6 de janeiro de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

6 de Janeiro

Os Desígnios de Deus

Deus tem desígnios insondáveis sobre nós. Só ele sabe o que necessitamos. O sofrimento que, às vezes, tanto nos revolta, é, podemos crê-lo, misericórdia, pura misericórdia Divina. Na Eternidade louvaremos mil vezes a mão que nos feriu. Dor bendita! Digamos com Santo André:

“Ó boa cruz!”

Peçamos a Nosso Senhor que se cumpra a Sua Santíssima Vontade.

“Oh! Se compreendêssemos os desígnios de Deus e os nossos verdadeiros interesses, não poderíamos ter outro desejo senão o de Lhe obedecer, outro temor senão o de não Lhe ser bastante obediente. Suplicaríamos e haveríamos de importunar a Deus com as nossas orações para que se faça a Sua vontade e não a nossa, porque abandonar a sábia e tão poderosa mão de Deus para seguirmos as nossas luzes tão pobres, e vivermos ao gosto de nossas fantasias, seria verdadeira loucura e supremo infortúnio”. (1)

É loucura desprezar as luzes do Alto. Somos tão cegos, e ainda queremos contrariar os desígnios de Deus sobre nós, claramente manifestados na obediência e nos acontecimentos da vida! Cavamos assim a nossa ruína e arriscamos a salvação eterna!

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

5 de janeiro de 2022

Quando desmontar o presépio?

Quando desmontar o presépio?

Conforme o costume imemorial da Igreja, o presépio é conservado até 02 de fevereiro, dia da Festa da Apresentação do Senhor no Templo e Purificação Legal da Santíssima. Quarenta dias após o nascimento do Salvador, a Virgem Maria e São José levaram o Menino Jesus para o Templo de Jerusalém, de modo a ser cumprido o ritual da purificação de Maria Santíssima e realizado a redenção do primogênito, confirme a lei mosaica, sendo o Menino Deus assim apresentado a Deus Pai.

Festa esta pela qual se fecha o ciclo de Natal, com a última contemplação do Menino Deus, e no qual iniciamos o ciclo pascal, já entrevendo o sacrifício redentor do Calvário nas palavras do profeta Simeão a Nossa Senhora: “Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma”.

Natal, Epifania e Apresentação do Senhor são como que três painéis de um tríptico litúrgico, sendo a Festa da Apresentação, o último painel.

Deste modo, os três Reis Magos são instaurados no presépio no dia 06 de janeiro, Festa da Epifania, sendo desmontado no dia 02 de fevereiro, quando se encerra o ciclo de Natal.

4 de janeiro de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

4 de Janeiro

Seja feita a Vossa Vontade!

Toda santidade consiste em fazer a vontade de Deus.

“Não acreditemos, dizia Santa Teresa, que o nosso adiantamento na perfeição depende de algum meio desconhecido e extraordinário. Não, todo nosso bem consiste na conformidade da nossa vontade com a vontade de Deus” (1)

É o que assim diz Nosso Senhor no Evangelho:

“Nem todo o que Me diz: ‘Senhor! Senhor! – entrará no reino dos Céus, mas o que faz a vontade de meu Pai, que está no Céu, esse entrará no reino dos Céus'” (2).

“Fazer a vontade de Deus! Eis aí a perfeição, a santidade, a justiça”.

“Quem se une à vontade de Deus, diz Santo Afonso, vive e se salva; quem dela se separa, morre e se perde”. (3)

Não tenhamos ilusões sobre a perfeição cristã. Façamos o que Deus quer, resignados à Sua Santíssima Vontade. FAÇA-SE A VOSSA VONTADE! No Pai Nosso, rezamos todos os dias: “Seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu”, não é isso um ato de resignação à Vontade de Deus? Por que mentir, rezando assim, quando tivermos o coração revoltado contra a Santíssima Vontade de Deus? Convençamo-nos de que Nosso Senhor é Pai, é o Pai das Misericórdias, Deus de Toda Consolação, e que só quer o nosso bem, a nossa salvação eterna. As cruzes que Ele nos envia são para o bem de nossa alma. Só Ele sabe o que precisamos. Não podemos compreender os seus desígnios, nem conhecer os seus caminhos. Curvemos a cabeça. Seja feita a Vossa vontade, ó Senhor!

