![[sacerdote_rezando[3].jpg]](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSw1N5bG4wNV1Mxp97B0RZU5iGPOaxgJ8lBNV_7PTX2FKor5kW-cyqI6iIM8x2hUR6CmSe1zuH18OIP6Hsko-vp_W4sm3eQ37FeWGQGc2bb2Awq3XkbRZZ2T5FELIZr-s2Bu74345VgE5J/s1600/sacerdote_rezando%5B3%5D.jpg)
3 de janeiro de 2011
O que é um padre? - Pe. José Emílio Baeteman, C.M.
![[sacerdote_rezando[3].jpg]](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSw1N5bG4wNV1Mxp97B0RZU5iGPOaxgJ8lBNV_7PTX2FKor5kW-cyqI6iIM8x2hUR6CmSe1zuH18OIP6Hsko-vp_W4sm3eQ37FeWGQGc2bb2Awq3XkbRZZ2T5FELIZr-s2Bu74345VgE5J/s1600/sacerdote_rezando%5B3%5D.jpg)
2 de janeiro de 2011
Santíssimo Nome de Jesus
(continuação do precedente)
II. DO NOME PELO QUAL FOI CHAMADO
6. O nome pelo qual foi chamado, como está escrito: "O seu nome foi chamado Jesus" (Lc 2, 21). Nome doce, nome deleitável, nome confortador para o pecador, e da bem-aventurada esperança; júbilo para o coração, melodia para o ouvido, mel para a boca. Exultando nesse nome, diz a esposa nos Cânticos I: "O seu nome é óleo derramado" (Cant 1, 2). Note-se que o óleo faz cinco coisas: sobrenada em todo líquido, amolece o que é duro, amacia o que é áspero, ilumina o que é escuro, sacia o corpo. Assim ele nome "Jesus" supera o nome de todo homem e anjo, porque ao seu nome todo joelho se dobra (cf. Phil 2, 10). Pregando-o, amolece os corações duros; invocando-o, amacia as ásperas tentações; pensando-o, ilumina o coração; lendo-o, sacia a alma.
E perceba-se que o nome de Jesus não é chamado apenas óleo, mas ainda: "derramado". Onde? E de onde? Do coração do Pai, no céu, no mundo e nos infernos. No céu, para a exultação dos anjos, porquanto clamam, exultantes, no Apocalipse: "Salvação ao nosso Deus, sentado no trono, e ao Cordeiro" (Apoc 7, 10), isto é, Jesus, que quer dizer salvação. Na terra, para a consolação dos pecadores, da qual fala Isaías XXVI: "O vosso nome e o vosso memorial são o desejo da alma. A minha alma deseja-vos de noite" (Is 26, 8-9). Nos infernos, para a libertação dos cativos, porquanto diz-se que clamavam, com os joelhos dobrados: Viestes, redentor nosso (Officium Defunctorum), etc.
7. Falarei, ainda, brevemente, sobre o modo como é escrito este noma. Esse nome de Jesus (Iesus) tem duas sílabas, e cinco letras, três vogais e duas consoantes. Duas sílabas, porque Jesus tem suas naturezas, a divina e a humana. A divina do Pai, do qual nasceu sem mãe; a humana da mãe, da qual nasceu sem pai. Eis que há duas sílabas nesse único nome, porque há duas naturezas nessa única pessoa. Note-se, ainda, que a vogal é a que dá o som por si, e a consoante, a que dá o som com outra. As três vogais representam a divindade, que, sendo uma por si, soa em três pessoas. Porque "três são os que dão testemunho no céu: o Pai, o Verbo, e o Espírito Santo, e esses três são um" (1Jo 5, 7). As duas consoantes são a humanidade, que, tendo duas substâncias, o corpo e a alma, não soa por si, e sim com a outra, à qual é unida na unidade da pessoa. "Porque, como a alma racional e o corpo é um único homem, assim Deus e homem é um único Cristo" (Symbolum Athanasianum). Pessoa é definida como substância racional por si subsistente, e isso é Cristo. E é Deus e homem, mas por si subsiste enquanto Deus, não, porém, enquanto homem, porque a divindade conservou o direito de personalidade assumindo a humanidade, mas a humanidade assumida não recebeu o direito de personalidade, [porque não foi a pessoa que assumiu a pessoa, nem a natureza assumiu a natureza, mas a pessoa assumiu a natureza] (Inocêncio III, papa, Sermão sobre a Circuncisão).
