18 de junho de 2011

AMAR MARIA (IV)

Recordação e Devoção à Maria

1) Maria é amiga da pobreza, o caminho da humildade, o modelo da paciência e da perfeição em tudo. Desde o nascimento de Jesus levou uma vida muito pobre e, até a morte dele na cruz, foi sempre paciente. É doce segui-la, é justo honrá-la com humilde e devota homenagem; deve-se pensar cada dia no que se pode oferecer-lhe dignamente em sinal de gratidão e amor.

2) Seguramente queiras desfrutar o céu com Maria, mas tens que suportar de boa vontade com Maria também a pobreza e o desprezo na terra. Reflita sobre seus humildes costumes e sua virginal reserva com as amigas; refreia tuas leviandades e fuja do alvoroço. Não ofendas a Jesus e Maria com discursos frívolos e com ações indignas, porque não é assunto de pouca monta ofender a amigos tão queridos. Eles estão ao teu lado em tudo o que fizeres; e, na medida do empenho com que te esforças em emendar-te, acudirão ao teu encontro com auxílio. Sua prudência é superior à tua malícia e sua benignidade te conduzirá à penitência.

3) Se reconheces teus erros, mude sua vida para melhorá-la; persevera no bem e dá devotamente graças a Deus por seus dons. Fez outro tanto a Bem-aventurada Virgem Maria, culminada do Espírito Santo, quando gestava a Jesus em seu ventre. A exemplo de sua mansidão, aprende a suportar com paciência as cruzes que encontres, submetendo-te à vontade de Deus, tal como Ele o estabeleceu desde toda eternidade. Jesus será tua força e Maria tua fidelíssima Mãe, se te comportas como filho dócil e como servo devoto, sempre disposto a fazer o bem. Queres praticar o que agrada à Virgem Bem-aventurada? “Seja humilde, paciente, sóbrio, casto e pudico; fervoroso, manso, profundamente devoto, sejam raras tuas saídas, lê e escreva, porém com mais freqüência roga.”

4) Que o serviço a Maria nunca te pareça longo nem pesado, porque servir com o coração e com a palavra à semelhante Rainha proporciona deleite e alegria. Ademais, te procurará uma notável recompensa por qualquer ato, mesmo que mínimo, que fizeres em sua honra. A humilde Mãe não menospreza as humildes atenções; a piedosa Virgem aceita de bom grado mesmo os modestos obséquios, quando são oferecidos com espontaneidade e devoção. A doce Rainha e Senhora misericordiosa sabe bem que não somos aptos para oferecer-lhe grandes coisas, nem exige de seus pobres servidores atitudes impossíveis. Maria, de cuja indicação obedece o paraíso, não busca nem necessita nossos bens. Ela quer nosso bem, quando busca nosso serviço; deseja nossa salvação, quando nos pede que a louvemos; persegue a ocasião de ajudar-nos, quando nos incita a honrar seu nome, posto que se compraz em renovar a seus servidores. Em suma, é fidelíssima nas promessas e muito generosa nos dons.

5) Maria está culminada de delícias e sempre é alegrada pelos cantos dos anjos; no entanto, desfruta quando os crentes se põem a seu serviço, porque assim se difundem em maior escala a glória de Deus e a salvação para muitos. Comove-se pelas lágrimas dos indigentes; compadece os sofrimentos dos atribulados; socorre nos perigos aos que são tentados, e escuta as orações dos devotos. Se alguém se dirige a ela sem vacilações e com humildade, invocando seu doce e glorioso nome, não se distanciará com as mãos vazias.

6) Conta com numerosos aliados e a obedecem os coros dos anjos, aos que pode mandar em ajuda dos abandonados. Ordena aos demônios para que não se atrevam a tentar nenhum dos que lhe hão pedido auxílio e se puseram sob sua proteção. Os espíritos malignos têm terror à Rainha do céu e empreendem a fuga apenas ouvem seu santo nome, como se fugissem do fogo. Sentem espanto do sagrado e temível nome de Maria, enquanto ele resulta sumamente amável e invocado em todas partes pelos cristãos; não ousam fazer-se visíveis nem exercer seu nefasto poder ali onde sabem que brilha o nome de Maria Santíssima porque, somente ao ouvir este nome, tombam violentamente ao chão, como se caísse um raio do céu e quanto mais freqüentemente se invoca este nome com amor e fervor, tanto mais velozmente e mais longe eles fogem.

7) Por conseguinte, o nome de Maria deve ser venerado e amado por todos os fiéis, preferido pelos religiosos, recomendado pelos leigos, inculcado aos pecadores, sugerido aos enfermos e invocado por todos nos perigos, posto que Maria é a mais próxima de Deus e a mais cara a seu bendito Filho Jesus. É, portanto, onipotente por graça para interceder a favor dos desgraçados filhos de Adão, a fim de que o Senhor possa perdoar-lhes as culpas e socorrê-los nas ocasiões de risco. Se a ocasião se apresenta, Maria não deixará por certo de pronunciar uma boa palavra ao ouvido de seu Filho e de implorar misericórdia pelos necessitados. E, em toda causa confiada a ela, é imediatamente escutada por sua singular dignidade, dado que seu amoroso Filho Jesus, autor da salvação do gênero humano, a honra não negando-lhe nada.

8) Por isso, qualquer fiel e devoto, que deseja evitar os naufrágios do mundo e alcançar a porta da salvação eterna, tem que refugiar-se em Maria, Nossa Senhora, cuja incomensurável bondade é experimentada de modo particular e com maior força pelos desgraçados. Por isto mesmo, é justo esperar dela inclusive os maiores dons. Em realidade, a misericórdia cresceu nela desde a infância. E, por certo, não a abandonou quando subiu ao céu, antes bem, a culminou de si com maior abundância e suavidade, pela qual não poderá jamais esquecer-se de seus pobrezinhos. Mesmo que seja a maior de todos e se encontre imersa em júbilos que a fazem tão feliz, não se esquece jamais de sua humildade, pela que mereceu ser enaltecida acima dos demais. Ela sabe inclinar-se ainda até os mais pequeninos entre seus servidores e é feliz ao ser considerada advogada dos desgraçados e ao ser invocada como Mãe dos órfãos. Amém.

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de Maria nunquam satis"
"sobre Maria nunca se falará o bastante"
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(KEMPIS, Tomás de. Imitación de María: Libro Tercero, Capítulo I. pág. 90 - 95)

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