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

ABAIXO-ASSINADO PELA MANUTENÇÃO DO APOSTOLADO DO INSTITUTO BOM PASTOR EM CURITIBA-PR

Prezados Leitores, Salve Maria!

O abaixo-assinado está próximo de atingir 15.000 assinaturas, mas queremos tornar mais relevante ainda, pois o universo católico precisa saber o que está acontecendo dentro da nossa Igreja. Contamos com você para assinar e divulgar o máximo possível.

ABAIXO-ASSINADO PELA MANUTENÇÃO DO APOSTOLADO DO INSTITUTO BOM PASTOR EM CURITIBA-PR 

Clique no link acima

NÓS ABAIXO-ASSINADOS, brasileiros, que confessamos a Fé Católica Apostólica Romana, participantes regulares das Missas e Sacramentos, ROGAMOS a Vossa Excelência Reverendíssima Dom José Antônio Peruzzo, Arcebispo da Arquidiocese de Curitiba, a preservação e a manutenção do Apostolado do IBP para as almas daquela região.

Considerando nossa posição própria de leigos, vemo-nos no direito e no dever de nos manifestar primeiramente em caráter privado, rogando por um real zelo das almas, e suplementarmente em caráter público, denunciando qualquer ato de abuso da autoridade eclesiástica — o clericalismo denunciado pelo Papa Francisco — que venha a nos privar da forma de espiritualidade católica quase bimilenar a que nos conduz nossa livre consciência, fundamentada em firmes princípios católicos, recorrendo ao que dispõe o Catecismo da Igreja Católica no Parágrafo 907:

“Os fiéis, segundo a ciência, a competência e a proeminência de que desfrutam, têm o direito e mesmo por vezes o dever, de manifestar aos sagrados pastores a sua opinião acerca das coisas atinentes ao bem da Igreja e de a exporem aos restantes fiéis, salva a integridade da fé e dos costumes, a reverência devida aos pastores, e tendo em conta a utilidade comum e a dignidade das pessoas.”


Manifestamos respeitosamente nossa consternação pela perspectiva dos fiéis católicos de Curitiba já não serem mais atendidos pelo Apostolado do Instituto Bom Pastor, em especial pelo Padre Thiago Bonifácio, nesta Cidade e Arquidiocese. É de justiça notar que, desde que Pe. Thiago se instalou em Curitiba como sacerdote do IBP, nada fez senão assistir aos fiéis em suas inúmeras necessidades espirituais, numa vida totalmente dedicada à Santa Missa, ao ministério dos Sacramentos e à direção espiritual dos fieis; vida de simplicidade, prontidão e sacrifício, nunca regida por interesses pessoais, sobrecarregada de deveres, sem que da boca do padre jamais algum de nós tenha ouvido qualquer murmúrio, pelo que é possível atestar sua honestidade e integridade de princípios. Ressaltamos ainda que, nesse período, a conduta do padre sempre se caracterizou por um espírito de sincera obediência e paz para com a Hierarquia da Igreja, chegando a reprimir — por vezes duramente, em espírito paternal — quaisquer iniciativas de leigos que promovessem o espírito de discórdia ou desrespeito contra essa mesma Hierarquia.

Quando da Pandemia de COVID-19, sua conduta, em consonância com a orientação da Arquidiocese e das autoridades civis, bem como de seus superiores do IBP, foi exemplar no cumprimento às restrições sanitárias. Ele orientou e apaziguou o seu rebanho no difícil período em que chegou a ficar sem missas públicas. Portanto, o ministério sacerdotal do Pe. Thiago na Arquidiocese sempre foi exercido em vista do bem das almas, sem espírito de polêmica inútil e com caridade na verdade. O sacerdote sempre mostrou atos concretos de comunhão na obediência a ordens legítimas, na demanda das autorizações devidas, na busca da boa convivência com seus pares no sacerdócio, com a profissão clara da fé católica. Não se pode, em hipótese alguma, reduzir a comunhão eclesial à concelebração, que sequer é obrigatória, nos termos do Cânone 902 do Código de Direito Canônico.