Este é, pois, um nome santo e glorioso, "que é invocado sobre nós" (Jer 14, 9), e não há outro nome sob o céu, como disse Pedro, no qual podemos ser salvos (cf. Act 4, 12). Por ele nos salve o mesmo Deus, Jesus Cristo Nosso Senhor, que é bendito sobre todas as coisas, nos séculos dos séculos. Amém.
Traduzido por nós de http://www.santantonio.org/portale/sermones/indice.asp?ln=LT&s=0&c=0&p=0
A Medalha Milagrosa - Dom Antônio de Castro Mayer

Sacerdote Eternamente - Parte 20
Non est in alio aliquo salus, nec enim aliud nomen est sub coelo datum hominibus in quo aporteat nos salvos fieri (Não há salvação em nenhum outro, porque, sob o céu, nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos — At 4,12).
Se, portanto, a natureza está enferma desse mal chamado naturalismo, para ser curada, ela deverá submeter-se a Jesus; se não, conservará seu mal, que a perderá fatalmente e para sempre.
E note-se que a submissão necessária para a cura deve ser completa, total e do fundo do coração. É preciso entregar-se ao médico celeste para receber toda a virtude de seus remédios divinos e qualquer reserva na submissão não somente compromete a cura, mas geralmente a torna impossível. “Quero ser batizado”, dizia o eunuco da rainha da Etiópia. — “Sim, diz-lhe São Felipe, se tu crês de todo teu coração” (si credes ex toto cordo licet — se crês de todo teu coração, é possível — At 8,37). A salvação depende dessa condição.
A razão tem seu mal que é o racionalismo. Ela, também, para ser curada, deve submeter-se a fé. Nada mais justo! A razão criada deve-se inteiramente à razão incriada; a razão humana deve-se à razão divina. Se a razão humana julga que cresce ostentando independência, engana-se e tão completamente como o filho pródigo ao deixar a casa paterna. Que encontrou ele quando longe de seu pai? Só indigência e vergonha. A razão que se afasta da fé não tem outra coisa a esperar. Sua salvação está nesta palavra do filho desgarrado: Surgam et ibo ad Patrem meum (Levantar-me-ei e irei para meu Pai — Lc 15,18).
Cabe assinalar aqui uma ilusão extremamente funesta em que caíram muitos ho-mens apesar de estimáveis. Como é necessário que a razão humana não se desvie da fé, esses homens julgaram ser bom procedimento rebaixar a fé perante a razão, atenuando as divinas exigências da fé, diminuindo seus direitos imprescritíveis, a fim, segundo dizem, de torná-la mais facilmente aceitável. Mas por que querem fazer com as almas aquilo que jamais fariam, com os corpos, os médicos dignos desse nome? Estes sabem qual a dose necessária para que um medicamento seja eficaz; será que prescreverão uma dose mais fraca, a pretexto de tornar o remédio fácil de tomar? Eles sabem, porém, que por esse preço não haveria cura, e então não farão tal coisa. Por que nós, médicos das almas, haveremos de ser menos sábios do que os médicos do corpo? Filii hujus saeculo prudentiores filiis lucis in generatione sua sunt (Os filhos deste mundo são mais hábeis no trato com os seus semelhantes que os filhos da luz — Lc16,8).
