Prezados Amigos e Leitores, Salve Maria!
Em nossos apostolados católicos tradicionais, estamos constantemente sendo chamados a defender e propagar a fé, mas é necessário que essa missão seja cumprida com espírito de caridade e humildade. A ira e a raiva, quando não combatidas com firmeza, podem se tornar um veneno que não apenas destrói a paz e a harmonia dentro das obras, mas também afasta as almas de Cristo, além de causar sérios danos à Santa Igreja.
Para tratar desse tema com a profundidade que ele merece, convidamos vocês a escutar a homilia proferida por um sacerdote católico piedoso, que com grande propriedade aponta os perigos que a raiva e a ira representam nos apostolados tradicionais. Ele explica como esses sentimentos, se não forem eliminados rapidamente, podem causar divisões internas, afastar novos membros e desviar-nos do nosso verdadeiro propósito de evangelizar e salvar almas.
Nesta homilia, o sacerdote oferece soluções claras e práticas para livrar nossos apostolados desse mal, chamando cada um de nós a um exame de consciência, à prática da mortificação e ao cultivo de uma vida de caridade e oração. Ele nos lembra que a verdadeira obra apostólica deve ser sempre enraizada no amor de Cristo, e que só assim poderemos cumprir nossa missão sem causar danos à Igreja ou às pessoas envolvidas.
Convidamos a todos a refletir seriamente sobre essa mensagem e a se unir em oração, para que possamos trabalhar juntos na edificação de apostolados que, livres da ira, possam verdadeiramente servir a Cristo e ao bem comum.
Que Deus nos conceda a graça de sermos instrumentos de paz e humildade em Seu serviço.
Ira e a Raiva
A ira e a raiva, quando presentes em apostolados católicos tradicionais, representam um desafio sério à saúde espiritual dessas obras e das almas envolvidas. Um sacerdote piedoso, ao observar atentamente os comportamentos nesses apostolados, percebe que muitas vezes as pessoas mais suscetíveis a esses sentimentos são justamente aquelas que mais receberam instrução e formação. Isso ocorre porque a acumulação de conhecimento, se não acompanhada de virtudes, pode levar à soberba e à tendência de julgar e condenar, em vez de orientar com caridade. A formação sem a devida vivência espiritual pode tornar-se um fardo que empurra essas pessoas à crítica, à intolerância e, consequentemente, à raiva. Portanto, é fundamental que essas almas, conscientes da sua responsabilidade, identifiquem seus defeitos e trabalhem ativamente para saná-los.
Falta de Mortificação e Suas Consequências
Um dos principais fatores que contribuem para a manifestação da raiva nos apostolados é a falta de uma vida de mortificação. Muitas das pessoas envolvidas nesses apostolados, embora zelosas na defesa da fé, negligenciam a prática da mortificação interior e exterior. Sem a mortificação, as paixões desordenadas têm mais liberdade de agir, e a pessoa facilmente se deixa levar por sentimentos de irritação, impaciência e autoritarismo.
A mortificação, como ensina a tradição da Igreja, é essencial para submeter as paixões e cultivar a virtude da humildade. Sem essa disciplina, os membros dos apostolados correm o risco de serem dominados pelo orgulho, levando-os a acreditar que sua compreensão da doutrina ou das questões morais é superior à dos demais. Essa arrogância é frequentemente o solo fértil onde a ira germina, pois, quando suas opiniões são questionadas ou contrariadas, as pessoas sentem-se traídas, como se tivessem sofrido uma ofensa pessoal.
Paixões Desordenadas e a Falta de Discernimento
A falta de mortificação também abre caminho para paixões desordenadas. Muitas vezes, o apego ao próprio julgamento, à vontade própria e ao amor próprio conduz à raiva quando a realidade não corresponde às expectativas dessas pessoas. Elas acabam interpretando discordâncias como ataques pessoais ou traições, esquecendo-se de que, no contexto de um apostolado, é normal haver diferenças de opinião.
O sacerdote piedoso, atento a essas dinâmicas, deve sempre orientar seus fiéis a cultivarem o discernimento, buscando distinguir com frequência o que é legítimo zelo pela verdade do que é, na verdade, uma resposta emocional desordenada. Essa distinção exige humildade, oração e a busca constante pela orientação do Espírito Santo, pois sem isso, as pessoas facilmente caem na armadilha de se julgar sempre justas e os outros, errados.