Cumpre observar, ainda, que a autorização formal expedida pela Arquidiocese de
Curitiba para o início do apostolado do IBP foi dada com pleno conhecimento do carisma exclusivo do Instituto no que concerne à celebração da Santa Missa e demais Sacramentos segundo a liturgia romana tradicional da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, e, desde a sua instalação, nada mudou por parte do IBP. De fato, a Missa no Rito Romano Tradicional jamais foi ab-rogada nem poderia sê-lo, mesmo pelo Papa, em razão da própria natureza da Igreja e das limitações do poder papal. Essa liturgia expressa, sem dúvida, a eclesiologia católica, que não pode mudar em sua essência.

Contudo, muito embora gratos e reconhecidos pela mencionada autorização concedida pela Arquidiocese de Curitiba, nós, católicos, constatamos com tristeza a decisão de retirada tácita do Instituto Bom Pastor da referida cidade.

Por essas e outras razões, causa-nos verdadeira perplexidade a notícia da possibilidade de que, por alguma razão que não se chega a compreender, possa-se impor ao padre Thiago Bonifácio algum impedimento, da parte da Arquidiocese, para sua permanência no atendimento aos fiéis de Curitiba e região.

Assim, rogamos sejam removidos quaisquer obstáculos, restrições ou proibições à permanência do apostolado do IBP, na pessoa do Pe. Thiago, em Curitiba, tendo em vista que tal proibição não só iria contra a Justiça — e seria, por isso mesmo, inválida —, dada a conduta sempre honrada do padre, mas também tendo em vista que esse apostolado atende a uma grande quantidade de fiéis, não somente com a Santa Missa dominical, mas com os demais Sacramentos e Direção Espiritual — e toda uma vida espiritual e social católica. Trata-se de uma comunidade que conta hoje com a frequência estável de grande número de crianças, jovens, adultos e idosos, de famílias numerosas, que convivem em laços de caridade, amizade e unidade — unidade de fé e de amor a Nosso Senhor Jesus Cristo e à Santa Igreja —, comunidade que, mesmo em meio às fragilidades da vida humana, coloca seus membros em meio ao mundo de modo que esse possa exclamar: "Vede como eles se amam!

Rogamos, ainda, seja dada plena liberdade ao Rito Romano Tradicional, rito sempre
vivo que não pertence ao passado nem é moda saudosista, mas rito de "ontem, hoje e sempre", que expressa à perfeição a Fé Católica e nos leva eficazmente a uma vida de amor com nosso Redentor, em um mundo onde é tão fácil de nos distanciarmos desse Amor.


Nós, abaixo-assinados, brasileiros e fiéis católicos em apoio ao Apostolado do Instituto Bom Pastor da cidade de Curitiba, Paraná, Brasil.

3 de janeiro de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

3 de Janeiro

O Repouso no Céu

A vida é para a luta. No Céu é que há repouso. Aqui somos soldados em combate, só podendo descansar depois de alcançada a vitória. Nada de covardia nem de desânimo! É preciso que a morte nos venha encontrar com as armas na mão. A nossa peleja é pela conquista do Céu, onde encontraremos o repouso eterno, esse mesmo repouso que imploramos na prece pelos nossos defuntos quando dizemos:

“Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno”.

O sofrimento é o nosso purgatório na terra. Dura pouco, pois tudo passa depressa no mundo.
É rica mina de que, se soubermos aproveitar o ouro, ganharemos um tesouro de paz, na terra, e aquele eterno repouso que Nosso Senhor nos reserva no Céu. Paciência! Coragem! Vale a pena sofrer tão pouco para ganhar tanto!

“Um eterno repouso, dizia Santo Agostinho, deveria ser comprado por um trabalho eterno”.