A liberdade tem sua doença, que é o liberalismo. A liberdade é uma bela e digna faculdade da alma. O liberalismo é um estado anormal dessa liberdade: estado falso e forçado. Pois a liberdade nos é dada para o bem e para o mérito, enquanto que o liberalismo é o estado de uma liberdade descomprometida com o bem e com o mérito. Assim como o racionalismo é um abuso da razão, o liberalismo é um abuso da liberdade: abuso que consiste em fazer da própria liberdade a regra da liberdade. Mas somente Deus é sua própria regra, e toda criatura que nisso quer imitar Deus não faz senão imitar Satanás, pioneiro dos revoltados. A razão tem por regra a razão de Deus, isto é, a fé. E a liberdade tem por regra a vontade de Deus, que é a caridade.
A caridade ilumina, dirige, contém, sustenta, fortifica a liberdade e a torna capaz de progressos maravilhosos, pois, quanto mais o homem progride no bem e no mérito, mais livre se torna. Ouçamos a grande voz da Igreja na Oração da segunda-feira de Páscoa:
Populum tuum, quaesumus Domine, coelésti dono proséquere; ut et perféctam libertátem cónsequi mereátur et ad vitam proficiat sempitérnam (Nós vos pedimos, Senhor, que continueis a cumular de dons celestes o vosso povo, para que ele mereça alcançar a liberdade perfeita e progrida no caminho da vida eterna).
Isto nos faz compreender melhor a sublime expressão de Santo Agostinho, já citada: Libertas est charitas.
Prosseguindo o estudo do mal presente, encontra-se o sensualismo, o amor do bem-estar material, o amor da satisfação dos sentidos, como o movimento de Eva em direção ao fruto que lhe parecia belo de ser visto e saboroso para comer.
O remédio para esse mal tão comum, tão profundamente enraizado na natureza, é a penitência.
Fazei penitência, eram as primeiras palavras de Nosso Senhor em suas pregações; pois a penitência é tão necessária que Ele um dia disse: Nisi poenitentiam habueritis omnes similiter peribitis (Se não fizerdes penitência, perecereis todos do mesmo modo — Lc 13,3).
A palavra penitência tornou-se desagradável de ouvir; há uma espécie de constrangimento de novo tipo em pronunciá-la. Nesse caminho já se chega a ir longe, tanto assim que um homem religioso do novo tipo saiu-se gravemente com esta sentença:
“O jejum não está mais no espírito da Igreja; hoje é a oração, é a oração”.
Sim, a pretexto de espiritualidade faz-se tábua rasa de uma boa parte do Evangelho e com isso ganhou, evidentemente, o sensualismo.
DOMINGO ENTRE A CIRCUNCISÃO E A EPIFANIA
Sumário. O divino Nome de Jesus é comparado pelo Espírito Santo com azeite, porque, assim como o azeite dá luz, alimenta e cura, assim o Nome de Jesus é luz para o espírito, alimento para o coração, medicina para a alma. Felizes de nós se formos sempre devotos deste grande Nome, e, juntamente com os de Maria e José, o tivermos freqüentes vezes nos lábios, especialmente no tempo das tentações! Quem jamais se perdeu tendo invocado este santíssimos Nomes na tentação?
I. O Nome de Jesus é um nome divino, anunciado a Maria da parte de Deus por São Gabriel: Et vocabis nomen eius Jesum (1) – “Pôr-lhe-ás o nome de Jesus”. Por isso foi chamado nome acima de todo outro nome (2), no qual só se acha a salvação: in quo oportet nos salvos fieri (3). – Este grande nome é comparado pelo Espírito Santo com azeite: Oleum effusum nomen tuum (4) – “O teu nome é como azeite derramado”. E com razão, diz São Bernardo; pois, assim o nome de Jesus é luz para o espírito, alimento para o coração e medicina para a alma.
