2 de dezembro de 2015

Tesouro de Exemplos - Parte 13

PROTESTO CONTRA OS FALSOS PROFETAS

Um nobre marquês de França foi certa vez convidado pelo Ministro do Exterior da Grécia a apertar a mão a Ernesto Renan, aquele escritor tristemente famoso que tanto injuriou a Jesus Cristo em seu livro Vida de Jesus.
O marquês, vivamente contrariado, escondeu sua mão, exclamando com voz solene: “Jamais apertarei essa mão que esbofeteou o meu Deus!”
É triste que, também entre nós, haja quem leia e admire certos escritores ímpios, imorais e blasfemadores.

1 de dezembro de 2015

Tesouro de Exemplos - Parte 12

NÃO ZOMBAR DOS PADRES

O célebre historiador Salviano narra que, na cidade de Cartago, decaída de seu antigo prestigio, estava na moda desprezar os religiosos. A plebe vil, quando avistava algum padre ou religioso, escarnecia-os e dirigia-lhes nomes injuriosos. O castigo de Deus não se fez esperar muito. Um dia aportaram ali os terríveis Vândalos. A ferro e fogo reduziram a cidade a um montão de ruínas, não deixando em pé nem sequer uma parede sobre a qual se pudesse escrever: “Aqui era Cartago”.
Foi assim que Nosso Senhor fez ver quanto ciúme tem do respeito devido a seus ministros, dos quais dissera: “Quem vos toca toca a pupila de meus olhos (Zac 2, 8); e quem vos despreza a mim despreza” (Lc 10, 16).

Casamento e Família - Dom tihamer Toth.

Conferência VII

A PRÓPRIA IDEIA DE CASAMENTO EXIGE A MONOGAMIA.

Parte 2/5

A primeira tese de hoje é a seguinte: "só a monogamia, isto é, a união indissolúvel de um homem e de uma mulher, pode constituir a forma matrimonial digna da humanidade". Portanto, nem a poligamia e nem a poliandria são autorizadas,
Bem sei que é preciso demonstrar esta tese com provas sólidas, pois dificilmente encontramos no mundo uma tese que tenha sido tão forte e superficialmente atacada, como esta verdade. Quem quer que saiba apenas ler e escrever crê-se autorizado a apresentar, a respeito do matrimônio, os mais fantasiosos planos de reforma.
"A monogamia é, hoje, uma coisa antiquada, dizem eles; não pode ser esta eternamente a forma do matrimônio. Hoje a organização econômica da humanidade é bem outra, é preciso adaptar-lhe a forma do matrimônio..."
Eis, mais ou menos, a essência dos projetos de reforma, esparsos à direita e à esquerda, e que, infelizmente, seduzem com bastante facilidade a muitos homens.
É preciso, contudo, examinar mais profundamente esta questão, e veremos que a monogamia não é uma invenção arbitrária da humanidade, que se possa modificar ou suprimir. Não! Não se pode suprimir a monogamia, porque é um mandamento formal de Deus, não se pode mais suprimi-lo, porque é um elemento indispensável da verdadeira civilização da humanidade.
A - O casamento de um só homem, com uma só mulher, é realmente a forma mais antiga do casamento, e deve sua existência à vontade do próprio Criador, e disto não duvidará quem conhece a Escritura Sagrada (Gn 2, 24; Mt 19, 5; Mc 10, 8; 1 Cor 6, 16; Ef 5, 31).
Conforme os Livros Santos, Deus criou um só homem e uma só mulher e estabeleceu entre eles o primeiro matrimônio. Desde sua origem, pois, existia o matrimônio entre um só homem e uma só mulher, isto é, era monógamo.
Este ensinamento da Sagrada Escritura esta perfeitamente confirmado pelas descobertas etnológicas que estabeleceram que, em tempos os mais remotos, junto a todos os povos, a família era monogâmica.
Quiseram provar o contrário em nome da ciência. Reconhecemos, dizem alguns, que a monogamia é realmente a forma mais perfeita do matrimônio, mas não é a sua forma primitiva. A monogamia é unicamente o resultado de uma longa evolução cultural. Ora, atualmente, esta absolutamente provado que a verdade é precisamente o contrário, isto é, que a monogamia foi entre todos os povos a forma a mais antiga do casamento, e que a poligamia e a poliandria são deformações posteriores. Muito justa e admirável a observação do filósofo Wundt: "Não foi a civilização que criou a monogamia, ao contrário, a monogamia é que foi a base e a condição preliminar da civilização".
A monogamia, pois, não pode ser suprimida, porque é a expressão da vontade de Deus.