Mas como é grande a Misericórdia Divina! Deus não nos diz:

“Trabalhai um milhão de anos, nem – mil anos, mas sim – trabalhai, sofrei durante o pouco tempo que viveis na terra e adquirireis um repouso sem fim”.

Por um repouso eterno não vale, pois, sofrer um pouco nesta vida tão fugaz?

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

2 de janeiro de 2022

Resposta à Carta aos fiéis de Dom José Antônio Peruzzo - Arcebispo de Curitiba

          Nos dias que antecedem à festa do Natal, excelência da misericórdia, da mansidão e da humildade que se fez Carne, os fiéis brasileiros adeptos à forma antiga do Rito da Missa, até recentemente considerada parte extraordinária dos Ritos Católica[1], veem diante de si o cair de um golpe inflamado de furor, provindo daquele que deveria ser o alento do povo, o pilar da justiça e da caridade, a saber, o Arcebispo Metropolitano de Curitiba, Sua Excelência Reverendíssima Dom José Antônio Peruzzo.

Em nota[2], sinuosamente auto defensiva e ofensiva, o Arcebispo inicia clamando a obediência, hoje usada para calar aqueles que ousam questionar as ações do clero – isso se forem católicos, pois a liberdade religiosa e de expressão é livremente defendida e incentivada para com os irmãos protestantes e de outras igrejas –, citando o Decreto Christus Dominus[3], de Sua Santidade, o Papa João Paulo II.  Esquece-se, entretanto, que o mesmo Decreto solicita aos Bispos que “comportem-se no meio dos seus como quem serve”[4]. Dom Peruzzo lembra da obediência, mas oculta a sua premissa. Os bispos, continua o Decreto, devem, “como bons pastores que conhecem as suas ovelhas e por elas são conhecidos como verdadeiros pais que se distinguem pelo espírito de amor e de solicitude para com todos, de modo que todos se submetam facilmente à sua autoridade recebida de Deus”[5].

Ora, o bom pastor deve ser solícito e, esta ação de caridade, no apostolado do Arcebispo de Curitiba para com o Instituto Bom Pastor, não fora deflagrada. Dom Peruzzo, às claras, jamais visitara os leigos do Apostolado; jamais ouvira as suas necessidades. Ao contrário, assistiu com inércia a procura do Instituto por locais adequados para a Celebração da Santa Missa; recebera com relutância as preces dos fiéis leigos que clamaram por compreensão, ao irem ao seu encontro, como filhos ao pai; enrubescera e os interrompera, antes de os ouvir; suportou a contragosto o Instituto, até a recente publicação da Traditionis custodes[6]. A Igreja em saída, a que ouve e acolhe os que precisam está, certamente, nos lemas e nas cartilhas das reuniões do clero, sem estar, tampouco, espelhado em suas ações.  

Com a autoridade destacada pelo mesmo Arcebispo, citando o Motu Proprio de Sua Santidade, o Papa Francisco, acerta em dizer que lhe foi constituída o poderio em delimitar as celebrações litúrgicas em suas dioceses e escolher os padres que celebrarão a Missa no rito antigo. Não há discussão neste ponto. A pergunta que fazemos, na verdade, é a intenção e motivação do Arcebispo em proibir, na calada da noite, a existência e autonomia de um apostolado já instalado e estruturado em sua Diocese. Que medo ou, antes, que escândalo causou o Padre do Instituto Bom Pastor em sua estadia em Curitiba, para ter os poderes de seu ministério cerceados? Que mal fizeram à Igreja os fiéis de Curitiba, que ver-se-ão desprovidos e apartados do pai espiritual que tantas graças lhes concedeu com sua atuação? Que tormento ou desrespeito causou o apostolado e seus membros para que a misericórdia, qualidade tão alardeada em tempos como este, fosse simplesmente suplantada? Qual foi o pecado do Instituto que fez o Arcebispo esquecer que sua missão também inclui “favorecer as várias formas de apostolado”[7]?

