30 de outubro de 2010

VIGÉSIMO TERCEIRO DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES

A filha de Jairo, a hemorroíssa, e a alma pecadora

Domine, filia mea modo defuncta est: sed veni, impone manum tuam super em et vivet – “Senhor, nesta hora acaba de expirar minha filha; mas vem, impõe sobre ela a tua mão, e viverá” (Mat. 9, 18).

Sumário. Meu irmão, se porventura te achares enfermo espiritualmente por causa do pecado, imita a hemorroíssa, da qual nos fala o Evangelho, chega-te a Jesus, na pessoa de seu representante, o sacerdote, no sacramento da penitência. Se, como espero, a consciência não te acusa de pecado grave, imita a confiança de Jairo, e roga ao Senhor faça reviver espiritualmente tantos pecadores teus irmão. Considera, porém, atentamente que não seja daqueles que têm o nome de vivos e estão mortos ou moribundos por causa de sua tibieza.

I. Refere o Evangelho que, “enquanto falava aos judeus, acercou-se um príncipe, e o adorou dizendo: Senhor, nesta hora acaba de falecer minha filha; mas vem, impõe sobre ela tua mão e viverá. E Jesus, levantando-se, o foi seguindo com os seus discípulos. E eis que uma mulher, que havia doze anos padecia um fluxo de sangue, chegou-se por detrás dele e lhe tocou a fimbria do vestido. Porque dizia consigo: Se tocar ao menos o seu vestido, estarei curada. E, voltando-se Jesus e vendo-a, disse: Tem confiança, filha, tua fé te sarou. E ficou sã a mulher desde aquela hora – “Et salva facta est mulier ex illa hora.

Diz Cornélio a Lapide, que tanto a hemorroíssa como a jovem morta são figuras da alma pecadora, a qual Jesus Cristo quer ressuscitar para a vida espiritual e livrar do desregramento da concupiscência, figurado pelo fluxo de sangue. E São Boaventura, refletindo sobre este trecho do Evangelho, dirige-se ao pecador e diz: “Aquela jovem é tua alma, morta há pouco pelo pecado; converte-te já para Deus: Festina conversionem.” – Portanto, meu irmão se porventura tens ofendido a Deus, imita a fé daquela pobre mulher e chega-te a Jesus, na pessoa de seu ministro, no tribunal da penitência. E não tardes em fazê-lo, porque, se fores adiando, virá talvez sobre ti a ira de Deus e te mandará ao inferno (1).

Se, porém, como espero, não tens pecado grave na alma, imita a Jairo, pai da jovem, e roga ao Senhor venha com a sua graça e faça ressuscitar espiritualmente tantos pecadores, teus irmãos. – Considera todavia atentamente não sejas do número daqueles de quem diz São João: “Tem reputação de que vivem, mas estão mortos”, ou quase moribundos por causa de sua tibieza (2).

II. Continua o Evangelista dizendo que “chegado Jesus à casa do príncipe, vendo os músicos e um bando de gente em alarido, disse: Retirai-vos; porque não está morta a menina, mas dorme. E zombavam dele. Tendo saído a gente, entrou Jesus e tomou-a pela mão. E a menina se levantou. E correu esta fama por toda aquela terra.”

Observa, diz São Gregório, que antes de ressuscitar a menina, Jesus manda a gente sair e faz cessar o alarido. Isso nos ensina que para ressurgirmos do pecado ou da tibieza, devemos afastar de nós esse tropel de pensamentos e afetos desordenados, esse tumulto de cuidados terrestres e de conversações supérfluas. – Acrescenta o evangelista São Marcos, que depois da ressurreição da menina, o Senhor a fez andar e ordenou que lhe dessem de comer (3). É o que nós também devemos fazer depois de ressuscitados para a vida da graça. Não devemos ficar parados, senão andar no caminho da perfeição e com este fim alimentar-nos com o Pão dos Anjos. Os santos ensinam unanimemente que não progredir no caminho do Senhor é voltar para trás: In via Domini non progredi retrogredi est.

Ó meu amado Jesus, eu me esqueci de Vós, mas vejo que Vós não Vos esquecestes de mim. Agradeço-Vos as luzes que me comunicais e peço-Vos “queirais absolver-me de todos os meus delitos, para que, por vossa liberalidade, seja livre dos grilhões das culpas que por minha fraqueza contraí.”(4) + Doce coração de Maria, sede minha salvação.

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1. Ecle. 5, 8.
2. Apoc. 3, 1.
3. Marc. 5, 43.
4. Or. Dom. curr.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 225-227.)