B - não se pode mais aboli-la, porque a monogamia é, ao mesmo tempo, um elemento indispensável da verdadeira civilização.
a - A vida social não se realiza sem certas forças e certos valores morais, como por exemplo: o sentimento da responsabilidade, o domínio de si, a indulgência para com os outros, o espirito de renúncia e de sacrifício...etc. Estes são os fatores culturais, sempre indispensáveis à sociedade humana, qualquer que seja a mudança de organização que aí intervenha. A melhor forma matrimonial será, pois, a que mais assegurar a estabilidade destes valores culturais e destes fatores sociais.
Ora, não se pode duvidar que é precisamente o matrimônio monogâmico que os assegura. E ele obtêm este resultado, disciplinando os instintos do individuo, tornando-se a base simbolo da ordem social. A vida familiar bem ordenada é o mais forte sustentáculo de uma vida pública pacifica, e a garantia do desenvolvimento normal da cultura humana.
b - É imenso o horizonte que se vislumbra, quando se trata de conservar ou abolir a monogamia. Para os que refletem, de fato, não há mais dúvida hoje que a propaganda insensata levantada em nossos dias contra a forma cristã do matrimônio, não é senão uma parte, uma manifestação da grande luta decisiva a que se entregam os inimigos da sociedade contra toda ordem social. Os partidários do divórcio talvez não compreendam eles mesmos que sua exigência não é senão uma  parte de bolchevismo espiritual, que com suas tendências destrutivas tem por finalidade a ruína de toda ordem social, e da paz da humanidade. 
A família só pode ser pela monogamia o que deve ser, isto é, uma célula de vida social. É a família monogâmica que educa no homem as virtudes sociais: responsabilidade, cooperação, disciplina e indulgência pelo próximo; a necessária maturidade da alma, e o espírito de reflexão exigem a firmeza e a estabilidade do casamento.
O homem deixa-se facilmente levar pelo desejo de julgar toda a sua vida terrestre, suas obrigações e seus deveres, unicamente em relação aos próprios prazeres. Goethe, porém, tinha razão quando afirmava: "gozar envilece". Sobretudo quando não se vê outra coisa da união humana, a mais santa e profunda, o casamento, senão um contrato de duração limitada em vista dos prazeres recíprocos. 
Quando Nosso Senhor Jesus Cristo, em termos decisivos que não deixam dúvida, restabeleceu a monogamia (Mt 19, 4 - 6) e promulgou as leis do matrimônio cristão, realizou ao mesmo tempo uma reforma cultural imensa.
c - Foi, também, a restauração da dignidade da mulher. A igualdade da mulher com o homem e o respeito à mulher subsistem ou desaparecem, com o casamento monogâmico. Com a poligamia desaparece a dignidade da mulher. Deveriam elas pensar muito nisto, elas que, por leviandade, inclinam-se pelo divórcio, pelo novo casamento, isto é, pela poligamia porque o divórcio e o novo casamento nada mais são que uma poligamia, uma poligamia praticada não ao mesmo tempo, mas sucessivamente.
Um homem e uma mulher, eis o ideal cristão. Pois só estas duas partes podem dar ao matrimônio uma afeição, uma vida e ambições intactas e completas. O dom de si, no casamento, deve ser tão nobre e íntimo, tão total e confiante, que só pode ser realizado  entre duas pessoas. Há uma só alma que o possa dar e uma só alma para o receber.

30 de novembro de 2015

Tesouro de Exemplos - Parte 11

ASSIM SÃO OS FILHOS

Na história Evangélica encontramos cinco pais que acodem ansiosos a Jesus, intercedendo por seus filhos: um pede a saúde, outro a honra, outro a vida...
Só uma vez encontramos um filho que pede por seu pai Sabeis o que pediu?
Licença para ir enterrá-lo!...