Tendo clareza de quem deve ser consultado, o Arcebispo menciona o Conselho Presbiteral e o Colégio de Consultores. Certamente correto em os ouvir, é incoerente, no entanto, uma vez que, “unido à Sua Santidade o Papa Francisco”, o Arcebispo deveria ter ciência de que, antes de dizimar um apostolado inteiro deveria, pelo menos, ouvir os leigos. Sobretudo incoerente, sabendo que o Papa quer ouvir a maior parte dos membros da Igreja para o Sínodo dos Bispos em 2023. Se não se consegue – ou não se quer – ouvir os fiéis leigos de uma humilde Capela como a do Instituto, como pretende o Arcebispo encaminhar ao Papa as opiniões dos fiéis da Arquidiocese sobre o futuro da Igreja? Provável que seja, como foi na decisão de exclusão do Instituto Bom Pastor, feito por cartilhas e reuniões privadas do Conselho Presbiteral ou pelos Movimentos de leigos adeptos ao clericalismo autoritário e paroquial que vilipendia e cerceia a voz dos fiéis, pais e mães de famílias que, como leigas ovelhas, buscam o redil de Nosso Senhor.

Estes Conselhos, estas reuniões nas paróquias e salas diocesanas, feitas em ditames preestabelecidos nada são que não exemplos claros do clericalismo ditatorial que assola a Igreja e deixa refém o povo de Deus. O Instituto Bom Pastor, ao contrário do que as palavras severas do Arcebispo fazem crer, jamais pregou no escuro: ao contrário, como luz de candeeiro que deve ficar sobre a mesa, os ensinamentos ortodoxos e fiéis, em consoante com a Tradição da Igreja, podem ser encontrados às claras e em público: nas redes sociais, em seus sites, enfim, basta perguntar. Cientes de que “o magistério não está acima da palavra de Deus, mas a serviço dela”[8], o Instituto pregou e prega abertamente os Sacramentos, a Verdade, a obediência, as virtudes. Tudo o que leva ao céu, tudo o que os Papas e os Santos sempre ensinaram.

Incrível ver tamanha disposição do Arcebispo em condenar o Apostolado do Instituto Bom Pastor quando, em território de sua jurisdição, acometidos de tantos escândalos morais e doutrinais por parte do clero diocesano e religioso, pouco se ouviu da voz do pastor para consolo dos pequeninos. Incrível e desconcertante a omissão em investigar as necessidades dos leigos que pertencem a este apostolado; desassistir famílias inteiras em sua fé e sua prática religiosa não faz coro à autoridade episcopal que o Arcebispo rememora.

Prosseguindo com sua carta, o Arcebispo, Dom Peruzzo, enfatiza que o Concílio Vaticano II precisa ser respeitado. Ele deve o respeitar, concordamos com ele e salientamos que, para ser mais preciso, que o nosso sim seja sim e o nosso não, não (São Mateus, 5, M7); portanto, se proclamamos a infalibilidade e obrigatoriedade conciliar, em consonância, não podemos escolher a que aderir ou não. Para tanto, questionamos Vossa Reverendíssima porque ocultou de sua decisão algumas elucidações tão importantes trazidas pelo Concílio, como a “conservação da devida liberdade tanto nas várias formas de vida espiritual e de disciplina, como na diversidade de rituais litúrgicos”[9]. Sobretudo, porque “todos os homens devem estar livres de coação, quer por parte dos indivíduos, quer dos grupos sociais ou qualquer autoridade humana; e de tal modo que em matéria religiosa ninguém seja forçado a agir contra a própria consciência, nem impedido, dentro dos devidos limites, de proceder segundo a mesma, e em particular, só ou associado com outros” [10].

É, portanto, “injustiça contra a pessoa humana e contra a própria ordem estabelecida por Deus, negar ao homem o livre exercício da religião na sociedade, uma vez salvaguardada a justa ordem pública”. Se o Concílio exorta a todos os homens que “ponderem com muita atenção a grande necessidade da liberdade religiosa, sobretudo nas atuais circunstâncias da família humana”[11] quanto mais o Concílio exorta aos bispos, que tem a “obrigação de dar exemplo”[12] e que devem “ouvir mais os leigos, para que estes tenham um lugar conveniente na vida da igreja”[13]. Sim, o Concílio precisa ser respeitado, Arcebispo.

