25 de junho de 2011

SEGUNDO DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES

A Santidade da Igreja

A parábola da Ceia, que um homem rico mandou preparar para os seus amigos, vai indicar-nos a segunda qualidade ou caráter distintivo da Igreja de Jesus Cristo, isto é: a santidade.

Este homem é o próprio Salvador; a sala da Ceia é a Igreja. Todos são convidados por Ele a entrar na sala deste festim e a participar da Ceia ali preparada.

Nesta Ceia espiritual são servidos os meios de sustentar a vida da alma, como numa ceia material são servidos os meios de sustentar as forças do corpo: são, sobretudo, os sacramentos.

Muitos se recusaram a participar desta ceia porque faltava-lhes a virtude exigida para se apresentarem a uma Ceia santa.

Três categorias de viciosos são indicadas pelo divino Mestre: os orgulhosos, os avarentos, os libertinos.

A Ceia deve ser uma reunião santa; podem entrar os pobres; não são admitidos os viciados, pois a santidade exclui necessariamente o vício.

Meditemos hoje está nota: a santidade da Igreja, examinando em que e como esta santidade deve manifestar-se:

1. Em seus membros.
2. Em sua doutrina.

Este segundo característico separa a Igreja verdadeira de todas as seitas humanas e lhe dá uma beleza única neste mundo.

I. Nos membros da Igreja

A santidade é uma marca da Igreja de Jesus Cristo, porque, sendo esta obra de Deus, deve ser santa, como é santo tudo o que sai do Coração de Nosso Senhor.

É Ele, de fato, que instituiu a Igreja, escolhendo doze Apóstolos...
É Ele que estabeleceu a hierarquia que constitui o governo da Igreja...
É Ele que ordenou aos Apóstolos que fossem pregar o Evangelho a todas as criaturas.
É Ele que transmitiu a sua autoridade, seus poderes, sua infalibilidade a Pedro e aos apóstolos.
É Ele que assegurou a estabilidade de sua Igreja até o fim dos séculos.
E' Ele, enfim, que prometeu sempre estar com ela e amá-la sempre.

São Paulo diz: Jesus Cristo amou a Igreja e por ela se entregou a si mesmo para a santificar, purificando-a para que se apresente gloriosa, sem mácula, nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e imaculada (Eph. V. 26, 27)

A santidade é, pois, inerente a esta obra que é inteiramente divina.

O princípio desta santidade está na aspiração de assemelhar-se a Jesus Cristo, conforme o desejo do Salvador: Sede perfeitos como meu Pai celeste é perfeito (Math. V. 48)
.
Tal santidade deve manifestar-se nos membros da Igreja que são: o seu chefe e os seus súditos unidos a este chefe.

Ora, este chefe é Jesus Cristo; é o seu único fundador, como o prova a história e o Evangelho. No berço das seitas religiosas encontra-se sempre um homem... só para a Igreja Católica se encontra o próprio Jesus Cristo.

Depois de Jesus Cristo ter subido ao céu, os chefes visíveis foram os Apóstolos, dirigidos e continuados pelo seu guia, São Pedro.

São Pedro, foi nomeado para esse fim pele próprio Salvador.

Depois dos Apóstolos, os Bispos seus sucessores, sob a autoridade do Papa, sucessor de S. Pedro, continuam a reproduzir a santidade de seu chefe divino.

Dos 263 Papas, de S. Pedro a Pio XII, 86 são canonizados. Os outros têm sido homens de extraordinárias virtudes, contra quem nada podem as calúnias gratuitas dos inimigos da Igreja.

Entre as Igrejas, só a Igreja Católica possui santos entre os seus membros.

Todos os católicos não são santos, é certo, porém sempre há santos entre eles, e isto é o bastante para provar que a Igreja é santa.

Somente a Igreja Católica tem mártires ou almas generosas que dão a sua vida para ficarem fiéis ao Evangelho e ao Papa.

Somente a Igreja Católica tem apóstolos que abandonam a sua família, o bem estar, para, sem interesse material nenhum, levarem até os confins do mundo o Evangelho de Jesus Cristo.

Somente a Igreja Católica tem religiosos ou almas generosas que juntam ao cumprimento da lei de Deus as sublimes virtudes de castidade perfeita, de obediência completa, de pobreza voluntária.

Somente e Igreja Católica tem milagres, que são a afirmação positiva da ação divina em favor da santidade de seus filhos.

Logo, só a Igreja Católica possui a santidade, em seu chefe e em seus membros; ela é, pois, a única Igreja divina.

II. Em sua doutrina

A Igreja Católica é também a única santa em sua doutrina, só ela conserva em toda a sua integridade a doutrina e a moral de Jesus Cristo.

Toda religião consta de uma doutrina (dogma), de uma moral e de um culto.

De fato, basta percorrer os ensinamentos da Igreja para ver que ela adota integralmente todas as verdades ensinadas por Jesus Cristo.

Os inimigos da religião, guiados pela ignorância e pelo vício, podem acusar a Igreja de ter inventado novos dogmas e novos mandamentos, porém nunca poderão provar as suas asserções.

Não há um único ensinamento da Igreja que não tenha a sua raiz e a sua prescrição na Sagrada Escritura; como não se encontra no Evangelho uma única verdade que a Igreja não adote e não proponha aos fiéis.