29 de novembro de 2015

Tesouro de Exemplos - Parte 10

A GRANDEZA DO PAPADO

Encerrada a Revolução Francesa, assenta-se no trono de Franca um rei herdeiro dos funestos princípios da Revolução: Luís Filipe de Orleans. Thiers é o presidente do Conselho de Ministros e é, ao mesmo tempo, magnífico escritor, e político a Maquiavel. Um dia está em Roma e quer ver o Papa. O Santo Padre prontifica-se a recebê-lo; mas Thiers, como protestante que é, põe uma condição: não ajoelhar-se diante do Papa, nem beijar-lhe a mão. Ciente dessa condição, Gregório XVI sorri apenas. Entra, afinal, nos aposentos pontifícios o famoso Presidente. O Papa estende-lhe a mão para cumprimentá-lo, mas, em presença daquela imponente figura branca, Thiers sente apoderar-se de sua alma um sentimento indefinível. Vacila um instante, cai de joelhos e oscula o pé do Vigário de Cristo. O Papa pergunta-lhe cheio de bondade:
— Tropeçou em alguma coisa, sr. Presidente?
E Thiers comovido responde:
— Santíssimo Padre, tropecei na grandeza do Papado!

28 de novembro de 2015

Tesouro de Exemplos - Parte 9

A GANA DE SER RICO

Já ouvistes a história de João Wilde? Dizem que na ilha de Bergen há uma multidão de anõezinhos habitando um palácio de cristal, no interior da montanha. De vez em quando saem do seu palácio encantado para bailar pelos campos. Mas, se numa dessas excursões, algum anãozinho perde um de seus sapatinhos de vidro tem que voltar e procurá-lo, até que o encontre, custe o que custar.
Um lavrador, chamado João Wilde, que sabia desse segredo, resolveu apanhar um desses sapatinhos e fazer fortuna. Saiu, pois, á meia-noite, deitou-se ao pé da montanha e fingiu que dormia. Apareceram os anõezinhos e, vendo-o dormir, bailaram tranquilos e alegres á luz do luar. João Wilde espreitava-os e vendo que um deles deixou cair o sapatinho, de um salto apoderou-se do precioso tesouro. No dia seguinte o anãozinho, disfarçado em viajante, dirigiu-se á casa do lavrador. Este negou-se a devolver-lhe o sapatinho, e o anãozinho, em seu desespero, ofereceu-lhe pelo sapatinho tudo o que quisesse.
— Quero, disse João, que daqui em diante, a cada golpe do meu enxadão apareça urna moeda de ouro.
Firmou-se o contrato. Wilde com mão trémula tomou o enxadão, mergulhou-o na terra e — Ó sorte! — reluzente e novinha apareceu uma moeda de ouro. Todo o dia, de sol a sol, esteve cavando, e todo o dia esteve recolhendo moedas. Voltou no dia seguinte, e também no outro e — como achava curto o dia — começou a passar a noite desenterrando moedas de ouro. Sem descanso, sem sossego, cavou, suou, mourejou. Nem um momento de repouso, tamanha era a ânsia de amontoar ouro, ouro e mais ouro... Um dia, porém, encontraram-no estendido no campo ao lado do seu enxadão: morrera de fadiga sobre um montão de moedas de ouro. O anão dera-lhe o ouro por castigo.
Já disseste talvez: Faço sempre a vontade de Deus e no entanto vivo na pobreza; outros vivem a ofendê-lo e gozam de abundancia... Não te queixes, meu irmão; a tua pobreza, suportada com resignação, é uma mina de méritos para o céu. A riqueza mal adquirida ou mal .empregada será a causa de grandes castigos na vida futura.

27 de novembro de 2015

Sermão para o Último Domingo depois de Pentecostes – Padre Daniel Pinheiro, IBP

Sermão para o Último Domingo depois de Pentecostes
22.11.2015 – Padre Daniel Pinheiro, IBP

