2 de agosto de 2011

O Amor das Almas, S. Afonso de Ligório. INVOCAÇÃO A JESUS E A MARIA

Ó Salvador do mundo, ó Amor das almas, ó Senhor o mais amável de todos os objetos, vós com a vossa Paixão viestes a ganhar os nossos corações mostrando-nos o afeto imenso que tendes, consumando uma Redenção que nos trouxe um mar de bênçãos, e custou-vos um mar de penas e ignomínias. Vós para esse fim principalmente instituístes o SS. Sacramento do altar, a fim de que nós tivéssemos uma contínua memória da vossa Paixão: Ut autem tanti beneficii iugis in nobis maneret memoria, corpus suum in cibum fidelibus dereliquit, diz S. Tomás (Opusc. LVII) [1]. E já antes o dissera S. Paulo: Quotiescumque enim manducabitis panem hunc, mortem Domini annuntiabitis (I Cor. XI, 26). Vós, com tais prodígios de amor, já obtivestes de tantas almas santas que, consumadas pelas chamas da vossa caridade, renunciassem a todos os bens da terra, para dedicar-se todas a amar-vos só a vós, amabilíssimo Senhor. Fazei, pois, ó meu Jesus, que eu sempre me recorde da vossa Paixão; e que eu ainda mísero pecador, vencido de uma vez por todas por tantas finezas amorosas, me renda a amar-vos, e a dar, com o meu pobre amor, algum sinal de gratidão ao amor excessivo que vós, meu Deus e meu Salvador, me destes. Lembrai-vos, meu Jesus, que eu sou uma daquelas vossas ovelhinhas, para cuja salvação viestes à terra sacrificar a vossa vida divina. Eu sei que vós, depois de ter-me redimido com a vossa morte, não deixastes de me amar, e agora tendes por mim o mesmo amor que, por vossa bondade, tínheis-me morrendo por mim. Não permitais que eu continue vivendo ingrato a vós, meu Deus, que tanto mereceis ser amado e tanto fizestes para ser amado por mim.
E vós, ó Santíssima Virgem Maria, vós que tivestes uma participação tão grande na Paixão do vosso Filho, pelos méritos das vossas dores, impetrai-me a graça de provar uma amostra daquela compaixão que tanto vos afligiu na morte de Jesus; e obtende-me uma centelha daquele amor, que operou o martírio do vosso Coração doloroso. Amém.

Absorbeat, quaeso, Domine Iesu Christe, mentem meam ignita et melliflua vis amoris tui, ut amore amoris tui moriar, qui amore amoris mei dignatus es mori (Orat. S. Franc. Ass.) [2].

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[1]: "Ut autem tanti beneficii iugis in nobis maneret memoria, corpus suum in cibum et sanguinem suum in potum sub specie panis et vini sumendum fidelibus dereliquit." S. THOMAS, Opusculum 57: Officium de festo Corporis Christi, lectio 2. (In Breviario Romano: lectio 4).

[2]: "Completum est in illo (isto é, em S. Francisco, na impressão das chagas sagradas) quod ante petebat de seipso: "Absorbeat, quaeso, Domine, mentem meam ab omnibus quae caelo sunt ignita et melliflua vis amoris tui: ut amore amoris tui moriar, qui amore amoris mei dignatus es mori." UBERTINUS DE CASALI, Ord. Min., Arbor vitae crucifixae Iesu, Venetiis, 1485, lib. 5, cap. 4, Iesus Seraph alatus, huius capitis col. 6. - Cf. Opera S. FRANCISCI, Pedeponti, 1739, tom. 1, pag. 19: Oratio ad impetrandum divinum amorem.

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