Acreditamos que a Nova Evangelização, disseminada em todo o Brasil, e defendida pelo Arcebispo de Curitiba, não seja essa evangelização clericalista e insalubre tão criticada pelo Papa Francisco, ou aquela que ataca os homens em sua dignidade, cerceando seus direitos intrínsecos e inegociáveis, como o é a liberdade religiosa e nem a que coage o povo para que, não segundo os dizeres de um ou dois homens de cajado, sejam obrigados a se apartar da grei do Senhor.

Como uma árvore má não pode dar bons frutos, se a ação tempestuosa do Arcebispo visa o bem e a paz do povo de Deus e indica sua preocupação pastoral, poderia dizer, então, em espírito de transparência, os maus frutos do Apostolado do Instituto Bom Pastor? Seriam as famílias numerosas, tesouro da Igreja, conforme o Papa Pio XII? Seria a recusa aos métodos contraceptivos, conforme a Humanae Vitae – cujo uso (de contraceptivos) tem levado tantas almas ao inferno e para os quais nenhuma carta de censura fora escrita pelo Arcebispo – do Papa do Concílio, Paulo VI? Seria o silêncio, a piedade, a modéstia, a mortificação, exemplos vívidos e tangíveis pregados pelo Instituto Bom Pastor e seus membros e, inclusive, defendida e incentivada pelo Papa Francisco em suas Catequeses sobre a Santa Missa, de 2017, ou em sua Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate?

Imploramos ao Arcebispo que vigie e que preserve os leigos fiéis que, pelo batismo, “são incorporados à Igreja de Cristo e que nela possui deveres e direitos próprios”[14]. Imploramos que o senhor Arcebispo encare o Instituto Bom Pastor como cristãos católicos autênticos, como de fato são, pois fazem parte da “reunião de todas as pessoas batizadas que, vivendo na Terra, professam a mesma fé e a mesma lei de Cristo, participam dos mesmos Sacramentos e obedecem aos legítimos pastores, principalmente ao Romano Pontífice”[15].

Pedimos respeitosa e calorosamente ao Arcebispo que considere todos os clamores levantados pelos fiéis leigos de Curitiba e de todo o Brasil em socorro ao Instituto, tendo em vista os indizíveis benefícios provenientes do sacerdócio exercido pelo padre Thiago Bonifácio: as confissões ouvidas antes da Missa e durante toda a semana, a Santa missa celebrada com extrema piedade, os conselhos e admoestações, seus sermões, enfim, todo o seu espírito paterno que tantas almas têm guiado pelo bom caminho.

Suplicamos ao senhor Arcebispo que considere os 13.118 [16] fiéis que assinaram o abaixo-assinado em apoio ao Instituto Bom Pastor de Curitiba, como fiéis sedentos de santidade e que a buscam livremente, por meio do Instituto e seus sacerdotes, em Comunhão com toda a Igreja, com a lei e com as bênçãos divinas, a santidade e o Paraíso.

 

Intercedei por nós junto ao Arcebispo, Santos todos de Deus.

Jesus Cristo, Bom Pastor!

Imaculada e Santa Virgem Maria!

Castíssimo São José, patrono da Igreja!

 

29 de dezembro de 2021.

Católico leigo,

Santa Catarina, Brasil.

 

Referências:

 

[1] Papa Bento XVI, Summorum Pontificum, 2007, cf. Art. 01.

[2] Dom José Antonio Peruzzo, Carta aos fiéis da Arquidiocese de Curitiba sobre a celebração da Santa Missa no Rito Extraordinário. Disponível em: http://arquidiocesedecuritiba.org.br/2021/12/27/dom-peruzzo-emite-carta-aos-fieis-sobre-celebracoes-no-rito-extraordinario/. Último acesso em dez. 2021.

[3] Papa João Paulo II, Decreto Christus Dominus, 1965.

[4] Ibid, cf. Art. 16.