23 de outubro de 2010

23 de outubro: Santo Antônio Maria Claret, Bispo e Confessor


Antônio Maria Claret, nascido de pais piedosos e honestos em Sallent, na Espanha, exerceu a arte da tecelagem quando jovem, mas então, chamado ao sacerdócio, tomou primeiro o misnistério paroquial, e depois veio a Roma para que fosse mandado pela Congregação de Propaganda Fidei para missões em terras extrangeiras. Porém, por disposição divina, retornando à Espanha, tornou-se missionário apostólico na Catalunha e Ilhas Fortunatas. Foi escritor de muitos livros bons, e fundador da Congregação dos Filhos do Imaculado Coração de Maria. Prelado da sede arquiepiscopal de São Tiago em Cuba, refulgiu em virtudes de zeloso Pastor; reformou o seminário, promoveu a disciplina e a doutrina dos clérigos, criou obras sociais, fundou um Convento de Monjas do Ensino de Maria Imaculada para a educação das meninas. Enviado afinal a Madri, para ser confessor da Rainha da Espanha e seu conselheiro nas sérias questões eclesiásticas, foi um exímio exemplo de austeridade e de todas as virtudes. No Concíclio Vaticano [Primeiro], defendeu com todas as forças a infalibilidade do Romano Pontífice. Propagou maravilhosamente a devoção ao Santíssimo Sacramento e ao Imaculado Coração de Maria e ao seu Rosário. Por fim, perseguido, refugiou-se, em Fontfroid, na França, onde morreu, no ano de 1870. Glorificado pelos milagres, foi inscrito pelo Papa Pio XI na lista dos Beator, e por Pio XII naquela dos Santos.


"Santo Antônio Maria Claret foi um grande homem, nascido para suscitar contrastes. Humilde de origem e glorioso aos olhos do mundo. Pequeno de corpo, mas gigante de espírito. De aparência modesta, mas capacíssimo para impor respeito, inclusive aos poderosos da terra. De caráter forte, mas de suave doçura de quem conhece as 'artimanhas' da austeridade e da penitência. Sempre na presença de Deus, ainda que em meio à prodigiosa atividade exterior. Caluniado e admirado, festejado e perseguido. E, entre tantas maravilhas, como uma luz suave que o ilumina todo, sua devoção à mãe de Deus." (Pio XII)

Deus, qui beátum Antónium Maríam Confessórem tuum atque Pontíficem, apostólicis virtútibus sublimásti, et per eum novas in Ecclésia clericórum ac vírginum famílias collegísti: concéde, quæsumus; ut, ejus dirigéntibus mónitis ac suffragántibus méritis, animárum salútem quærere júgiter studeámus. Per Dñum.

Deus, que elevaste o Vosso bem-aventurado Confessor e Pontífice Antônio Maria com apostólicas virtudes, e, por ele, congregastes novas famílias de clérigos e de virgens, concedei-nos, Vo-lo pedimos, que, dirigidos pelos seus conselhos e sufragados pelos seus méritos, sejamos zelosos em procurar continuamente a salvação das almas. Por Nosso.

11 de outubro de 2010

11 de outubro: Festa da Maternidade da Bem-Aventurada Virgem Maria

Homilia de São Bernardo Abade
Hom. 1 de Laudibus Virg. Matris

Maria chama seu Filho o Deus e Senhor dos Anjos, dizendo: Filho, por que nos fizeste isso? Qual Anjo ousou fazer isso? Basta-lhes, e o têm em muita estima, que, sendo espíritos em sua condição, pela graça sejam feitos e chamados Anjos, como o atesta Davi: Que faz dos espíritos seus Anjos. Maria, porém, reconhecendo-Se Mãe, com confiança chama de filho aquela majestade que eles servem com reverência, porque Deus, tendo- Se dignado sê-lo de fato, não desdenha ser assim chamado. Um pouco adiante, pois, diz o Evangelista: E Ele lhes era submisso. Quem e a quem? Deus a homens; Deus, é certo, ao Qual os Anjos se submetem, que obedecem os Principados e Potestades, era submisso a Maria.

Admira as duas coisas, e escolhe qual das duas é mais maravilhosa: se a benigníssima condescendência do Filho, ou a excelentíssima dignidade da Mãe. Ambas nos estupefazem, e ambas são milagres. Que Deus obedeça uma mulher, é humildade ímpar; que uma mulher reja Deus, uma elevação incomparável. Em louvor às virgens, canta-se, particularmente, que seguem o Cordeiro por onde quer que Ele vá. De que louvor, portanto, é digna Aquela que até vai diante d'Ele? Aprende, ó homem, a obedeceres! Aprende, ó terra, a te submeteres! Aprende, ó pó, a seres submisso! O Evangelista, falando de teu Criador, disse : "E Ele lhes era submisso". E não há dúvida de que isso nos evidencia que Deus era submisso a Maria e José. Que vergonha para ti, ó ser de pó e cinzas! Deus Se abaixou, e tu, ó criatura tirada da terra, te exaltas? Deus Se submeteu ao homem, e tu, sempre tão ávido por te fazer senhor dos homens, ousas desmandar teu próprio Criador?