É luz para o espírito. Com este nome converteu-se o mundo das trevas da idolatria para a luz da fé. Nós que nascemos em regiões onde antes da vinda de Cristo todos os nossos antepassados eram pagãos, todos nós o seríamos igualmente se o Messias não tivesse vindo para nos iluminar. Como devemos, portanto, agradecer a Jesus Cristo o dom da fé! O que seria de nós, se tivéssemos nascido na Ásia ou na áfrica, entre os idólatras? “Quem não crer, será condenado” – Qui non crediret, condemnabitur (5). E assim, segundo todas as possibilidades, nós também havíamos de nos perder.
II. Em segundo lugar, o nome de Jesus é um alimento, que nutre os nossos corações. E de fato, porque este nome nos recorda o que Jesus tem feito para a nossa salvação. Por isso este nome nos consola nas tribulações, fortalece-nos para seguirmos o caminho da salvação, anima-nos nas desconfianças, e abrasa-nos em amor pela recordação de que o nosso Redentor tem padecido para nos salvar.
Finalmente este nome é medicina para a alma, porquanto nos torna fortes contra as tentações dos nossos inimigos. O inferno treme e foge ao ouvir a invocação deste santo Nome, segundo nos afirma o Apóstolo: In nomine Iesu omne genu flectatur, coelestium, terrestrium et infernorum (6) – “Ao nome de Jesus dobre-se todo o joelho no céu, na terra e nos infernos”. Quem jamais se perdeu, depois de ter invocado nas tentações o nome de Jesus? Perde-se quem não chama Jesus em seu auxílio, ou deixa de invocá-lo quando a tentação continua (7).
II. Ó meu Jesus, se eu Vos tivera sempre invocado, nunca teria sido vencido pelo demônio. Perdi miseravelmente a vossa graça, porque nas tentações me descuidei de Vos chamar em meu auxílio. Ponho toda a minha esperança em vosso santo Nome: Omnia possum in eo qui me confortat (8) – “Tudo posso naquele que me fortalece”. Gravai, ó meu Salvador, gravai em meu pobre coração o vosso poderosíssimo Nome, afim de que, tendo-o sempre também na boca invocando-o em todas as tentações, que o inferno me prepara afim de me ver novamente seu escravo e separado de Vós. Em vosso nome acharei todo o bem. Nas aflições ele me consolará, pela lembrança que Vós tendes estado muito mais aflito por meu amor. Na desconfiança que me vier por causa dos meus pecados, animar-me-á, lembrando-me que viestes ao mundo exatamente para salvar os pecadores. Nas tentações o vosso nome me dará força, porque me recordará que Vós sois mais poderoso para me ajudar do que o inferno para me vencer; finalmente na minha frieza em vosso amor, o vosso nome restituir-me-á o fervor pela recordação do amor que me tendes tido.
Amo-Vos, ó meu Jesus; Vós sois, e como espero, sereis sempre o meu único amor. Ó Jesus meu, eu Vos dou todo o meu coração, só a Vós quero amar, e quero invocar-Vos o mais freqüentemente possível. Quero morrer com o vosso nome nos lábios, porque é nome de esperança, nome de salvação, nome de amor. – Ó Maria, se me tendes amor, eis aí a graça que me deveis impetrar: fazei com que eu invoque sempre o vosso nome, o de vosso filho e o de vosso castíssimo Esposo. Fazei que os vossos nomes dulcíssimos sejam a respiração de minha alma, e que sempre repita em vida, para depois repeti-lo na morte: Jesus e Maria, ajudai-me; Jesus e Maria, eu Vos amo! + Jesus, José e Maria, fazei que a minha alma expire em paz na vossa companhia (9).
Ó Pai Eterno, que constituístes a vosso Filho unigênito Salvador do gênero humano, e mandastes se lhe desse o nome de Jesus: concedei benigno que, venerando na terra seu santo nome, gozemos também de sua divina presença no céu. Fazei-o pelo amor do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor.” (10) (II 372)
---------------
1. Luc. 1, 31.
2. Fil. 2, 9.
3. At.4, 12.
4. Cant. 1, 2.
5. Marc. 16, 16.
6. Fil. 2, 10.
7. 25 dias de indulg. para quem invoca o nome de Jesus e de Maria.
