instruído que sua esposa, pois assim ela o olhará com certa admiração. Eis mais um bom conselho para jovens: ver se o moço tem amor terno e ardente para com sua mãe, pois assim ela o poderá desposar tranquilamente, porque igual afeto ele o demonstrará para com ela. E assim por diante. Há uma abundância destes velhos e bons conselhos, que são ainda hoje preciosos e dignos de serem observados.
Hoje, contudo, não falarei deles.
Quero, hoje, dar também aos jovens, conselhos, mas três conselhos que eles em geral não tem o hábito de receber.
Quais são eles? Quais estas três condições indispensáveis aos bons esposos?
1) Que o jovem seja sério e tenha sentimentos de sua responsabilidade.
2) Que a jovem seja modesta e discreta.
3) Que, enfim, um e outro sejam profundamente religiosos.
1 de novembro de 2015
Tesouro de Exemplos - Volume II
Prezados, Salve Maria!
Estamos presenteando nossos leitores com a publicação de diversas histórias do livro Tesouro de Exemplos - Volume II do Pe. Francisco Alves, C. SS. R., publicado pela Editora Vozes no ano de 1960.
Observação: Estaremos publicando os textos em conformidade com o original, visando não alterar o sentido apresentado pelo autor.
EXEMPLA MOVENT...
Em 1953, a benemérita Editora Vozes publicou o primeiro volume de nosso Tesouro de Exemplos. Trabalho simples e de feição popular, o livro entrou nas livrarias sem reclame comercial de espécie alguma, contando tão somente com as bençãos do céu.
Hoje, a primeira edição está em vésperas de esgotar-se; e, aguardando a oportunidade de uma nova edição, tencionava-mos acrescentar aos exemplos já publicados certo número de exemplos novos, colecionados dos melhores autores. Mas, como isso tornaria a obra bastante volumosa — o que seria desvantagem tanto para os leitores como para os editores — resolvemos dar á luz urna nova serie de exemplos, isto é, um segundo volume.
O método seguido — se é que método se pode chamar — é o mesmo da série anterior. Preferimos, com alguns autores, evitar a coordenação dos exemplos segundo a divisão dos compêndios de religião, deixando, assim, plena liberdade ao catequista de empregar e aplicar, os mesmos de acordo com as circunstâncias e o assunto de que tratar, visto que, não raro, o mesmo exemplo pode ser aplicado de vários modos.
Este método traz, ainda, certa vantagem sobre os outros, porque, quando se faz a leitura para algum grupo de ouvintes, a variedade de assuntos agradará mais, seguramente. Será, além disso, mais proveitoso voltar ao mesmo assunto (a missa, a comunhão, etc.) de tempo em tempo, do que ler ou contar de uma vez todos os exemplos relativos à matéria. Entretanto, os narradores, que desejarem mais exemplos sobre o mesmo assunto, poderão recorrer ao índice alfabético deste livro ou — o que é ainda melhor — munir-se de papel e lápis para apontamentos durante a leitura.
Quanto ao modo de narrar as historinhas aos petizes, queira o leitor recordar o que ficou dito no primeiro volume, cujo prefácio, para sua comodidade, vamos transcrever.
"Toda criança gosta de ouvir historinhas. Em casa, na escola, no colégio, na igreja, onde quer que estejam, as crianças ficam quietinhas, atentas, que até parecem não respirar, quando se lhes conta uma historinha bonita, um exemplo edificante.
O vigário, o missionário, a professôra, a catequista, todos sabem isso por experiência.
Ora, ensinar catecismo, presidir reuniões de cruzadinhos, preparar cem, duzentas crianças para a primeira comunhão, e não lhes contar historinhas emocionantes, é arriscar-se a fracassar. Depois de algum tempo, meia hora se muito, estão aborrecidas, desinteressadas, querem sair, conversam, brincam, brigam: é a anarquia, é a debandada... E não adianta gritar, ameaçar, dar beliscões, puxões de orelha... nada, nada adianta. E no dia seguinte o número já será menor: os maiores não voltam... os medrosos não se arriscam a entrar... os miudinhos pouco entendem e ainda menos aprendem...
E, contudo, é mister ensinar à multidão infantil, que não ouve falar de Deus, que cresce sem catecismo, que perambula pelas ruas, as verdades de fé, os preceitos divinos, a doutrina consoladora da salvação.
Como se há de conseguir que crianças, sempre irrequietas e buliçosas, estejam atentas, não conversem, escutem, rezem, cantem, fiquem na fila?
Um poderoso meio de conseguir silêncio, atenção e interesse é contar-lhes algum exemplo atraente, sugestivo, cheio de emoções, bastante infantil e inteligível.
Os exemplos, como se encontram nos livros, são pouco movimentados, resumidos, breves... É natural; pois livros volumosos, quem os adquiriria, quem os leria?...
Por isso, a catequista, a professôra, o padre, que vai contá-los, deve ler e meditar o exemplo, preferido, a fim de descrevê-lo, ampliá-lo, dar-lhe vida e colorido e movimento, dramatizá-lo, enfim. Contar com desembaraço, isto é, contar com as mãos, os braços, a cabeça... falar com os olhos... rir ou chorar... aterrar ou entusiasmar... fazer rir ou arrancar lágrimas de comoção... o mais sugestivo, o mais patético possível!
Consegue alguém dar vida e calor às historinhas que conta com a linguagem dos olhos, a expressão do rosto, os movimentos do corpo, a entoação da voz... êsse alguém é senhor das crianças, poderá fazer com elas o que quiser.
Narrado o exemplo, aproveitar a boa disposição do auditório: fazer repetir por algum dêles a historinha e logo encaixar qualquer ponto de doutrina, recomendação ou aviso, um pedido, uma jaculatória...
Na presente coleção não se encontram exemplos inventados por nós; são autênticos, mesmo que não venham mencionado o autor. Muitos dêles, aliás, são contados por diferentes autores com pequenas variações. Isso não prejudica. O narrador tem liberdade de ampliar, colorir, enfeitar qualquer exemplo. O essencial é que, no fundo, o exemplo seja possível, verídico, doutrinário.
Por fim, muito para desejar seria que esta coleção andasse, também, nas mãos das mãezinhas e das vovós, que imenso bem fariam aos filhos e aos netinhos, contando-lhes a miúdo lindas histórias capazes de formar-lhes o coração e o caráter no verdadeiro sentido cristão.
A Nossa Senhora Aparecida, nossa excelsa Rainha, consagramos esta pequena semente do bem, rogando-lhe que a faça crescer e produzir frutos de salvação entre as crianças do nosso querido Brasil."
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