Em nome do Pai...
Ave Maria...
Caros católicos, o ano litúrgico nos faz reviver praticamente toda a história da salvação. O ano litúrgico tem início, então, com o Advento, que significa a espera pela vinda de Cristo no Antigo Testamento. E nada mais natural que se conclua pelo fim do mundo, pela segunda vinda de Cristo para julgar vivos e mortos, no que é chamado de juízo universal. A Igreja com a liturgia, com o ano litúrgico, nos faz reviver os principais momentos da história da Salvação, mas não se trata unicamente de uma recordação. A Igreja nos dá também a graça própria daquele acontecimento e da festa que celebra, para que nos santifiquemos. Por exemplo, no Natal, festejando o nascimento do Menino Jesus, a Igreja quer nos dar a graça da infância espiritual, para que nos portemos realmente como filhos de Deus e inteiramente dependentes dEle.
Hoje, no último domingo do ano litúrgico, a Igreja não celebra um fato já passado, mas nos prepara para algo que ainda vai ocorrer. Ela nos prepara para o juízo universal e, nos preparando para o juízo universal, quer que nos preparemos para a nossa morte, quando acontecerá o nosso juízo particular.
Como sabemos, o juízo particular ocorre no instante de nossa morte e nele somos julgados por Deus. Três coisas podem ocorrer com nossa alma nesse momento: o castigo com a condenação eterna no inferno, se morremos em pecado mortal, e basta um só pecado mortal para a condenação eterna; o purgatório (depois do qual a alma vai sempre para o céu), se morremos em estado de graça, mas com pecados veniais ou devendo ainda expiar por pecados já perdoados; e, finalmente, no juízo particular a alma pode ir diretamente para o céu se morreu em amizade com Deus, isto é sem pecado mortal, mas também sem pecados veniais e tendo expiado todos os pecados já perdoados. A sorte da nossa alma é decidida no instante da nossa morte. E, nesse instante, já não poderemos fazer mais nada, apenas nos submeter à justíssima sentença de Cristo. Esse é, então, o juízo particular, que ocorrerá no instante de nossa morte.
O juízo universal ou juízo final acontecerá no final do mundo, após a ressurreição dos corpos. Assim, o corpo poderá receber junto com a alma a sentença que lhe cabe, já dada no juízo particular à alma. O juízo universal não é uma revisão, mas uma confirmação pública do juízo particular, feito no instante de nossa morte. Embora não mude a sentença justíssima do juízo particular, o juízo universal tem grande utilidade. O Juízo universal será útil porque nele há de manifestar-se a glória de Deus, pois todos hão de reconhecer a justiça com que Deus governa o mundo, embora vejamos, às vezes, os bons sofrer e o maus em prosperidade nesse mundo. Quer dizer, no juízo universal, a sabedoria da Providência Divina nos será mostrada com precisão. No Juízo universal, há de manifestar-se também a glória de Jesus Cristo, porque, tendo Ele sido injustamente condenado pelos homens, aparecerá então à face do mundo inteiro como Juiz supremo de todos. O juízo universal será útil, igualmente, porque nele há de manifestar-se a glória dos Santos, porque muitos deles, que morreram desprezados pelos maus, hão de ser glorificados em presença de todos os homens. No Juízo universal, a confusão dos maus será enorme, especialmente para aqueles que oprimiram os justos, e para aqueles que, durante a vida, procuraram ser tidos, falsamente, por homens virtuosos e bons, pois verão manifestados, à vista de todo o mundo, os pecados que cometeram, ainda os mais ocultos.
A Igreja, pela liturgia de hoje, quer que nos preparemos bem para o juízo universal. Todavia, só estaremos preparados para o juízo universal se nos prepararmos bem para o juízo particular. Muitos, considerando a enorme crise de fé e de moral que temos hoje na sociedade e mesmo em muitos membros da Igreja, pensam que estamos no fim do mundo e ficam, assim, paralisados, esperando grandes catástrofes, esperando a realização disso ou daquilo, esquecendo-se, muitas vezes, do principal, que é a própria santificação, a própria conversão, fazer o bem que podemos e devemos fazer aqui e agora. O que a Igreja quer é que, considerando o juízo particular e o juízo universal, possamos mudar de vida, ela quer que nos preparemos para ouvir a suave sentença: “Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. ” A Igreja quer que evitemos aquela outra sentença, tremenda: “Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos.”
Devemos nos lembrar que em tempo de calamidades físicas e, sobretudo, de calamidades doutrinárias e morais, vão prosperando as falsas doutrinas e os falsos profetas em virtude do desespero ou da confusão e mesmo os bons podem ser atingidos por essas falsas doutrinas e pelos falsos profetas, como diz Nosso Senhor. É preciso, então, vigiar e rezar. Devemos nos lembrar de que não sabemos absolutamente nada quanto ao momento preciso do juízo universal. Apesar de todos os sinais que Nosso Senhor nos dá, Ele diz: “vigiai, pois, porque não sabeis a que hora virá o Senhor… Por isso, estai vós preparados, porque não sabeis a que horas virá o Filho do homem.” Quantas pessoas ou supostas aparições querem determinar com precisão a data do fim do mundo ou do juízo universal, contrariando diretamente as palavras de Cristo. São falsas doutrinas e falsas profecias. Quantos falsos profetas pipocam atualmente, muitas vezes propugnando um certo conservadorismo, mas eivado de desvios graves em matéria de fé, por exemplo.
Não devemos nos preocupar excessivamente com o juízo universal. Devemos nos preocupar em nos preparar bem para ele, estando sempre preparados para a nossa morte, para o nosso juízo particular, que pode vir a qualquer momento. Estaremos preparados guardando a fé e praticando os mandamentos, deixando de lado todo pecado mortal e procurando combater mesmo os veniais. Rezemos a Nossa Senhora para que nos alcance a graça da perseverança final.
Em nome...    