8. Fil. 4, 13.
9. Indulg. de 300 dias, cada vez.
10. Or. fest.
1 de janeiro de 2011
Circuncisão do Senhor: Sermão de Santo Antônio de Pádua

I. DA CIRCUNCISÃO DE CRISTO
2. Circuncisão de Cristo, como está escrito: "Consumados os oito dias para que o menino fosse circuncidado" (Lc 2, 21). Note-se que, nessa primeira sentença, somos ensinados, por analogia, como todo justo, na ressurreição geral, será circuncidado de toda corrupção. Mas, como ouvistes a ter sido circuncidada o próprio Verbo da circuncisão, então falemos cincuncidadamente da sua circuncisão.
Cristo foi circuncidado somente quanto ao corpo, porque nada havia de que ser circuncidado na alma. Porque "não fez pecado, nem se achou dolo na sua boca" (1Pt 2, 22). E nem contraiu pecado, porque, como disse Isaías, "subiu numa nuvem leve" (Is 19, 1), isto é, assumiu uma carne imune ao pecado. Vindo "ao que era ceu", visto que "os seus não o receberiam" (Jo 11, 1), teve de circuncidar-se, para que os judeus não tivessem ocasião de dizer: És um incircunciso, deves perecer do teu povo, porque, como foi dito no Gênesis, "o homem cuja carne não for cincuncidada do prepúcio perecerá do seu povo" (Gen 17, 14). És um transgressor da ei, não queremos ouvir-te falar contra a lei.
Ele foi circuncidado por ao menos três motivos: para cumprir a lei - Teve de observar o mistério da circuncisão até que fosse substituído pelo sacramento do Batismo -, para não dar aos judeus ocasião de caluniá-lo, e para nos ensinar a circuncisão do coração. Dela, é dito aos romanos: "A circuncisão do coração está no espírito, não na letra; e o seu louvor não vem dos homens, mas de Deus" (Rom 2, 29).
3. "Consumados os oito dias." Veremos o que significam estas três coisas: o oitavo dia, o menino, e a sua circuncisão. Os sete dias são aqueles nos quais se passa a nossa vida, aos quais se sucede o oitavo, da ressurreição geral. Dele fala o Eclesiastes XI: "Dá a sétima parte, e também oito; porque ignoras qual seja o futuro mal sobre a terra" (Eccle 11, 2). Como se dissesse: Dá a parte de sete dias da tua vida às boas obras, porque, por ela, receberás a recompensa na oitava da ressurreição; na qual, sobre a terra, isto é, aos terrenos, que amam a terra, tanto é o futuro mal, que é ignorado por todo homem.
Então será limpada a eira, os grãos serão separados das palhas, as ovelhas serão separadas dos cabritos (cf. Mt 3, 12; 25, 32; Lc 3, 17). A limpeza da eira é o rigor do juízo final; o grão é o justo, a ser posto no celeiro celeste. Por isso diz Jó V: "Entrarás em abundância no sepulcro, como o trigo que é colhido no seu tempo" (Job 5, 26). O sepulcro é a vida eterna, na qual os justos se esconderão da perturbação dos demônios, como quem se esconde, no sepulcro, do olhar dos homens, na qual entrará na abundância das boas obras. As palhas, porém, que são os soberbos, leves e instáveis, serão queimadas no fogo, e delas fala Jó XXI: "Serão como a palha ao vento, e como as cinzas que o turbilhão espalha" (Job 21, 18). Os cordeiros ou ovelhas, isto é, os humildes e inocentes, serão postos à direita de Cristo, e deles fala Isaías XL: "Como o pastor apascenta o seu rebanho, reunirá no seu braço os cordeiros, e os levantará ao seu seio; ele carregará as ovelhas prenhas" (Is 40, 11).