Feliz de Maria, à qual não faltou a humildade nem a virgindade! E que virgindade especiosa, da qual não se furtou, mas a honrou, a fecundidade. E não menos singular humildade, não diminuída, mas aumentada pela fecunda virgindade. E fecundidade de todo incomparável, acompanhada ao mesmo tempo pela humildade e pela virgindade. Qual dessas prerrogativas não é admirável? Qual não é incomparável? Qual não é especial? É estranho que não se hesite na sua ponderação, escolhendo qual seja digna de tua admiração, isto é, se é mais estupenda a fecundidade numa Virgem, ou a integridade numa Mãe; a sublimidade na prole, e, a par com tanta sublimidade, a humildade. Indubitavelmente, ainda melhor do que cada uma das prerrogativas em particular, são todas elas juntas, e incomparávelmente mais excelente e mais feliz é que tenha recebido todas, do que qualquer uma delas. E o que há de estranho nisso, que Deus, mostrando-Se admirável nos seus Santos, ainda mais admirável Se ostente na sua Mãe? Venerai, portanto, cônjuges, na carne corruptível a integridade da carne; venerai vós, sagradas virgens, a fecundidade na Virgem. E imitai, todos os homens, a humildade da Mãe de Deus.

30 de setembro de 2010

AMARÁS AO SENHOR TEU DEUS

Quatro condições necessárias para cumprir o preceito do amor de Deus

Havendo-se perguntado a Cristo, antes da Paixão, qual era o maior e primeiro mandamento, respondeu: Amarás ao Senhor teu Deus de todo seu coração e de toda a sua alma, e de todo o seu entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. (Mat, XXII, 37).

Verdadeiramente este é o maior mandamento, o mais notável e o mais útil. Nele se cumprem todos os demais; porém para cumpri-lo perfeitamente se requerem quatro condições:

1a) A recordação dos benefícios divinos: pois quanto temos, o corpo, os bens exteriores, tudo o temos de Deus; e portanto é mister que lhe sirvamos com tudo isto e que o amemos com coração perfeito. Com efeito, é muito ingrato recordar os benefícios de alguém e não amá-lo. Recordando Davi os benefícios de Deus, manifestava. Tuas são todas as coisas; temos-te dado as coisas que recebemos de tua mão. Por isso no louvor de Davi diz o Eclesiástico: De todo seu coração louvou ao Senhor, e amou ao Deus que lhe fez (XLVII, 10).

2a) Consideração da excelência divina. Porque maior é Deus que nosso coração. (I Jo. III, 20). Pelo qual, se Lhe servimos de todo o coração e com todas as forças, ainda permanecemos pequenos. Glorificai ao Senhor quanto mais puderes, que ainda sobrepujará... Bendizei ao Senhor, exaltai quanto podeis; porque maior é que todo louvor. (Ecle. XLIII, 32.)

3a) A renúncia às coisas do mundo e da terra. Pois faz grande injúria a Deus o que equipara alguma coisa a Ele. A quem pois, haveis assemelhado a Deus? (Is. XL, 18) Equiparamos as coisas com Deus quando amamos as coisas temporais e corruptíveis juntamente com Deus; porém isto é absolutamente impossível. Portanto se diz: Estreita é a cama, de modo que um dos dois há de cair; e uma manta curta não pode cobrir a um e a outro. (Is. XXVIII, 20.)

4a) É mister evitar todo pecado; porque ninguém pode amar a Deus estando em pecado. Por conseguinte, se vives em pecado, não ama a Deus. Amáva-Lhe o que dizia: Recorda-te, te suplico, de como tenho andado diante de ti com verdade e com coração perfeito. (Is. XXXVIII, 3). E o profeta Elías: Até quando cambaleará por ambos os lados? (III Reg. XVIII, 21.) Assim como o coxo se inclina a um lado e outro, assim também o pecador que umas vezes peca, e outras trata de buscar a Deus. Por isso diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração. (Joel., II, 12) – (In Decalog., c. V.)

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(Tradução do Espanhol - AQUINO, Tomás de - Meditaciones: Entresacadas de sus obras. EMECÉ editores, S.A – Buenos Aires, 1948 - p. 611-612.)