Casamento e Família - Dom Tihamer.

Conferência VII

O CASAMENTO MONÓGAMO


Parte 1/5

Não vos admireis se começo, hoje, narrando velha lenda grega, tirada do paganismo, antes de Cristo. Decorre, porém, daí uma ideia tão nobre, tão instrutiva, e capaz mesmo de envergonhar a muitos cristãos. Esta lenda grega pressagia e simboliza uma ideia cristã, tão magnífica, que valeria a pena ser contada, não uma, mas várias e muitas vezes.
Trata-se de Penélope, a esposa do herói grego Ulisses, nobre exemplo da esposa fiel. Fazia 20 anos que Ulisses partira da ilha de Itaca. Primeiramente tomou parte da guerra de Tróia, depois se desviou em sua viagem de volta, vagando aventureiramente sobre o mar. Durante este tempo, em casa, os pretendentes molestam constantemente sua esposa, e não lhe dão sossego. Finalmente, na sua angústia, a pobre mulher promete desposar um dos pretendentes, no instante em que tiver acabado o trabalho de tapeçaria que  começara. Durante o dia ela trabalhava assiduamente sob os olhos dos pretendentes, e à noite desfazia tudo o que tecera durante o dia.
Chega, porém, um dia a noticia que Ulisses voltava. Após 20 anos de ausência, o esposo volta.
Apresenta-se à mulher. Ela, contudo, não ousa acreditar nem em seus próprios olhos: se fosse uma ilusão! Permanece longa e silenciosamente assentada diante do marido, que não vê há 20 anos, e que olha perscrutadoramente. Ela não crê, senão quando Ulisses lhe conta um segredo que nenhum outro, a não ser seu esposo, poderia conhecer. Penélope agora soluça, abraçada ao marido. "Não te zangues, Ulisses, diz ela. Os deuses não nos permitiram gozar, unidos, a nossa alegre juventude, e esperar o fim da velhice. Não te irrites contra mim, se não te saudei à tua chegada, porque meu pobre coração tremia sempre ante o pensamento de que pudesse vir alguém para enganar-me com suas palavras. Há tantos que fazem o mal pelas suas astúcias".
Mulher admirável! Verdadeiramente digna do elogio, que mais tarde, no Averno, lhe fazia Agamenon. "
"Filho feliz de Laerte, ilustre Ulisses! Tiveste, como quinhão, uma esposa altamente virtuosa. Como se conduziu ela magnificamente, a filha de Icários, a nobre Penélope! Como pensava ela sem cessar em Ulisses, o esposo de sua juventude! O renome de sua fidelidade nunca desa´parecerá!"
A glória de sua fidelidade não cessará nunca. É verdade, após séculos, a lembrança deste belo exemplo de fidelidade conjugal vive ainda. Esta narração não é histórica, é somente uma lenda. É a prova magnífica de que a humanidade, já antes de Cristo, sentia que a fidelidade até o túmulo, união sagrada entre um só homem e uma só mulher, pertencia essencialmente à dignidade do matrimônio.
O que a humanidade apenas suspeitava, antes de Cristo, adquiriu uma perfeita clareza após a sua vinda, como demonstraremos agora. Isto é:
1 - A própria ideia do casamento exige realmente a monogamia.
2 - A monogamia exige a fidelidade conjugal.