4. Perceba-se que, nestas quatro palavras: "apascenta, congregará, levantará, carregará", podem ser referidos os quatro dotes dos corpos, a saber, claridade, imortalidade, agilidade e sutileza, que os justos terão na oitava da ressurreição. "Apascenta" pela claridade, por isso diz o Eclesiastes XI: "Doce é a luz, e deleitável é para os olhos ver o sol" (Eccle 11, 7), e da qual se diz: Os justos refulgirão como o sol no reino de Deus (cf. Mt 13, 43). Se até este olho corruptível se deleita na falsa brancura do corpo miserável, quão grande deverá ser aquela deleitação no esplendor verdadeiro do corpo glorificado? "Congregará" pela imortalidade: a morte desagrega; a imortalidade congrega. "Levantará" pela agilidade: o que é ágil é facilmente elevado. "Carregará" pela sutileza; porque o sutil é levemente carregado.
Os cabritos, porém, isto é, os luxuriosos, serão suspensos pelos pés nas lanças do inferno. Por isso o Senhor condena as vacas gordas, isto é, os prelados da Igreja soberbos e luxuriosos, em Amós IV: "Eis que chegarão para vós dias, em que sereis levadas" pelos demônios "às lanças, e o que restar de vós, para o óleo fervente. Saireis pelas brechas, uma diante da outra, e sereis lançadas no Hermon" (Am 4, 2-3), que quer dizer anátema, porque os anatematizados e malditos pela Igreja triunfante irão para o suplício eterno.
Tudo isso, ou seja, a glória ou a pena, será dado a cada um, na oitava da ressurreição, em retribuição pelo que fez na semana desta vida. Dela se fala no Gênesis XXIX: "Jacó serviu por causa de Raquel por sete anos, e lhe pareceram poucos dias, por causa da grandeza do seu amor" (Gen 29, 20). "Porque ela era bonita de face, e de aparência atraente" (Gen 29, 17). E um pouco depois, segue-se: "E passada a semana, tomou Raquel por esposa" (Gen 29, 28). Diz, ainda, no mesmo livro XXXI: "Dia e noite, suportava o calor e o gelo; e não entregava meus olhos ao sono" (Gen 31, 40). Ó amor da beleza! Ó beleza do amor! Ó glória da ressurreição, quanto fazes o homem suportar, para chegar às tuas núpcias! O justo serve todo o setenário da sua vida na vileza do corpo e humildade da alma: suporta, de dia, quando brilha a prosperidade, o calor da vanglória; de noite, a adversidade, e o gelo da tentação diabólica. E assim foge o sono dos seus olhos, porque, dentro, tem uma luta, e fora, temores (cf. 2Cor 7, 5). Teme o mundo, é combatido por si mesmo; e, mesmo entre tantos males, seus dias parecem poucos, pela grandeza do amor. Porque nada é difícil para quem ama. Ó Jacó, rogo-te, porta-te pacientemente, suporta pacientemente, porque, terminada a semana da presente miséria, obterás as desejadas núpcias da gloriosa ressurreição, na qual serás circuncidado de todo trabalho e servidão da corrupção.
5. Por isso é dito: "Consumados os oito dias para que o menino fosse circuncidado". Diz menino, e não velho. Procura no sermão do natal (In Nativitate Domini, IV) quem é esse menino. Naquela ressurreição, todo eleito será circuncidado, porque ressurgirá para a glória, como diz Isidoro, sem nenhum vício, sem nenhuma deformidade. Longe estará toda fraqueza, toda lentidão, toda corrupção, toda pobreza, e tudo o que não convém ao reino daquele sumo rei, no qual os filhos da ressurreição e da promessa serão iguais aos anjos de Deus (cf. Lc 20, 36): então será a verdadeira imortalidade. Em seu primeiro estado, o homem podia não morrer, mas, por causa do pecado, teve a pena denão poder não morrer, e, àquela felicidade, resta a condição de não poder morrer. Então haverá plenamente o livre arbítrio, que foi dado ao primeiro homem assim: poder não pecar; mas ele será mais bem-aventurado quando for tal que não possa pecar. Ó oitava desejável, que assim circuncidas o menino de todo mal!