XV DE AGOSTO

Festa da Assunção de Maria Santíssima

Astitit regina a dextris tuis, in vestitu deaurato, circumdata varietate – “Apresentou-se a rainha à tua direita com manto de ouro, cercada de variedade” (Sal. 44, 10).

Sumário. Maria morre, e acompanhada de inúmeros espíritos celestiais de seu próprio Filho, entra no céu em alma e corpo, Deus abraça-a, abençoa-a e fá-la Rainha do universo, elevando-a acima de todos os anjos e santos. Regozijemo-nos com a divina Mãe, que é também a nossa e avivemos a nossa confiança nela, invocando-a em todas as nossas necessidades. Roguemos-lhe sobretudo que, assim como ela morreu de puro amor a Deus, possamos nós morrer ao menos com contrição dos nossos pecados,

I. Maria morre, mas como? Morre toda desapegada do afeto às criaturas, e morre consumida pelo divino amor, de que o seu santíssimo coração estava sempre todo abrasado. - Ó santa Mãe, ides deixar a terra: não vos esqueçais de nós, pobres peregrinos, que ainda ficamos neste vale de lágrimas, combatidos por tantos inimigos, que desejam a nossa perdição eterna. Pelos merecimentos da vossa preciosa morte, vos suplicamos que nos obtenhais o desapego das coisas terrestres, o perdão dos pecados, o amor de Deus e a santa perseverança. E, quando chegar a hora da nossa morte, assistimos lá do alto do céu, com a vossa intercessão, e alcançai-nos a graça de irmos ao paraíso beijar os vossos pés.

Maria morre; seu preciosíssimo corpo é levado pelos apóstolos á sepultura, guardado pelos anjos durante três dias, e em seguida transportado ao paraíso. Mas a sua alma formosa, apenas saiu do corpo, entra na beatitude eterna, acompanhada de inúmeros anjos e do seu próprio Filho. - Já no céu, a humilde Virgem apresenta-se a Deus, adora-o e com afeto imenso lhe agradece todas as graças que lhe foram dispensadas. Deus abraça-a, abençoa-a e fá-la Rainha do universo, exaltando-a acima de todos os anjos e santos: Exaltata est sancta Dei Genitrix super choros angelorum ad coelestia regna.

Se, no dizer do Apóstolo, a inteligência humana não pode compreender a glória imensa que Deus preparou no céu para os seus servos que o amaram na terra; quão grande não será a glória que ele concedeu à sua santíssima Mãe, que em terra o amou mais do que todos os santos e anjos, e o amou com todas as suas forças? De modo que, chegando ao céu, pôde dizer a Deus: Senhor, se não Vos amei tanto como mereceis, ao menos Vos amei quanto pude.

II. Alegremo-nos com Maria pela glória a que Deus a sublimou; mas alegremo-nos também por nossa causa, porquanto, ao mesmo tempo que Maria foi elevada à dignidade de Rainha do mundo, foi também feita nossa advogada. Advogada tão piedosa, que se encarrega da defesa de todos os pecadores que a ela se recomendam; e tão poderosa junto do nosso Juiz, que ganha todas as causas.

Ó grande, excelsa e gloriosíssima Senhora, prostrados aos pés do vosso trono, nós vos veneramos deste vale de lágrimas, e nos alegramos pela glória imensa com que vos enriqueceu o Senhor. Agora, que já reinais como Rainha do céu e da terra, ah! não vos esqueçais de nós, vossos pobres servos. Do alto do solio excelso em que reinais, não vos dedigneis de volver os vossos olhos piedosos a nós, miseráveis. Quanto mais vizinha estais da fonte das graças, tanto mais nô-las podeis comunicar. No céu descobris melhor as nossas misérias, portanto é preciso que tenhais compaixão de nós e mais nos socorrais.

Ah, Mãe dulcíssima, Mãe amabilíssima! os vossos altares estão cercados de muita gente, que vos pede, este para ser curado de alguma enfermidade, aquele para ser provido nas suas necessidades; um vos pede uma boa colheita, outro, a vitória de uma demanda. Nós vos pedimos graças mais agradáveis ao vosso coração: alcançai-nos a humildade, o desapego da terra, a resignação com a vontade divina. Impetrai-nos o santo temor de Deus, uma boa morte, o céu. Numa palavra, mudai-nos de pecadores em santos e fazei que, depois de termos sido cá na terra os vossos fiéis servos, possamos um dia ir gozar da vossa presença no céu.

“E Vós, ó Senhor, perdoai os crimes dos vossos servos: para que, já que não podemos agradar-Vos com as nossas obras, sejamos salvos pela intercessão da Mãe de vosso Filho e Senhor nosso”. (1) Fazei-o pelo amor de Jesus Cristo.

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1. Or. festi.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 347-350.)