O fruto da moral divina, diz S. Paulo, é a pratica de toda a espécie de bem. (Eph. V. 9) E esta espécie de bem é o afastamento do pecado e a prática da virtude.

Ora, não há um único vício que a Igreja não reprove e condene; como não há uma única virtude que ela não exalte, nem uma única boa obra que não aconselhe e favoreça.

O culto é a manifestação pública do dogma e da moral e, como tal, forma uma parte essencial da religião.

O objeto deste culto é Deus, fonte de toda a perfeição; a Virgem Maria, ideal de pureza e de virtude, que Deus elevou ao máximo grau de dignidade: o de Mãe de Jesus Cristo; os Santos, modelos admiráveis de virtude.

As formas deste culto são tocantes de simplicidade e de grandeza, harmonizando-se perfeitamente com as aspirações da alma humana. Pode-se, pois, dizer que a Igreja Católica é tão santa em seu culto, como o é em seu dogma e em sua moral.

III. Conclusão

A santidade é, pois, um dos caracteres distintivos da Igreja verdadeira.

Jesus Cristo fundou a sua Igreja, para formar santos: é a sua grande e sublime finalidade.

Se examinássemos qual é a Igreja que produz santos, verificaríamos este fenômeno estranho, que seria o bastante para dissipar qualquer dúvida..

Somente a Igreja Católica produz santos e os produz aos milhares... Santos ilustres, milagrosos, canonizados, e santos desconhecidos, não menos heróicos talvez, mas que Deus não escolheu para serem os luminares de seu tempo.

Quantos Católicos admiráveis que lutam contra as paixões, que vencem o mal e fazem o bem.

Em toda parte, em todos os países, épocas e idades, encontram-se tais homens, porque a Igreja põe em prática todos os meios de santificação estabelecidos por Jesus Cristo.

Ó santa Igreja, os grandes homens te pertencem! Exclamava José de Maistre.

Contemplando a vida do Catolicismo, a exuberância da sua santidade, dezenove séculos depois da partida de seu fundador, podemos exclamar também:

Ó! santa Igreja, os grandes e pequenas santos te pertencem!

EXEMPLOS

1. Os ladrilhos da Catedral

Um professor de história natural, acostumado a tudo examinar nas minúcias com o microscópio, entrou um dia na Catedral de Reims, para examinar a construção e ver, se de fato, era o monumento artístico tão falado no mundo dos artistas.

Percorreu todas as partes do imenso edifício, examinou tudo com o binóculo, desde as abóbadas da entrada até os ladrilhos de mosaico.

Enquanto estava assim examinando tudo, entrou um engenheiro, igualmente atraído pela mundial fama da Catedral. Este parou no fundo da nave central e examinou longamente o conjunto da arquitetura, das colunas, arcos e arquitraves; com o lápis na mão, anotava, calculava e, no fim, sentiu-se como extasiado diante da ousadia e majestade desta arquitetura inimitável.

Enfim, os dois observadores encontraram-se, e logo se reconheceram como estando a fazer um mesmo exame artístico.

O engenheiro não pôde conter-se.

- É admirável! É inimitável! Exclamou em alta voz... Que ousadia de linhas, que força de concepção! E olhava, embevecido, estas maravilhas da arte.

O professor de história natural ficou insensível, e objetou logo: - Não é bonito, não! Há defeitos, falhas! Olhe, lá em cima encontrei seis ladrilhos quebrados e duas janelas sem vidros... é feio isto, a catedral não possui beleza, nem arte.

Custou ao engenheiro fazer compreender ao professor que a arte de um edifício esta no conjunto das linhas, na combinação das partes, e que uns ladrilhos quebrados nada influem no conjunto da obra.

Os inimigos da religião empregam o mesmo método. Olham para a Igreja, examinam uns escândalos locais, bradam que tem havido maus padres, que há abusos, superstições, descobrindo deste modo uns ladrilhos quebrados no imenso edifício da Igreja, e não enxergam a santidade total, universal, que esta Igreja possui e comunica a seus filhos.

Sim, são sombras num quadro artístico... porém, é precisamente tais sombras que fazem sobressair o conjunto da virtude que ali floresce

2. O patrão e o jardineiro

O patrão percorreu o seu vasto jardim em companhia do jardineiro. Encontraram uma macieira carregada de frutos, mas tendo no chão uma dúzia de frutos caídos.

O patrão examinou as maçãs caídas, que estavam bichadas. Indignado, deu ordem ao jardineiro que arrancasse a macieira por ter maçãs bichadas.

- Mas, patrão, exclamou o jardineiro, não é a macieira que está bichada, são apenas umas frutas mordidas por insetos, que amadureceram antes do tempo e caíram. Note, porém, que ao lado de uma dúzia de maçãs caídas, há centenas em condições perfeitas.

Quantos homens, sem espírito de Deus, encontrando um escândalo ou um abuso na Igreja, perpetrado por particulares, acusam logo a Igreja de não prestar.

A culpada não é a Igreja. São certos maus católicos, indignos de pertencer a esta Igreja.

A Igreja é santa, embora não o sejam todos os seus filhos, como a macieira pode ser boa, apesar de todos os seus frutos não serem de primeira qualidade.

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(MARIA, P. Júlio. Comentário Apologético do Evangelho Dominical. O Lutador, 1940, p. 235 – 243)

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