Traduzido por nós de http://www.santantonio.org/portale/sermones/indice.asp?ln=LT&s=0&c=0&p=0
1º de janeiro - Início do ano civil - Veni Creator Spiritus!
Para lucrar a indulgência plenária, além da repulsa de todo o afeto a qualquer pecado até venial, requerem-se a execução da obra enriquecida da indulgência e o cumprimento das três condições seguintes: confissão sacramental, comunhão eucarística, e oração nas intenções do Sumo Pontífice. (Pontos essenciais sobre a doutrina das Indulgências extraídos do "Manual das Indulgências" editado pela Penitenciária Apostólica em 29 de junho de 1968).
Vinde, Espírito Criador, visitai as almas dos Vossos, enchei de graça celestial, os corações que criastes. Sois o Divino Consolador, o dom do Deus Altíssimo, fonte viva, o fogo, a caridade, a unção dos espirituais. Com os Vossos sete dons, sois o dedo da direita de Deus, Solene promessa do Pai, Inspirando nossas palavras. Acendei a luz nos sentidos; insuflai o amor nos corações, amparai na constante virtude a nossa carne enfraquecida. Afastai para longe o inimigo, Trazei-nos prontamente a paz; Assim guiados por Vós Evitaremos todo o mal. Por Vós explicar-se-á o Pai, E conheceremos o Filho; Dai-nos crer sempre em Vós Espírito do Pai e do Filho. Glória ao Pai, Senhor, Ao Filho que ressuscitou Assim como ao Consolador. Por todos os séculos. Amém. V/ Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado. R/ E renovareis a face da terra. Ó Deus, que ilustrastes os corações dos fiéis com as luzes do Espírito Santo, dai-nos, pelo mesmo Espírito, procurar o que é reto, e nos alegrarmos sempre com a sua consolação. Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém. | Veni, Creator Spíritus, mentes tuórum visita, imple supérna grátia, quae tu creásti péctora. Qui díceris Paráclitus, altíssimi donum Dei, fons vivus, ignis, cáritas, et spiritális únctio. Tu septifórmis múnere, dígitus paternae déxterae, tu rite promíssum Patris, sermóne ditans gúttura. Accénde lumen sénsibus; infunde amórem córdibus, infírma nostri córporis virtúte firmans pérpeti. Hostem repéllas lóngius, pacémque dones prótinus; ductóre sic te praevio vitemus omne noxium. Per te sciámus da Patrem, noscamus atque Filium; teque utriúsque Spíritum credamus omni témpore. Deo Patri sit glória, et Fillio, qui a mórtuis surréxit, ac Paráclito, in saeculórum saecula. Amem. V/ Emítte Spíritum tuum, et creabúntur. R/ Et renovábis fáciem terrae. Deus qui corda fidélium Sancti Spíritus illustratióne docuísti: da nobis in eódem Spíritu recta sápere; et de ejus semper consolatióne gaudére. Per Christum dominum nostrum. Amém. |
Sacerdote Eternamente - Parte 19
O pecado original é pouco conhecido; e, freqüentemente, mal conhecido.
Como ele lançou as almas na ignorância, parece que deliberadamente se empenhou em ocultar sua própria malícia, a qual consiste essencialmente em duas coisas:
1) a perda da justiça original;
2) a deterioração da natureza.
Hoje, entretanto, ainda que se admita a perda da justiça original, busca-se não reconhecer que a natureza tenha sido deteriorada.
Este conhecimento assim truncado do pecado original deixa campo livre para uma multidão de erros e em todo caso ele é ineficaz para a salvação, segundo a máxima bem conhecida: Bonum ex integra causa; malum exquocumque defecta (o bem provém de uma causa sem falhas; o mal provém de qualquer falha).
