30 de julho de 2011

ROGAR E CANTAR A MARIA (III)

Oração à Bem-aventurada Virgem para obter consolo

1) O Filho: Misericordiosíssima Maria, Mãe de Deus, recebe a teu servo que se dirige a ti em cada tribulação. Puríssima Virgem, recebe-me como ao único que não tem quem o console. Ó Senhora minha, repara em minha aflição e abre-me o seio de tua misericórdia. Eis-me aqui: eu chamo, grito e peço.

2) Não me aparto, nem te deixo. Permanecerei sempre ao teu lado, até que te compadeças de mim. Conheço tua incomparável doçura e o maternal afeto de teu coração, tão ardoroso pela abundância do divino amor, que resulta inconcebível o temor de que chegue a faltar teu consolo.

3) Eu acudo a ti com muita freqüência e com grande esperança, para merecer sempre ser favorecido por teu auxílio e reanimado pelo alento de tuas palavras, tanto se os assuntos andam bem com se andam mal. Se tu nos ofereces teus consolos, que tristeza pode ter lugar no coração? Como o inimigo poderia causar dano ao que sempre pode recorrer a ti?

4) Ó Mãe tão benigna, ouvi minha súplicas, oferece-me, ó Virgem, teu jarro e dá-me um pouco de beber. Da superabundância de graça que há em ti até transbordar, derrama sobre mim um pequeno consolo. É-me muito necessário neste momento e é sempre bem-vindo, nem me desagradaria se fosse pequeno, posto que uma só gota, escorrida de teu rosto a meus lábios, é tão eficaz e tão importante que, em comparação, é vil e inútil qualquer elemento agradável desta vida.

5) Por isso, muito amada Maria, rica e generosa em dons, admiravelmente suave em tuas expressões de graça, conforta-me com tuas admoestações, tu, em cujo seio virginal habitou a Suma Sabedoria, o Espírito Santo desde o princípio te consagrou, o anjo te custodiou, o arcanjo te instruiu e o poder do Altíssimo te cobriu com sua sombra. Diga somente uma palavra e minha alma será consolada.

6) Não peço coisas difíceis ou impossíveis, senão só esta: diz-me uma palavra de íntimo alento, que me dê júbilo e alegria. Acudo a ti na necessidade, recebe-me, pois, com rosto benigno. Teu servidor saberá que terá encontrado graça diante de ti, se lhe concedes algo amorosamente; isto é, se não demoras muito em outorgar-lhe o consolo que implora de ti.

7) Caríssima Maria, vem com tua doce presença a visitar meu coração em suas tribulações, já que sabes tão bem mitigar suas dores e reconduzi-las à uma atmosfera de paz. Vem, piedosíssima Senhora, com uma nova graça de Cristo, e com tua santa destra levanta teu servidor. Vem, eleita Mãe de Deus, e mostra-me a bem conhecida amplitude de tua misericórdia, já que, como o vês, me encontro mal parado; mas não me esqueço nem me esquecerei jamais de ti. Vem, pois; vem, minha esperança e minha felicidade, Virgem Maria, porque se tu vens e me falas, virão a mim todos os bens; e, por outro lado, todos os males se manterão distantes.

8) Que desejável, que importante e que jubiloso será para mim escutar as palavras da Mãe de meu Senhor Jesus Cristo. Quais palavras? Palavras benignas, muito doces e amistosas, como as que ouviu o apóstolo João da boca de seu amado Mestre, teu Filho, ao dizer: “Aqui tens a tua Mãe”. Ele o ouviu dos lábios de seu Senhor, porém eu desejo escutá-los dos teus, Senhora minha, em meu espírito e em minha mente devota. Diga-me, então: “Aqui tens tua Mãe, eis-me aqui, sou eu”. Que, ao som desta tua dulcíssima voz, minha alma se conforte e se regozije em tua presença, como costuma se regozijar um filho que há encontrado sua Mãe.

9) Que penetre, que penetre esta voz amiga nos ouvidos de meu coração; e que através das suas palavras de tua boca se me transmita ao mesmo tempo algum consolo sobrenatural do Espírito Santo. Assuma meu coração nova confiança; afaste-se o temor; não me turbe depois a ambigüidade; não me atormente o desespero com suas diversas tentações, mas fortaleçam-me as palavras que roguei escutar de ti e confiá-las com mais atenção ao meu coração.

10) “Eis aqui a tua Mãe”. Abraça, pois, alma minha, esta recomendação. Abraça à dulcíssima Maria, abraça à Mãe de Deus com seu menino Jesus, o mais formoso entre os homens; agradece-lhe sempre, porque é ela quem escuta as orações dos pobres e não permite que se marche sem consolo nenhum dos que diante dela veio rezar com perseverança. Esta é a virgem Maria, Mãe de Deus, a mística vara que, brotada de estirpe real, iluminou a amêndoa da flor divina, Jesus Cristo, Rei e Salvador de todos, ao que devemos tributar honra e glória pelos séculos.

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de Maria nunquam satis"
"sobre Maria nunca se falará o bastante"
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(KEMPIS, Tomás de. Imitación de María: Libro Cuarto, Capítulo III. pág. 113 - 116)

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