O Estudo das Verdades da Igreja
Outro ponto essencial para livrar os apostolados da ira e da raiva é o estudo constante e profundo das verdades da Igreja. Isso não se refere apenas à acumulação de informações doutrinárias, mas à busca pela sabedoria que provém da reflexão sobre a doutrina, acompanhada de oração e aplicação na vida prática. O conhecimento sem caridade é, como diz São Paulo, uma “ciência que incha” (1 Cor 8,1), e sem a devida humildade, o estudo pode se tornar uma fonte de orgulho e divisões.
O estudo das verdades da Igreja deve ser, portanto, um caminho para a santidade, e não um instrumento de disputa. Aqueles que verdadeiramente compreendem as verdades eternas são capazes de acolher com paciência e mansidão as opiniões dos outros, sem ceder à raiva ou à intolerância. O verdadeiro estudioso da fé católica deve ser o primeiro a buscar a paz e a harmonia dentro do apostolado, promovendo o diálogo respeitoso e a correção fraterna, em vez de responder com ira ou ressentimento.
A Necessidade de Mortificar o Amor Próprio
Um dos grandes obstáculos para a paz e a harmonia dentro dos apostolados é o amor próprio desordenado. O amor próprio, quando não mortificado, leva a pessoa a defender obstinadamente suas próprias opiniões, a recusar qualquer forma de correção e a interpretar discordâncias como traições pessoais. Para que um apostolado floresça e cresça espiritualmente, é necessário que seus membros aprendam a mortificar esse amor próprio, colocando a verdade e o bem comum acima de suas vontades e preferências pessoais.
Mortificar o amor próprio significa reconhecer que nem sempre estamos certos, e que é possível aprender com os outros, mesmo quando suas opiniões diferem das nossas. Também significa aceitar críticas com humildade e estar disposto a corrigir nossos erros, em vez de reagir com raiva ou ressentimento. Isso exige uma vida espiritual profunda, enraizada na oração, nos sacramentos e na meditação sobre a paixão de Cristo, que é o modelo supremo de humildade e de mortificação do amor próprio.
Caminhos para a Cura
Livrar os apostolados desse mal requer um esforço conjunto, tanto dos líderes quanto dos membros. O sacerdote piedoso, que deseja ver seu apostolado crescer em santidade, deve primeiro promover a prática regular da mortificação entre os membros. Isso pode incluir jejuns, mortificações corporais e, principalmente, a mortificação das paixões e do amor próprio. Os membros do apostolado devem ser encorajados a viver uma vida de sacrifício, oferecendo suas dores e dificuldades pela conversão das almas e pelo bem da Igreja.
Além disso, é necessário que todos os membros do apostolado, especialmente aqueles que estão mais propensos à raiva, busquem uma vida sacramental intensa. A confissão frequente e a recepção da Eucaristia são os remédios mais eficazes contra as paixões desordenadas. Na confissão, o penitente recebe a graça de reconhecer seus defeitos e trabalhar para superá-los, enquanto na Eucaristia ele encontra a força de Cristo para vencer suas fraquezas e amar os outros como Cristo nos amou.
A Caridade Como Base do Apostolado
Por fim, o alicerce de todo apostolado católico deve ser a caridade. Como São Paulo nos lembra em sua carta aos Coríntios, sem caridade, todas as nossas obras são vãs (1 Cor 13,1-3). A caridade deve ser vivida tanto no trato com os membros do apostolado quanto na missão de evangelização. Quando a caridade é cultivada, a raiva não tem espaço para crescer, pois os membros aprendem a corrigir-se mutuamente com paciência, a suportar as fraquezas dos outros e a trabalhar juntos pelo bem comum.
A caridade, porém, não é apenas um sentimento; ela é uma virtude que deve ser exercitada diariamente. Isso significa perdoar rapidamente, evitar julgamentos precipitados, buscar sempre o bem dos outros e, acima de tudo, seguir o exemplo de Cristo, que, em sua infinita paciência e amor, suportou as injúrias e ofensas sem jamais revidar com raiva ou ódio.
Conclusão
A ira e a raiva, quando não são combatidas, podem destruir a espiritualidade de qualquer apostolado. Um sacerdote piedoso, atento às almas que lhe foram confiadas, deve sempre orientar seus fiéis na prática da mortificação, do estudo sincero das verdades da Igreja e, sobretudo, da caridade. Através da oração, da mortificação e da correção fraterna, os apostolados podem ser purificados desses males e voltar ao seu verdadeiro propósito: levar as almas à salvação, refletindo o amor e a paz de Cristo em tudo o que fazem.
Somente assim os apostolados podem crescer de forma saudável e cumprir sua missão de ser luz no mundo, testemunhando a verdade com caridade e paciência.
Estamos publicando a seguir a homilia "Problemas Nos Apostolados Tradicionais - Parte 1 - A Ira e a Raiva - Sermão Padre Pasquotto - IBP"
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