Do fato de não se saber mais, de não mais se querer reconhecer a deterioração da natureza pelo pecado original decorrem as mais funestas conseqüências.
A natureza sente-se orgulhosa de si mesma, não obstante a palavra tão solene do Apóstolo: Quid habes quod non accepisti? Si autem accepisti, quid gloriaris quasi non acceperis? (O que tens que não tenhas recebido? E, se recebeste, por que te glorias, como se não tivesses recebido? — 1 Cor 4,7).
Deixando de perceber seu próprio mal, a natureza é levada a abusar dos bens que lhe foram dados, empregando-os como arma contra Deus; e, assim, produz em si própria novas chagas.
Ela possui razão, liberdade e os sentidos, mas de tudo abusa. Sua revolta insolente contra Deus precipitou-a no naturalismo; e por uma série de conseqüências inevitáveis, a razão caiu no racionalismo, a liberdade no liberalismo e os sentidos no sensualismo.
Depois de todas essas incursões espantosas no domínio do mal, a natureza, ainda insatisfeita, voltou-se contra o próprio Salvador, negando Sua divindade e negando Sua humanidade. Negou Sua graça. Negou Sua Igreja. Negou tudo. E depois disse de si própria, tal como a Babilônia de outrora: Ego sum, et nom est praeter me amplius (Eu sou, e somente eu sou — Is 47,8).
O mal não é tão grave assim em todas almas; mas nos próprios fiéis as verdades foram singularmente diminuídas. Há para eles um naturalismo atenuado que não pretende ser erigido em dogma, mas que se contenta perfeitamente em ser aceito como doutrina prática. Há um racionalismo mitigado que não condena a fé, mas que comumente se reserva o direito de julgá-la; há também um liberalismo católico; e se ainda não se ousou falar em sensualismo católico, somos entretanto obrigados a convir que o sensualismo se instalou em muitas almas católicas de tal sorte que a vida sensual chegou a extinguir nelas o conhecimento da mortificação cristã, sem a qual porém, segundo o testemunho do Apóstolo, não se vive na presença de Deus: Si secundum carnem vixeritis moriemini; si autem spiritu facta carnis mortificaveritis, vivetis (Se viverdes segundo a carne, morrereis; mas se, pelo espírito, fizerdes morrer as obras da carne, vivereis — Rom 8,13).
Deve-se notar aqui um ponto capital a respeito do qual o naturalismo falseou singularmente as idéias, mesmo dos bons. Estudando os Autores que até os séculos XV ou XVI trataram da graça e cotejando-os com os autores modernos, pode-se notar entre eles uma diferença considerável.
Os primeiros reconhecem a graça salvífica do Redentor, sua gratuidade, sua eficácia.
Hoje, a eficácia da graça é freqüentemente atribuída à vontade da criatura; outrora, ela era considerada como um dom da própria graça.
É de se afirmar que os homens de nossos dias, mesmo os cristãos, não estão aptos para ler o tratado de São Bernardo - De gratia et libero arbitrio - sem se pasmar ou mesmo talvez sem se escandalizar. Pois não é que o padre Rohrbacher chegou a escrever que São Bernardo não soube estabelecer distinção entre a natureza e a graça? Ó pigmeu do século XIX, dissestes isso de São Bernardo; e até de Santo Agostinho dissestes coisa semelhante!
Como os homens sem grandeza dos tempos presentes não possuem sobre a graça os sentimentos que lhe devotaram os antigos, conseqüentemente não consideram mais neces-sário rezar para pedi-la, obtê-la e conservá-la. O que é hoje a oração? Onde estão as almas que rezam? Não é verdade que a oração da maioria dos cristãos consiste apenas na recitação de fórmulas? Como estão longe do cristianismo de Nosso Senhor e de seus Apóstolos, o qual é espírito e vida!