[5] Ibid, cf. Art. 16.

[6] Papa Francisco, Traditionis Custodes, 2021.

[7] Papa João Paulo II, Decreto Christus Dominus, 1965, cf. Art. 17.

[8] Catecismo da Igreja Católica, cf. Art. 86.

[9] Concílio Vaticano II, Unitatis Redintegratio, cf. Art. 4.

[10] Concílio Vaticano II, Dignitatis Humanae, cf. Art. 02.

[11] Concílio Vaticano II, Christus Dominus, cf. Art. 15.

[12] Ibid, cf. Art. 01.

[13] Ibid, cf. Art. 10.

[14] Código de Direito Canônico, Cânon. N° 96.

[15] Catecismo Maior de São Pio X, cf. Art. 149.

[16] Até o momento da publicação desse texto, em 02 de janeiro de 2022.

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

2 de Janeiro

O Cortejo do Menino Jesus

Hoje a Santa Igreja festeja o Santíssimo Nome de Jesus e adora a Jesus Menino nos braços de Maria. O nome de Jesus! Bálsamo suave para as feridas de nossos corações!

Quando nas horas de dor nos sentirmos levados a murmurar e à irritação, digamos muitas vezes, até que passe a tempestade e se acalme nosso espírito:
“Jesus! Jesus! Meu doce Jesus!”

Muita devoção, almas que sofreis, muita devoção ao nome de Jesus! Aceitai a sua cruz. Ei-lo, tão pequenino, a chorar na manjedoura de Belém, e a derramar seu sangue na circuncisão! O nome de Jesus foi gravado em sangue. É uma lição para nossas almas tão fracas, tão delicadas, que não querem sofrer. Aceitemos o cortejo de Jesus. Sabeis qual é? Ouvi. Um dia, durante a Santa Missa, o Menino Jesus apresentou-se a uma religiosa, alma simples, humilde, com tal quantidade de cruzes na mão que mal as podia segurar. Grandes e pequenas cruzes. Estas mais numerosas. Graciosamente lhe perguntou:

“Queres-me com todo o meu cortejo?”

Ela respondeu:

“Sim, eu te quero com todo o Teu cortejo, ó meu querido Menino Jesus!”

Aceitemos corajosamente, amorosamente, o Pequenino e Divino Infante do Presépio e dos braços de Maria, mas com todo o seu cortejo inseparável: as cruzes grandes e, principalmente, as inumeráveis e pequenas cruzes de cada dia.

Mᴏɴs. Asᴄᴀ̂ɴɪᴏ Bʀᴀɴᴅᴀ̃ᴏ

1 de janeiro de 2022

O BREVIÁRIO DA CONFIANÇA

1 de janeiro

Mais um ano!

Sem a cruz não podemos viver. Sem ela não nos salvaremos. Nosso Senhor disse: "Quem não recebe a minha cruz e não me segue não é digno de mim".Nosso Divino Rei Crucificado abriu-nos a estrada real da santa cruz, a única que vai dar ao Céu. Como custa, Senhor, carregar o fardo tão pesado das amarguras da vida!

Bem dizia Jó: "A vida do homem na terra é um combate". Dias há em que nos sentimos desfalecer! E hoje começa mais um ano de lutas, mais um ano de sofrimentos... Que nos reservam os dias que se vão suceder? O que for, ó meu Deus, da Vossa Santíssima Vontade!

Os dias passam e a eternidade se aproxima. Aproveitemos o tempo! Não pode ser este o último ano de nossa existência? Por que não o aproveitamos para juntar tesouros para o Céu? E a minha mina desses tesouros é a cruz.

Dai-nos, Senhor, o conhecimento e o amor da cruz. Coragem! Digamos do fundo de nossos corações: "Eis nos aqui, Senhor, para fazermos o que a Vós aprouver. Mais um ano de vida nos concede a Vossa Misericórdia! Que saibamos aproveitar o tempo. Ensinai-nos a trabalhar para o Céu e fazer a Vossa Santíssima Vontade!"

Mons. Ascânio Brandão